Anderson Santos Caldas
Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
andersoncaldas.facu13@gmail.com
Bianca Cavalcante da Silva
Mestre em Agronomia/Ciência do Solo – Unesp
alicebiacs@gmail.com
Thiago Feliph Silva Fernandes
Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP
thiago.feliph@unesp.br
A poda da mangueira consiste na eliminação de parte dos ramos vegetativos e/ou reprodutivos da planta, com o objetivo de melhorar a produtividade e qualidade dos frutos, bem como manter a arquitetura da planta, o espaçamento do pomar e promover o equilíbrio entre o sistema radicular e a parte aérea, regulando o seu vigor e produção.
Além disso, tem a função de melhorar a aeração e a iluminação da copa, possibilitando a retirada de partes da planta atacadas por pragas e doenças e a programação da colheita para períodos mais favoráveis à comercialização das frutas.
Diferentemente do que se imagina, a poda da mangueira deve ser uma prática realizada de uma a duas vezes ao ano. E entre as podas mais importantes estão a de formação e de produção.
O objetivo das podas de formação é orientar o crescimento dos ramos quanto ao número, distribuição e tamanho das plantas, que deve ser adequado à densidade escolhida para o pomar. Assim, significa formar uma planta com uma arquitetura caracterizada por uma copa com a parte interna aberta e um número adequado de ramos laterais produtivos.
Essas características trazem vantagens, como a maior iluminação e aeração da copa, facilidade nos tratamentos fitossanitários e obtenção de plantas menos vulneráveis aos ventos fortes.
Ainda, a poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível com o método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os tratos culturais do solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio.
Recomendações
As podas de formação devem ser realizadas quando a muda apresentar de 0,80 m a 1,0 m de altura, reduzindo seu tamanho para 0,50 m a 0,60 m (em plantios adensados a abertura das primeiras pernadas poderá ser feita a 0,40 m do solo).
Na primeira poda de formação, deve-se levar em conta a altura que se deseja que a copa da planta adulta fique do solo. Outro fator importante é que o ponto de corte na poda de formação deve ser sempre 2,0 cm acima do internódio (ou nó).
Desta maneira, haverá a brotação de novos ramos mais ou menos no mesmo ponto de inserção. As podas de formação subsequentes devem ser realizadas sempre que houver um segundo lançamento do ramo. Assim, assumindo-se três brotações por cada ramo podado, a planta terá 243 ramos após a quinta poda.
O mesmo procedimento é feito até a quarta poda, onde a partir desta (quinta poda) o corte será feito acima do nó, selecionando-se os ramos da planta para a reprodução. Essa fase da planta é atingida entre 2,5 e 3,0 anos de idade.
Já a poda de produção, também chamada de poda anual, consiste em um conjunto de podas, sendo elas a poda de limpeza, poda de levantamento de copa, podas laterais, poda do topo, poda de abertura central e poda de equilíbrio.
Poda específica
A poda de limpeza consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada rigorosamente, uma vez ao ano e tem como objetivos: eliminar material doente ou infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no ano seguinte, além de material bem localizado em relação à exposição ao sol (necessário para o amadurecimento das gemas e para o colorido dos frutos), como também dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos manejos.
Tal poda deve ser sempre realizada após a colheita para remoção dos pedúnculos dos frutos colhidos. Essa é uma boa época para corrigir eventual descontrole no tamanho da planta. É muito importante porque ela oferece a chance de se viabilizar um manejo sincronizado da mangueira. Aqui também se procede à retirada de frutos malformados.
No caso das podas de levantamento de copa, consistem na retirada dos ramos vegetativos próximos do solo, deixando a copa entre 0,50 e 1,00 m de altura. Essa operação auxilia no controle de ervas daninhas, facilita a aplicação de cobertura morta, melhora a distribuição da água de irrigação e evita que os frutos dos ramos mais baixos entrem em contato com o solo.
Já as podas laterais têm a finalidade de manter um espaçamento entre as fileiras de plantas, permitindo a passagem de tratores e implementos para efetuar as pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento de 8,0 m x 5,0 m deve ter uma rua com largura de 3,6 m (45%).
Podas da copa
Temos também a poda do topo ou superior da copa, que tem o objetivo de manter uma altura estável da planta, geralmente entre 4,0 a 5,0 m. E a poda de abertura de copa, que deve ser realizada para a retirada de ramos no centro da copa que estejam aumentando muito o seu sombreamento interno.
Esta poda deve ser realizada de maneira que a copa da planta atinja o formato de taça. Segunda a Embrapa (2010), normalmente considera-se como ideal uma altura máxima igual a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0 m x 5,0 m, a altura máxima da planta deve ser de 4,4 m (55%).
Outra poda que deve ser adotada na cultura da manga é a poda de abertura central da copa, também conhecida como poda central de iluminação, que consiste na eliminação de ramos localizados no centro da copa ou ramos bem desenvolvidos, com crescimento vertical, os quais dificilmente produzem frutos.
Essa poda é feita para aumentar a luminosidade e a aeração no interior da copa, favorecendo a emissão de inflorescências dos ramos interiores, além de melhorar a coloração dos frutos. Eliminam-se ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação na parte interna da copa.
Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte direcionada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a poda, para se evitar rachaduras provocadas pelo sol.
Tudo em equilíbrio
Além das já citadas, temos a poda de equilíbrio, que é utilizada em plantas que já estabilizaram a produção, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem.
A estreita relação entre o incremento da folhagem e a produção de frutos, nos primeiros anos da mangueira, vai se modificando com os anos até o ponto em que os novos incrementos da folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos, podendo até comprometê-la. Essas perdas da eficiência produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da folhagem.
No primeiro ano, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a adequada aeração e iluminação (na abertura central da copa, normalmente, esta prática já é feita). O momento mais adequado para esta prática é também imediatamente após a colheita dos frutos.
A vegetação dos ramos e os brotos de folhas jovens, que normalmente contêm de três a cinco folhas, também devem ser raleados até ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre quatro e cinco meses antes da floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do desenvolvimento da copa das árvores.
Próximo passo
Após cada planta podada, as ferramentas utilizadas devem ser desinfetadas com água sanitária, para evitar a disseminação de doenças. E a intensidade da poda não deve ser a mesma durante o ano, sendo realizada em função da época em que será feita a indução floral.
A poda mais severa da mangueira não deve ser praticada quando se deseja a floração da planta fora do período normal, e que coincide com a ocorrência de altas temperaturas e altos índices de precipitação pluvial. Nessa época, são recomendadas podas menos severas e, ainda, aguardar a emissão de dois a três fluxos vegetativos, antes de se aplicar o retardante vegetal para o início do manejo da produção da mangueira.