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Opções de milho resistente às pragas

Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Produção Vegetal – Unesp
jsoliveira1@hotmail.com

A produção nacional de milho foi de, aproximadamente, 126 milhões na safra 2022/23, tendo aumentado, nos últimos 20 anos, 243%. Considerando a importância socioeconômica dessa atividade, o manejo fitossanitário adequado é um dos fatores determinantes para o crescimento, expansão da cultura e para conseguir elevar os níveis de produtividades esperados.
O impulso na produtividade de grãos se deve ao acesso às tecnologias hoje empregadas, como o uso de tecnologia de organismos geneticamente modificados “transgênicos” para o controle de pragas.

Créditos: Shutterstock

Eficiência contra pragas

O uso de variedades transgênicas tem sido um método eficiente de controle de pragas de importância econômica para a cultura do milho, além do fácil acesso às sementes.
O controle por meio de variedades resistentes permite a redução de práticas agrícolas e aplicações de agroquímicos no processo de produção que elevam os custos e o impacto ambiental decorrente desse manejo.
Portanto, a alternativa viável é o milho Bt (Bacillus thuringiensis), um transgênico que possui em seu genoma uma classe de genes chamados Cry, o qual produz em sua célula proteínas que são tóxicas para grupos específicos de insetos.
Essa especificidade está relacionada à atividade das toxinas entre os receptores no intestino médio do inseto. Na membrana das células epiteliais do intestino, a interação toxina-receptor leva à formação de poros na membrana celular, o que altera o balanço osmótico das células epiteliais, que incham e sofrem rupturas, levando o inseto à morte por dificuldade de alimentação e infecção generalizada (septicemia).
Entretanto, logo após a ingestão da toxina pela lagarta, ocorre a inibição da ingestão dos alimentos, levando à morte do inseto.

Potencial

As variedades Bt apresentam altos potenciais produtivos e adaptados às diferentes situações, além do controle ecologicamente correto e eficiente do complexo de pragas, como: lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), broca-da-cana (Diatrea saccharalis), lagarta-da-espiga (Helicoverpa zeae) e vaquinha (Diabrotica sp.) que acometem o cultivo de milho no Brasil.
Recomenda-se que as variedades transgênicas tenham mais opções de genes diferentes ou combinações para tentar mitigar o aparecimento de resistência a campo. Plantas que codificam duas ou mais toxinas com ação inseticida são denominadas de plantas Bt “piramidadas”.
O uso dessas plantas representa a vantagem de controlar mais eficientemente todo o complexo de pragas em culturas com pragas múltiplas, pois espécies que são pouco suscetíveis a uma das toxinas podem não ser mais suscetíveis a outra toxina expressa na planta Bt.

Combinação de técnicas

Outra estratégia no manejo da resistência de insetos a cultura Bt envolve a combinação de dois conceitos:
1) Alta expressão da proteína Cry (alta dose): a alta expressão de proteína inseticida torna ineficaz qualquer mecanismo que confere ao inseto resistência, e assume-se que nessa condição a maioria dos heterozigotos serão mortos.
2) Uso de áreas de refúgio: tem por objetivo evitar perdas significativas na produtividade do milho e, ao mesmo tempo, permite que haja insetos sobreviventes da praga-alvo, que são necessários para manter a população de pragas suscetível ao milho Bt.
Com aprovação de milho expressando toxinas da bactéria B. thurigiensis, houve diminuição de 50% no uso de inseticidas químicos para o controle de insetos-praga. Mesmo com o uso de variedades transgênicas, a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) continua sendo a principal praga da cultura do milho.
O primeiro evento de milho transgênico resistente a inseto-praga foi aprovado no Brasil em 2007, com evento que expressa a proteína Cry1AB de Bacillus thurigienses (Bt). Posteriormente, foram aprovados outros eventos que expressam outras proteínas de Bt, bem como mais de uma proteína: Cry1A105/Cry2AB2/Cry3Bb1 com eficiência de controle nas principais pragas (Spodoptera frupiperda, Diatrea saccharalis, Helicoverpa zeae e Diabrotica sp.).

Quebra de resistência

O primeiro caso de quebra de resistência em relação ao milho Bt (Cry1F) envolvendo a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) foi relatado, por isso a necessidade de obter cultivares que expressem mais de uma proteína Bt.
Os resultados obtidos com híbridos Bt expressando a toxina Cry 1A(b), no campo, na primeira safra cultivada (2008/09) com milho Bt, revelaram certa variabilidade no nível de proteção das plantas contra o ataque da lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda).
Avaliações realizadas indicam que o milho Bt deu proteção ao milho equivalente a, pelo menos, três aplicações de inseticidas. Em média, os híbridos não Bt, isto é, convencionais, produziram cerca de até 20% a menos do que os híbridos Bt equivalentes.
Na safra 2022 foram disponibilizadas 259 cultivares de milho, sendo 185 cultivares transgênicas (71,42%) e 74 cultivares convencionais (28,58%). Dez eventos transgênicos estão presentes em 185 cultivares de um total de 259 que compõem o mercado de sementes, com alguns eventos sobressaindo-se entre os demais.
Os híbridos simples são responsáveis por mais de 50% do mercado de milho no Brasil, tanto na safra atual quanto em safras anteriores.

Variedades resistentes lagarta-do-cartuho

Com relação a lagarta-do-cartucho (S. frugiperda), variedades resistentes também têm sido desenvolvidas por métodos convencionais de melhoramento para reduzir as perdas causadas por essa praga, com os mecanismos de resistência: antibiose (que prejudica sensivelmente o desenvolvimento da lagarta, devido à quantidade reduzida de substâncias essenciais na planta) e a não-preferência para alimentação (como causa da resistência foi relacionada ao teor de lipídeos na cutícula das folhas).
Embora esse método seja também eficiente no controle da praga, ele necessita de um tempo relativamente maior para a sua obtenção e nem sempre as cultivares desenvolvidas desempenham um bom potencial genético produtivo.
Portanto, o uso de transgênico constitui uma alternativa tecnológica viável para o controle fitossanitário de pragas na cultura do milho, contribuindo para a consolidação da produção de grãos no celeiro agrícola nacional.

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