20.5 C
Uberlândia
sábado, novembro 23, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosTrichoderma: eficiente no controle de doenças

Trichoderma: eficiente no controle de doenças

Divulgação

Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal – Unesp
jsoliveira1@hotmail.com

O Trichoderma spp, é um fungo de vida livre, altamente interativo na raiz e solo, bem como no interior da planta. São considerados saprófitos e têm despertado o interesse científico como agentes de controle biológico e produtores de enzima para uso industrial.

O Trichoderma é, sem dúvida, o agente de controle biológico de doenças de plantas mais estudado e utilizado no Brasil e em outros países da América Latina. As formulações disponíveis no mercado incluem: pó-molhável; grânulos dispersíveis; suspensão concentrada; óleo emulsionável; grãos colonizados e esporos secos.

Trichoderma asperellum, Trichoderma harzianum, Trichoderma stromaticum e Trichoderma viride são as principais espécies do agente de biocontrole comercializadas.

Mecanismos de ação

Para promover o crescimento das plantas e o controle biológico dos patógenos, o Trichoderma tem apresentado vários mecanismos que são importantes para sua competitividade rizosférica, tais como: micoparasitismo, indução de resistência nas plantas, produção de antibióticos, bem como a competição por nutrientes e espaço.

Entretanto, outros mecanismos podem estar relacionados à capacidade de promoção do crescimento e controle biológico pelas espécies de Trichoderma. Por exemplo, a produção de metabólitos voláteis pode ter ação direta na germinação dos conídios dos patógenos e indiretamente, estimular as defesas das plantas.

Os isolados de Trichoderma apresentam também produção de diferentes enzimas, principalmente as relacionadas à degradação da parede celular dos patógenos, e também metabólitos secundários envolvidos na promoção de crescimento e no controle biológico.

Eficiência contra doenças

Os produtos à base de Trichoderma têm sido eficientes na redução da incidência de tombamento de plantas, diminuindo a severidade de doenças ocasionadas por patógenos habitantes do solo, como: Fusarium, Phytophotora, Phythium, Rhizoctonia, Sclerotium e Sclerotinia.

Estas doenças estão entre as principais causas de redução na produtividade das plantas cultivadas em todo o mundo, mas nem sempre recebem a devida atenção, como as doenças foliares.

Elas afetam principalmente as raízes, sendo o seu controle muito difícil, pois os patógenos evoluíram com as plantas por milhões de anos e estão altamente adaptados ao ambiente de solo e às plantas cultivadas.

Alguns deles são capazes de sobreviver por muitos anos no solo, tais como algumas espécies de Fusarium e Verticillium, impossibilitando o cultivo de plantas suscetíveis em algumas regiões do Brasil.

Algumas linhagens de Trichoderma também são recomendadas para o controle de patógenos que causam lesões e podridões em folhas, ramos, caules, frutos e/ou flores, como é o caso de Botrytis cinérea, que causa o mofo-cinzento em morango e plantas ornamentais.

Aplicação

A aplicação do Trichoderma deve ser dirigida aos sulcos de plantio sobre as sementes, sobre o solo ou pela água de irrigação. Esse antagonista reduz as populações dos patógenos e/ou protege as raízes.

O uso de Trichoderma tem proporcionado redução significativa no controle do mofo-branco. Esse antagonista atua como medida preventiva, pois inativa os escleródios que produzirão esporos para infectar o hospedeiro.

Com o uso contínuo do Trichoderma é possível uma redução do número de aplicações de fungicidas químicos e até mesmo sua eliminação.

Aliado

O uso em conjunto de Trichoderma e fósforo irá favorecer a promoção de crescimento das plantas, aumentando assim a possibilidade de saída da janela de suscetibilidade da doença.

Para a maioria das linhagens de Trichoderma comercializadas no Brasil, a temperatura ideal de crescimento é de 25±20ºC; umidade de 60±10%, pH entre 4,5 a 5,5 e concentração de matéria orgânica acima de 2%.

Entretanto, é importante mencionar que as linhagens de Trichoderma são bastante tolerantes às amplas variações em todos esses fatores, podendo atuar mesmo quando as condições não sejam consideradas as mais adequadas.

Assim, cabe às empresas responsáveis pelos bioprodutos, formulados à base de Trichoderma, fornecerem as informações quanto às faixas de tolerância de seus agentes, principalmente em relação à temperatura, umidade e pH, para que o produtor escolha o produto mais apropriado às suas necessidades e consiga obter o resultado desejado.

Crédito: Shutterstock

Direto ao ponto

A aplicação dos produtos comerciais à base de Trichoderma pode ser realizada em sementes ou outros materiais de propagação vegetal; diretamente no solo; em substratos para a produção de mudas; na parte aérea das plantas; em resíduos de culturas ou outros substratos orgânicos; em frutos ou, ainda, nas plantas utilizadas na rotação de culturas.

A produção agrícola está sujeita à infecção por fungos, bactérias, vírus e nematoides, os quais podem reduzir significativamente a produtividade e a qualidade das culturas.

Atualmente, o controle destas doenças é realizado basicamente pela utilização de produtos químicos, no entanto, é crescente no cenário atual a procura por alimentos livres de agroquímicos, o que, de certa forma, é ainda mais acentuado para o setor de hortaliças, visto que são produtos consumidos in natura.

Neste contexto, a ascensão do mercado de produtos naturais e orgânicos segue uma tendência mundial de aumento da demanda por produtos livres de químicos persistentes no meio ambiente, que consequentemente podem causar graves consequências para a saúde humana e para os ecossistemas naturais.

Como consequência da alta demanda por produtos orgânicos, a utilização de produtos biológicos para o controle de patógenos é crescente no cenário atual, o que tem impulsionado a pesquisa por microrganismos agentes de controle biológico.

Resultados comprovados

As espécies de Trichoderma são as mais estudadas e utilizadas para o manejo de fitopatógenos. Isso ocorre por muitos motivos, dentre eles a facilidade com que estes fungos são encontrados e isolados do ambiente, e além disso, devido à facilidade de cultivo in vitro, pois apresentam crescimento rápido em um grande número de substratos, o que facilita os estudos e a produção em grande escala.

Crédito: Embrapa

O mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é uma das doenças de plantas mais importantes das culturas olerícolas, e a aplicação de Trichoderma spp na irrigação por gotejamento em tomateiro para o manejo do mofo-branco reduziu a incidência em cerca de 80%, podendo ser uma ferramenta importante no manejo integrado da doença.

Já a fusariose, ou murcha-do-pepineiro, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cucumerinum, é uma das principais doenças em pepineiro cultivado a campo e em ambiente protegido.

Foram testados diferentes isolados de T. asperellum para o controle da fusariose por meio do tratamento de sementes, em que houve até 46% de controle da doença, enquanto que o tratamento com fungicidas controlou a doença em apenas 28%.

Em condições de casa de vegetação, a capacidade de isolados de Trichoderma spp. no controle de R. solani em alface mostrou redução da incidência do tombamento de plântulas de 86,3%.

Em hortaliças tuberosas, a maior parte dos estudos utilizando Trichoderma spp. para o controle de doenças está direcionada ao manejo de patógenos habitantes de solo. Dentre os patógenos mais importantes para estas culturas, destacam-se Sclerotium cepivorum, Sclerotium rolfsii, F. oxysporum f. sp. cepae e Pythium spp. Na cultura da cenoura, a eficiência da aplicação de Trichoderma sp. já foi comprovada também contra o patógeno Pythium spp.

Em estudos de campo que testaram um tratamento químico mefenoxam na dosagem de 0,5 L ha-1 em duas aplicações, em comparação com tratamento à base de T. viride na dosagem de 5,0 kg ha-1 aplicado na data da semeadura, o agente biológico foi eficaz, impedindo novas infecções por Pythium sp na cultura da cenoura.

Já na cultura do alho, o tratamento com T. harzianum diminuiu o número de plantas infectadas, aumentou a matéria seca de parte aérea e raiz em comparação com a testemunha, e também diminuiu o número de esclerócios produzidos por S. rolfsi.

Na cultura do meloeiro, constatou-se que o principal mecanismo de ação de T. harzianum envolvido na redução da germinação dos clamidósporos de F. oxysporum f. sp. melonis, agente causal da murcha do meloeiro, foi a competição por nutrientes.

Viabilidade

Portanto, a utilização de diferentes composições de espécies de Trichoderma, como biocontrolador de patógenos e/ou bioestimulantes de plantas, é estratégia interessante para um manejo integrado e sustentável na produção agrícola, visto que a adoção desse fungo “probiótico” nos solos e nas plantas proporcionou a redução dos níveis de adubação química, bem como do aporte de defensivos agrícolas.

Dessa forma, esta alternativa sustentável de manejo resulta também em ganhos de produtividade e rentabilidade para a produção agrícola das culturas, em especial das hortaliças.

ARTIGOS RELACIONADOS

Koppert – Mais saúde para o planeta

  Desde o início a Koppert participa da Hortitec, antes com o nome de Itaforte, e há dois anos como Koppert. “A feira, que é...

Bioestimulantes tornam o tomate mais resistente a pragas e doenças

A aplicação de bioestimulantes torna o tomate mais resistente a pragas e doenças, promovendo maior produtividade e qualidade dos frutos.

Pepinos híbridos

Mais produtividade, mais qualidade, mais sucesso no campo.

Ações para evitar Doenças de Final de Ciclo já devem ser iniciadas

Aplicações de biofungicidas no manejo preventivo das culturas protegem a lavoura desde o início e ajudam as plantas a se desenvolverem melhor

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!