Daniela Minini
daniminini16@gmail.com
Cibelle Amaral Reis
cibelleareis@gmail.com
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
kyviapontes@gmail.com
Engenheiras florestais, mestras em Ciências Florestais e doutorandas em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Em um plantio florestal, o desenvolvimento inicial das árvores ocorre sem uma condução rigorosa ou grandes interferências externas até o momento que a copa de uma árvore toca a outra, o que acontece de maneira mais rápida em espaçamentos mais estreitos.
A partir desse momento, o desenvolvimento diamétrico é impactado pela competição por espaço, luz, nutrientes e água, o que resulta em menor crescimento em diâmetro (espessura do caule) e aumento em altura. Portanto, nesse cenário, as árvores serão altas e finas, o que geralmente reduzirá seu valor comercial.
A demarcação para desbaste é a escolha de quais indivíduos serão removidos do povoamento/plantio florestal, proporcionando um maior crescimento em diâmetro das árvores restantes após o desbaste.
As árvores demarcadas podem ser previamente selecionadas (árvores suprimidas, mortas, tortas, quebradas ou com diâmetro inferior ao desejado), ou, ainda, sem prévia avaliação (sistemática), por exemplo, a retirada de fileiras inteiras de árvores.
O objetivo do desbaste é favorecer o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes e, consequentemente, melhorar o padrão da floresta resultante, pela retirada de árvores de menor padrão, assim como proteger as árvores do ataque de pragas e doenças.
Escolha de indivíduos para desbaste
As árvores que deverão permanecer após o desbaste são aquelas saudáveis, com bom crescimento e que apresentam características desejáveis para a destinação final da madeira produzida no plantio.
Em plantios com crescimento desigual, é recomendada a realização de uma avaliação prévia e estabelecimento de critérios para a remoção de determinadas árvores, que variam conforme o propósito a que se destina a produção.
Nesse caso, o método mais empregado é o desbaste seletivo, que consiste na remoção das árvores inferiores (dominadas ou defeituosas), deixando as árvores de maiores diâmetros, troncos retos e de maior altura comercial.
Esse método permite melhores resultados na produção e na qualidade da madeira, porém, é mais trabalhoso, possui alto custo de operação e maior dificuldade de extração das árvores. Além disso, é necessário o treinamento de mão de obra para realização da seleção e marcação prévia nas árvores antes do corte.
Plantios uniformes
Já em plantios altamente uniformes, nos quais as árvores pouco se diferenciam entre si, não há a necessidade de uma seleção individual e criteriosa. Nele, uma quantidade de linhas é escolhida para ser retirada em intervalos regulares, como, por exemplo, a retirada de uma a cada quatro linhas de plantio.
Esse sistema é mais simples e as principais vantagens são a facilidade de execução, sem a necessidade de selecionar as árvores individualmente, o que reduz os custos com a extração.
Além da correta escolha da modalidade de seleção das árvores para o desbaste, é importante determinar o comprimento das linhas de árvores. Este pode ser feito de diferentes maneiras, dependendo das características da área e das espécies florestais presentes, como já citado anteriormente.
Casos específicos
Quando a área apresenta pouca variação na densidade das árvores e com espécies de porte semelhante, as linhas de árvores são indicadas com um espaçamento igual entre elas. Já se a área possui alta variação na densidade das árvores e com espécies de porte e crescimento diferenciados, a seleção ocorre de maneira individual.
Quando devidamente espaçadas, o número de árvores não é um fator limitante para o aumento da área basal. Ao crescer em diâmetro, os indivíduos irão ocupar mais espaço no plantio, reduzindo o espaçamento entre si.
Neste momento, há um aumento da competição por recursos entre esses indivíduos, atingindo um limiar de estresse que limitará seu desenvolvimento. Esta estagnação do povoamento, que pode causar até mesmo a morte de alguns indivíduos, é a ocasião em que o desbaste deve ser feito.
Este manejo visa a readequação do espaçamento entre indivíduos e, consequentemente, a adequada distribuição das árvores, permitindo o seu crescimento ótimo.
Portanto, o espaço que as árvores possuem para se desenvolver está entre os preditores mais importantes do crescimento de árvores individuais. Em suma, o desbaste é uma técnica de manejo imprescindível, pois reduz ou elimina a competição entre as árvores vizinhas, o que pode limitar o acesso a recursos, como água, luz e nutrientes.
Cuidados para demarcação e desbaste
A demarcação do desbaste tem como objetivo garantir que a quantidade de árvores remanescentes seja adequada para manter a qualidade da floresta, atendendo ao propósito do plantio.
Como cada espécie florestal possui um desenvolvimento e produção características, o desbaste excessivo pode levar à redução da densidade de árvores e à perda da qualidade da madeira, comprometendo a produtividade e a rentabilidade do manejo florestal.
Esses problemas também estão presentes quando o desbaste é insuficiente, o que prejudica o crescimento e a saúde das árvores remanescentes. Assim, seguir as orientações é essencial para garantir que a quantidade de árvores por hectare seja mantida para assegurar a produtividade e a sustentabilidade da floresta.
A demarcação do desbaste é uma atividade que requer conhecimentos e habilidades específicas para que o processo seja feito de maneira segura e eficiente, sendo necessário treinamento e conhecimento para reconhecer as árvores que devem ser retiradas e as que devem permanecer.
Além disso, para se ter sucesso nessa atividade, deve-se ter em mente a distribuição adequada de espaço entre as árvores. Em geral, o treinamento inclui alguns pontos fundamentais:
• Conhecimento das espécies florestais e das características de cada uma delas;
• Conhecimento das técnicas de manejo florestal, como o desbaste seletivo;
• Habilidade em operar e manusear equipamentos de corte;
• Conhecimento sobre as normas e procedimentos de segurança no trabalho;
• Conhecimento sobre a legislação ambiental e florestal vigente.
Atenção
Durante o processo de demarcação, é necessário tomar uma série de cuidados, principalmente para garantir a segurança dos trabalhadores e a eficiência do manejo florestal. Alguns dos cuidados incluem:
• Realizar um estudo prévio da área para identificar as espécies florestais presentes, a densidade do povoamento e a idade das árvores, assim como a melhor destinação e logística para aproveitamento da madeira desbastada;
• Consultar o inventário florestal do ano vigente ou anterior e observar o comportamento de crescimento do povoamento. Quando esse crescimento estiver estagnado, é o momento para início do desbaste, seja este seletivo ou sistemático.
• Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs);
• Seguir as orientações de demarcação para garantir a quantidade adequada de árvores por hectare após o desbaste.