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Daniela Vitti
Engenheira agrônoma, doutora em Ciências e coordenadora Técnica Bio Soja
O feijão (Phaseolusvulgaris L.) é um dos componentes básicos na dieta da população brasileira, principalmente a de baixa renda, como fonte proteica, apresentando em sua composição quatro aminoácidos sulfurados, a metionina, cistina, cisteÃna e taurina, sendo inclusive dois essenciais, a metionina e a cistina, ou seja, somente sintetizados pelo vegetal.
A deficiência destes dois aminoácidos em regiões do globo que têm como alimento principal o arroz (Ásia), sorgo e milheto (África), tem levado à morte e diminuição da longevidade dos seres humanos. Também leva à ocorrência de escorbuto, hemorragias por não coagulação do sangue, não retenção do feto e cegueira noturna, entre outras. O Brasil tem o privilégio de ter em sua dieta proteica o feijão associado principalmente ao arroz, sendo o maior produtor mundial desta Fabaceae.
No Brasil são cultivadas três safras da cultura, 1ª safra (plantio de agosto a dezembro), 2ª safra (janeiro a junho) e 3ª safra (março a junho), sendo esta necessariamente irrigada, e atingindo as maiores produtividades.
A importância do cálcio para o feijoeiro
Os solos de Cerrado, em sua maioria, apresentam avançado intemperismo e são pobres em nutrientes, exigindo constante correção para que se mantenham produtivos. Uma ferramenta utilizada para alcançar maiores produções é a aplicação de nutrientes à disposição da planta em tempo e local adequados.
Segundo a Embrapa, as deficiências de cálcio no feijoeiro são observadas em cultivos realizados em solos arenosos ácidos, em solos turfosos e orgânicos, nos alcalinos ou sódicos e naqueles com elevado teor de alumÃnio trocável e baixo cálcio trocável.
Na escassez do cálcio
A deficiência de cálcio provoca redução do crescimento, pouca ramificação, deformações nas pontas da planta e folhagem verde. Os sintomas aparecem primeiro e são mais severos nas folhas mais jovens. Em caso de deficiência severa, ocorrem lesões necróticas amarronzadas nos brotos e a planta pode morrer antes do florescimento.
A deficiência de cálcio pode ser evitada pela aplicação de calcário. Também a aplicação de cálcio no sulco de plantio, nutriente envolvido com estímulo do crescimento do sistema radicular, será importante nos primeiros dias de germinação, e vai funcionar como complemento de correção prévia feita pela operação de calagem.
Resultados de campo
A aplicação de NHT Cálcio Max no sulco de plantio proporcionou aumento de mais de 15% na produtividade do feijoeiro cv. Pérola, conforme Figura 1.
Figura 1. Efeito do NHT Cálcio Máx aplicado no sulco de plantio na produtividade do feijoeiro irrigado (Pérola). MunicÃpio de Unaà (MG)
Além da indução do crescimento da raiz, o cálcio também contribui para uma maior atividade das bactérias fixadoras de N, funcionando como um indutor, ou seja, transporta o molibdênio de forma mais rápida para que ele não falte e não prejudique o processo de simbiose entre os rizóbios e a planta.
O efeito no aumento do pH e na concentração do fósforo também pode ser percebido nas regiões próximas às raízes, até 30 dias após a aplicação. O uso de carbonato de cálcio nanoparticulado no sulco de plantio do feijoeiro é uma prática efetiva que aumenta a produtividade desta cultura.