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Tiago Henrique Costa Silva
Engenheiro agrônomo especializado em hortaliças
Guilherme Guimarães
Gerente técnico e de Regulamentação Federal da Andef
Basicamente, os fertilizantes especiais são produtos elaborados para suprir a necessidade nutricional que não está disponível no solo para a planta. Promove, assim, benefícios na melhora da estrutura fisiológica da planta, permitindo que ela utilize ao máximo seu potencial de absorção de água, luz e nutrientes do ambiente, fazendo com que sofra o mÃnimo de estresse no momento de maior importância, como o início da fase produtiva.
Os fertilizantes especiais têm várias opções de aplicações, quer seja: via solo, foliar, semente, raízes de mudas e toletes. São muitas as vantagens desses produtos para as hortaliças. Com a aplicação deles, ajudamos a planta a ter maior desenvolvimento de raiz, melhor desenvolvimento vegetativo, melhor resistência a ataques de pragas e doenças, maior resistência a estresse hídricos e climatológicos e melhor pegamento de flores e frutos, refletindo em maiores produtividades.
Manejo
Para a recomendação desses produtos, recomenda-se que se conheça, basicamente, o histórico da área onde a cultura está implantada, se realize a análise de folhas na época indicada, seja analisada e interpretada a necessidade de aplicação de nutrientes via folha, observada a análise de solo, que já pode dar uma noção quanto ao que pode faltar de nutrientes mais à frente do ciclo da cultura e, por último, fazer a diagnose visual e excesso de precipitação da área, que pode estar carregando os nutrientes para profundidades do solo, longe do alcance das radicelas da planta.
A influência do clima é um fator muito importante na hora de se aplicar o produto. Por isso, é preciso ficar atento a derivas e temperaturas altas, evitar a mistura de diferentes produtos na calda de aplicação, e ficar atento ao pH da água.
Uma dica importante é iniciar o processo de nutrição da planta desde a análise do solo, afim de que não faltem nutrientes em todo o ciclo da cultura. Porém, posteriormente, se baseando na análise foliar e visual, pode-se realizar a aplicação desses produtos de acordo com o ciclo da cultura, disponibilizando e estimulando a planta a continuar seu desenvolvimento com o mÃnimo de estresse possível.
Registro é fundamental
A Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) ressalta que a maioria das hortifruticulturas tem poucos princípios ativos registrados para controle de pragas e doenças. Atualmente, existe uma enorme pressão dos agricultores para que se registrem mais produtos para as denominadas CSFI (culturas com suporte fitossanitário insuficiente).
De outro lado, as empresas têm procurado colaborar com esse segmento, disponibilizando diversos princípios ativos, mas é preciso mais, para que não ocorram resistências nos usos dos poucos produtos registrados.
Mas, não se esqueça! Qualquer defensivo agrícola somente deve ser utilizado quando necessário e dentro do que é preconizado em rótulo e bula. Aplicado na hora e na forma corretas, o efeito agronômico será o mais efetivo e os resíduos ficarão dentro dos limites aprovados pelo governo. A perda de produção, sem o uso de tecnologias modernas, pode chegar a mais de 40%, em média, da produção.
Igualmente importante é aplicar o produto somente se necessário e, nesse caso, observar dose a ser aplicada, intervalo de segurança, utilizar todos os parâmetros de tecnologia de aplicação (bicos corretos, equipamentos adequados, pressão de aplicação e outros parâmetros constantes em bula), além de usar os equipamentos de proteção individual recomendados na bula do produto.
Aplicando-se de forma correta e observando-se o intervalo de segurança constante na bula, os possÃveis resíduos remanescentes estarão, no máximo, iguais aos resíduos aprovados pelo governo, considerados seguros de acordo com a regulamentação brasileira. Em todas as fases, desde o plantio até a colheita, o agricultor deve observar os equipamentos de proteção individual para cada fase e utilizá-los de forma correta, minimizando a possibilidade de eventual problema físico.
Resultados de campo
Existem muitos estudos cientÃficos e práticos que mostram resultados positivos na produtividade, com o uso de fertilizantes especiais. Além disso, o custo ainda é muito baixo em relação aos benefícios, pois este mercado de foliares e bioestimulantes tem muitas empresas concorrentes, o que acaba por acelerar a competitividade de produtos a custos mais baixos.
Porém, é bom ficar atento a produtos muito baratos, pois muitas empresas estão vendendo um conceito e entregando outro, totalmente diferente. Por outro lado, há empresas sérias, e só resta ao produtor ficar atento aos seus fornecedores, que devem ser idôneos.
É importante, também, o produtor ficar atento a esses produtos, de acordo com sua classificação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Isso porque, por se tratarem de hortaliças e frutas, que são um fruto de consumo direto, é recomendado que o produtor adquira produtos foliares com classificação A, que avalia a pureza do material.
O produto classificado como B tem presença de metais pesados, o que, com certeza, não é bom para o consumidor, além de contaminar o solo.
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Essa matéria você encontra na edição de maio da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua!
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