A pesquisadora Anugrah Shaw, da Universidade de Maryland Eastern Shore, dos Estados Unidos e seu colega brasileiro, Hamilton Ramos, concluem esta semana um importante estudo sobre formas de contaminação e descontaminação de EPI ou vestimentas protetivas agrícolas. Coordenador do programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia), Ramos se dedica há mais de 25 anos a estudos focados na segurança do trabalho rural.
De acordo com o pesquisador, também diretor do Centro de Engenharia e Automação (CEA) do Instituto Agronômico (IAC), de Jundiaí (SP), a pesquisa conjunta tem por objetivo central avaliar o grau de segurança protetiva que os EPI à base de algodão e poliéster, utilizados nas pulverizações de defensivos agrícolas ou agroquímicos, entregam ao aplicador destes produtos.
Outro ponto relevante do estudo, conforme Ramos, diz respeito à destinação a ser dada a esses EPI após o final de sua vida útil ou do prazo de validade. “Saberemos se tais EPI oferecem risco ambiental, bem como se devem ser descartados como lixo comum ou, vencidos, podem ainda ser reutilizados para trabalhos rurais cotidianos, exceto aplicações de defensivos.”
Segundo Ramos, com a presença da pesquisadora Anugrah Shaw no Brasil, os pesquisadores encerram a fase de laboratório do estudo, que determinará ainda em que medida, depois de fixados nos tecidos de algodão e poliéster dos EPI, os pesticidas podem chegar à pele do trabalhador rural ao final da vida útil das roupas protetivas.
Ainda de acordo com Ramos, o laudo final, previsto para ser redigido nos próximos dias, será compartilhado com pesquisadores-membros do Consórcio Internacional de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, formado por representantes da Alemanha, França, Bélgica, do Brasil, dos Estados Unidos e outros países.
O programa IAC-Quepia, coordenado por Hamilton Ramos, resulta de uma parceria entre o setor privado e o CEA-IAC, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Foi criado há 16 anos e, desde então, contribuiu para reduzir reprovações de qualidade de vestimentas agrícolas protetivas produzidas no Brasil, que eram de 80% do montante analisado pelo programa em 2010, para menos de 20% nos dias de hoje.