Bioestimulante: solo e planta da cebola mais saudáveis

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João Augusto Dourado Loiola

joaoaugustodourado@gmail.com

Andreia Laurindo de Almeida Gomes

andreialaur12@gmail.com

Graduandos em Engenheira Agronômica – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Júlio César Ribeiro

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e consultor

jcragronomo@gmail.com

Foto: Shutterstock

Em plantas de ciclo curto, como a cebola, a germinação e uniformidade do crescimento das plântulas são fatores cruciais para ganho de produtividade e cumprimento da agenda agrícola.

As sementes de cebola geralmente possuem granulometria reduzida, bem como pequenas quantidades de reservas nutritivas. Esses dois fatores são prováveis empecilhos e podem afetar a uniformidade de germinação.

Solução

Os bioestimulantes podem ser utilizados em diversos períodos do ciclo produtivo, como por exemplo, no tratamento de sementes, que visa potencializar o processo de germinação, crescimento e estabelecimento das plântulas, como no caso da cebola.

Bioestimulante é qualquer substância biológica ou sintética, bem como microrganismos, que podem atuar de forma similar a hormônios vegetais, que quando aplicado na planta aumenta a eficiência do processo de germinação, nutricional, tolerância a estresses abióticos e/ou crescimento radicular, aumentando a capacidade de absorção de nutrientes e água e, consequentemente, o desenvolvimento das plantas.

Essas moléculas, em função da sua composição, concentração de princípio ativo e proporções das substâncias, podem, assim, incrementar a produtividade da cebola por meio da potencialização da divisão e alongamento celular.

Quando aplicados em sementes, causam efeito fitotônico, proporcionando maior taxa de germinação, crescimento e desenvolvimento das plântulas por meio do melhor equilíbrio hormonal, estimulando o desenvolvimento radicular.

Quem são eles

Diversas moléculas são classificadas como bioestimulantes, como por exemplo, os ácidos húmicos, fúlvicos e huminas provenientes da humificação da matéria orgânica. Essas moléculas são capazes de estimular processos metabólicos e alterar processos bioquímicos, resultando em diversos processos fisiológicos ligados ao crescimento e desenvolvimento das plantas.

Reflexos para o solo

Os solos brasileiros, em sua maioria, são ácidos, ricos em ferro e alumínio, bem como com baixa capacidade de troca catiônica, ou seja, são altamente intemperizados e pobres em nutrientes.

Desta forma, em todo e qualquer sistema agrícola brasileiro o solo precisa de cuidados especiais para proporcionar altas produtividades. Sendo assim, o manejo da fertilidade do solo, como correção da acidez, e teores de macro e micronutrientes, devem ser realizados visando alcançar as produtividades esperadas.

O manejo da matéria orgânica nesses solos é fundamental para que os bioestimulantes, quando aplicados, tenham adequada eficiência, proporcionando uma melhor qualidade do sistema solo-planta. A qualidade do solo, de maneira geral, envolve aspectos físicos, químicos e biológicos equilibrados para que se obtenha sucesso no cultivo, e consequentemente na produtividade da lavoura.

Recomendações

A legislação brasileira não tem uma definição concreta sobre o termo bioestimulante, desta forma, considera diversos produtos que são bioestimulantes, como fertilizantes minerais, orgânicos ou organominerais, dentre outros.

O bokashi, por exemplo, que é um insumo natural, pode ser considerado um bioestimulante, uma vez que é um composto fermentado com alto teor de microrganismos. O bokashi, além de fornecer nutrientes, estimula e aumenta a fauna e a flora do solo, possibilitando um ambiente favorável para minhocas, gongolos, bactérias e fungos benéficos no solo.

Benefícios

O uso de bokashi proporciona o fornecimento de fitohormônios, como as auxinas, citocininas e giberelinas, que são capazes de ativar rotas metabólicas, impulsionando a divisão e o aumento de diferenciação celular, ou seja, favorecem o crescimento radicular.

Os bioestimulantes produzidos a partir de fermentação são ricos em carboidratos, lipídeos, aminoácidos, peptídeos e proteínas, dentre outros, que estão dispersos na fração coloidal e atuam de forma positiva sobre o metabolismo secundário das plantas. 

 Ácidos húmicos também podem ser utilizados como bioestimulantes, podendo sua aplicação ser realizada tanto na forma foliar como por meio de fertirrigação. Ao serem aplicados no solo, os ácidos húmicos irão influenciar positivamente em sua estrutura física, química e microbiológica, assim como no metabolismo e no crescimento das plantas.

O uso de ácidos húmicos como bioestimulantes tem demonstrado aumento significativo na produtividade em cebola irrigada, bem como eficácia no aumento do enraizamento inicial e no crescimento dos bulbos.

Custo-benefício

Bioestimulantes apresentam uma boa relação custo-benefício para o produtor em função das melhorias nas características químicas, físicas e biológicas do solo, além de proporcionar melhor equilíbrio nutricional das plantas de cebola, o que possibilitará boa produtividade e rentabilidade.

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