Segundo o modelo do Noaa (Administração Americana do Oceano e Atmosfera), nos meses de junho, julho e agosto, se mantém o resfriamento. Já para outubro, novembro e dezembro, a previsão é de ocorrer uma diminuição no resfriamento, e de novembro a janeiro de 2023, acontece a anomalia negativa, onde o fenômeno diminui a sua intensidade. “O produtor deve estar sempre se atualizando com relação aos prognósticos. Se mantendo as projeções, para a cultura do arroz, o volume hídrico será melhor que do ano passado, porém nos meses de janeiro e fevereiro poderá haver problema no enchimento de grãos e na colheita. Para a soja é mais favorável, se permanecerem essas projeções”, alertou o meteorologista da Field Crops.
Previsão
A previsão de chuva para o mês de junho é entre 100 a 130 milímetros, julho de 50 a 80 milímetros, agosto de 100 a 150 milímetros, setembro de 80 a 100 milímetros e outubro e novembro uma média de 180 milímetros. “Se mantendo as chuvas de junho a agosto, a previsão é que de 80% a 90% será suficiente para encher as barragens”, destacou o especialista.
Para o produtor rural Geovano Parcianello, estas são informações de extrema importância para o melhor planejamento da safra. “Precisamos ser preventivos para termos mais efetividade, pensando no menor custo para o preparo da área, compra dos insumos, proporcional ao manancial hídrico”, alertou o agrônomo e diretor técnico da Associação dos Arrozeiros de Alegrete.
A necessidade de exportar o excedente do arroz foi o caminho apontado por analistas do segmento para a sobrevivência e a saúde da lavoura arrozeira. Este foi o tema do segundo painel da noite, que versou sobre a exportação. Os orizicultores obtiveram informações precisas a respeito da rotina da exportação, principais países competidores e também sobre um assunto pertinente que foi a preocupação a respeito da gestão dos negócios. “Temos o excedente de 10% e só exportamos na oportunidade. Este cenário deve mudar e o produtor se conscientizar que não é somente nos melhores momentos para esta ação acontecer. Tem que ser no momento em que o mercado externo tem a necessidade”, apontou Guilherme Gadret da Silva, diretor da empresa Expoente, que há 26 anos trabalha com exportação. “Exportar é valorizar o produto que fica”, salientou.
Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, este é um caminho sem volta para também os orizicultores serem profissionais neste quesito e uma forma de regular o preço no mercado interno. O dirigente apresentou o trabalho da entidade com relação à abertura de mercado, como o México. “Temos a necessidade de exportar 1,2 milhão de toneladas até o final do ano para tirar o excedente”. Já segundo Gadret, no painel moderado pelo produtor Caio Nemitz, até o momento foram exportadas 400 mil toneladas de arroz (branco, casca, parboilizado e quebrado). Também foi salientado que um dos gargalos na exportação é a logística e o preço.
Com uma amostragem completa de dados a respeito do mercado de arroz, o economista chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, durante seu painel que foi mediado pelo ex-presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, foi pragmático ao afirmar ao público presente que a exportação é um caminho necessário para a lavoura arrozeira, para haver o equilíbrio do mercado. De maneira geral, o economista mostrou que, mesmo em um ano que iniciou com uma produção e um estoque menores, as exportações continuaram fluindo, apesar de um câmbio desafiador. “Haverá um momento em que as contas terão que se ajustar. No entanto, o custo de produção não para de subir. Esse é um ponto desafiador”, afirmou Antônio da Luz.
Diante deste cenário, também foram apresentados dados da necessidade de diversificar a cultura. “Há dez anos, era estranho falar em soja em áreas de arroz. Hoje, Alegrete, tem 100 hectares e também é uma região sojicultora”, comentou Da Luz, dizendo ainda que o mercado interno está em declínio, com o consumo cada vez mais retraído e a produtividade não para de crescer. Também foram apresentados dados com custos de produção de outras culturas como alternativa aos produtores rurais, como o milho. “Hoje este evento traz este debate e é salutar afirmar que precisamos diminuir a área de arroz e exportar o excedente. Trago também oportunidade desafiadora de plantar milho”, finalizou o economista da Farsul.