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Vira-cabeça e os prejuízos para a batata

O Vira-cabeça é uma praga que causa grandes prejuízos para a cultura da batata, danificando folhas e tubérculos e reduzindo a produtividade da plantação.

Camile Dutra Lourenço Gomes
camile.dutra@unesp.br

Alana Emanoele Pereira
ae.pereira@unesp.br
Engenheiras agrônomas e doutorandas em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP

Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br

Diversas doenças afetam a batateira, sendo as viroses as mais complexas e limitantes no Brasil. Os vírus são os patógenos que mais causam danos à batata, devido à ausência de tratamentos curativos.

As doenças conhecidas popularmente como vira-cabeça, causadas por espécies do gênero Orthotospovirus, são viroses de grande relevância, afetando diferentes espécies de plantas, tais como: alface, pimentão, tomate, pimenta, tabaco e batata.

Na cultura da batata causa prejuízos significativos, como a redução da produtividade, perda de qualidade do produto e aumento dos custos de produção devido ao difícil controle, após instalado na lavoura.

Transmissão

Os orthotospovírus são eficientemente transmitidos de maneira propagativa-circulativa por várias espécies de tripes (Thysanoptera) pertencentes aos gêneros Frankliniella spp. e Thrips spp.

O tripes adquire o vírus na fase larval durante o processo de alimentação em plantas infectadas com vira-cabeça. Após a ingestão das partículas virais, o vírus irá circular e replicar no corpo do vetor, que por sua vez permanecerá infectado por toda sua vida e torna-se, então, apto a transmitir o vírus ao se alimentar de plantas sadias.

Não há relato da transmissão de orthotospovírus de insetos adultos para seus descendentes, através do ovo.

Ocorrência e sintomas

A ocorrência do vira-cabeça é observada na cultura durante os meses mais quentes e secos do ano, onde há um aumento na população de tripes no campo, além da eficiência do vetor no processo de transmissão do vírus.

Surtos epidêmicos de vira-cabeça na batata têm sido registrados em lavouras da região Centro-Sul do Brasil. As condições climáticas de temperaturas elevadas e baixa umidade vêm interferindo significativamente na ocorrência desses surtos, podendo, em muitos casos, resultar em perdas severas na lavoura.

A severidade dos sintomas da doença pode variar de acordo com as condições climáticas, cultivar e idade da planta. Os sintomas se manifestam, inicialmente, na forma de pequenas manchas de coloração marrom escura nos folíolos do ponteiro da planta.

As lesões evoluem e coalescem, resultando em necrose de maior tamanho no limbo foliar, além de necrose do ponteiro da planta. Manchas em forma de anéis, que podem ser cloróticas ou necróticas, podem surgir nas folhas.

Os sintomas serão expressos de forma mais severa e as perdas maiores quando a planta for infectada nos estádios iniciais de desenvolvimento. Sintomas também podem surgir nos tubérculos de plantas infectadas com o vírus, na forma de anéis necróticos na superfície, lesões necróticas no interior, deformações e ocorrência de manchas marrons na polpa.

Os sintomas são semelhantes para as três espécies causadoras do vira-cabeça, não sendo possível fazer uma diagnose segura do agente causal apenas com base na sintomatologia. Para a correta identificação da espécie viral, devem-se utilizar ferramentas moleculares e/ou sorológicas específicas.

Manejo

O controle de orthotospovírus é difícil. Fatores como o amplo número de plantas hospedeiras e a diversidade de espécies, tanto de orthotospovírus que infectam a batata enquanto de tripes vetores, tornam complexo o manejo da doença no campo.

Não existem medidas curativas para o controle do vira-cabeça. As estratégias a serem adotadas baseiam-se na prevenção da doença no campo, como a adoção de um manejo integrado direcionado ao vírus e ao vetor, visando evitar e/ou reduzir a introdução da doença nas áreas produtoras de batata.

O manejo fitossanitário efetivo, visando a alta produtividade e a qualidade do produto, inclui: usar batata-semente livre de patógenos, abrangendo vírus, sendo essencial para uma alta produtividade; não estabelecer plantios próximo de outras batateiras ou solanáceas suscetíveis ao vira-cabeça, pois essas plantas podem servir de reservatório do vírus.

Ainda, realizar o plantio em épocas mais adequadas para multiplicação do lote em função da menor população do vetor; eliminar plantas sintomáticas com viroses ou outras anomalias e plantas infestantes que estejam nas proximidades da lavoura e instalar barreiras de proteção física no entorno da área de cultivo da batata-semente até o momento de plantio, para que não ocorra a presença e o estabelecimento de tripes na área.

E, não menos importante, realizar o monitoramento do tripes, empregando armadilhas adesivas (azuis); não escalonar o plantio e, caso o escalonamento seja inevitável, plantar a segunda lavoura contra a direção principal do vento; realizar o controle dos tripes com aplicação de inseticidas registrados e recomendados para o inseto-praga alvo.

Essas são algumas práticas muito importantes para minimizar as perdas na produção.

Manejo eficiente com defensivos químicos

É importante destacar para o produtor que o controle químico não deve ser a única forma de combate dos tripes e de reduzir a disseminação do vira-cabeça na cultura da batata. Este método deve estar associado às outras medidas de controle mencionadas anteriormente.

O uso de defensivo agrícola é uma das ferramentas mais eficazes no controle de praga, principalmente quando este é utilizado de forma correta. O controle químico deve ser realizado apenas com produtos recomendados para a cultura da batata.

Ainda, é necessário que o produtor faça um programa de rodízio de produtos baseado no modo de ação e no grupo químico, para minimizar a pressão de seleção de populações resistentes aos inseticidas.

Dessa forma, recomenda-se a utilização do mesmo produto (ingrediente ativo) por, no máximo, duas semanas seguidas (tempo de uma geração dos tripes, de ovo ao adulto). Quando se fizerem necessárias novas aplicações, deve-se usar produto com outro grupo químico e com diferente modo de ação.

Pontos fundamentais

Atualmente, a aplicação de inseticidas seletivos e com amplo espectro de ação se tornou um grande aliado do produtor para o controle de pragas e doenças. A escolha correta do produto é fundamental para controlar não só as pragas-vetores, mas também as demais pragas que podem estar na área de produção.

No mercado, existem diferentes produtos químicos que, além de controlar o tripes, apresentam outros benefícios, como: bom efeito residual, baixo período de carência (intervalo de segurança), tornando a aplicação de inseticida uma alternativa viável para os produtores que desejam um manejo eficiente do tripes, gerando uma boa rentabilidade da área.

Diante disso, utilizar um defensivo que possua as características descritas anteriormente é um dos passos para combater e controlar o vetor do vira-cabeça, além da adoção de outras táticas de controle. Assim, os produtores terão resultados mais eficientes, um produto de qualidade e, consequentemente, maior produtividade.

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