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Tecnologia de polinização florestal

A tecnologia de polinização florestal está revolucionando a maneira como cultivamos as florestas.

Denyse Cássia de Maria Sales
Engenheira florestal e mestranda pelo em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
denysecmariasales@gmail.com

Nívea Maria Mafra Rodrigues
Engenheira florestal e doutoranda em Ciências Florestais – UFES
niveamafra11@gmail.com

A polinização desempenha um papel fundamental no processo de reprodução de diversas espécies vegetais, ocorrendo de forma biótica por meio de agentes como abelhas e pássaros, bem como abiótica, por meio de elementos como o vento, a água e até mesmo a gravidade.

Créditos: Depositphotos

Esse processo reveste-se de extrema importância para a preservação da biodiversidade, permitindo a continuidade de inúmeras espécies, tanto do reino vegetal quanto animal. Além disso, desempenha um papel crucial na manutenção dos serviços ecossistêmicos essenciais e na sustentação da produção global de alimentos.

Desafios

No entanto, os crescentes desafios da fragmentação e degradação de áreas florestais, gerados por mudanças climáticas, uso indiscriminado de pesticidas e destruição de habitats, reduzem as populações de polinizadores naturais, os protagonistas nas florestas tropicais. Há redução principalmente de abelhas, as mais importantes em diferentes ecossistemas, que sofrem com o Distúrbio de Colapso das Colônias (DCC).

Em uma tentativa de transpor essa barreira e obter outras vantagens, surgiu a polinização artificial ou controlada, que não busca substituir os polinizadores naturais, mas sim agir como um complemento para garantir a reprodução das plantas e a manutenção da biodiversidade.

A produção de híbridos melhorados está entre os maiores benefícios da polinização artificial. Nesse caso, a seleção de matrizes estrategicamente escolhidas baseia-se em critérios adequados às finalidades desejadas da indústria, como maior densidade da madeira, maior resistência ao ataque de patógenos, rápido crescimento, fácil adaptabilidade e bom desenvolvimento em ambientes sob condições climáticas extremas, ou seja, há aumento de ganhos e produção de genótipos superiores em um tempo reduzido.

Caminhos alternativos

A polinização artificial é abrangente e pode ser realizada de diferentes maneiras, sendo o método manual o mais difundido e realizado em plantas ornamentais, culturas agrícolas e diversas espécies arbóreas como a Araucaria angustifolia, Pinus, Eucalyptus e Platonia insignis Mart. (bacuri) (Figura 1).

Figura 1. Polinização manual em Platonia insignis.
Crédito: Denyse Sales

Consiste no uso de métodos não-convencionais para simular a polinização natural e obter vantagens de maior produção e melhor qualidade de frutos.

Apesar de ser tradicionalmente usada, a polinização manual tem certas desvantagens, como a intensidade de trabalho, o custo elevado em decorrência da necessidade de mão-de-obra, e possível ineficiência, pois pode ser inconsistente e com distribuição desuniforme. Tudo isso a torna inviável para uso em larga escala, como em plantios comercias extensos.

Alternativas

Além do método manual, a polinização pode ser realizada através de transporte terrestre, com cestas aéreas e aerossol em veículos pilotados, ou transporte aéreo, por meio de Remotely Piloted Aircraft System (RPAS), também conhecido como drone, e micro-robôs, que são abordagens mais recentes e em fase de experimentação, mas que têm mostrado resultados promissores em diferentes regiões do mundo.

Os RPAS até então utilizados são de pequeno porte, equipados com um reservatório de pólen para dispersão durante o sobrevoo. Os micro-robôs têm um design semelhante às abelhas, polinizadoras naturais. São recobertos por pelo animal para fixar o pólen e transportá-lo até a flor.

 Essas tecnologias são adaptadas às características específicas de cada espécie vegetal e ambiente, visando a melhor eficiência em cada caso individualmente.

Limitações

No entanto, há desafios éticos e ambientais associados à tecnologia. A introdução de drones e robôs em ambientes naturais pode ter impactos indesejados, como a perturbação de animais silvestres e a modificação de padrões de polinização que evoluíram ao longo de milênios.

Além disso, a logística para o amplo uso de drones ainda é um obstáculo a ser superado, em função de certas limitações, como a duração de bateria, expertise do operador, e necessidade de condições favoráveis para o voo, sem chuvas e ventos fortes.

Amanhã em foco

Ainda que desafios persistam, a busca por soluções que harmonizem avanços tecnológicos e conservação ambiental é um passo otimista rumo a um futuro mais sustentável. Os resultados promissores de pesquisas utilizando RPAS e robótica na polinização mostram que o investimento para aprimorar as técnicas é vantajoso.

Em última análise, as novas tecnologias têm o potencial de desempenhar um papel crucial na preservação e produção de ecossistemas florestais. No entanto, seu desenvolvimento e adoção devem ser guiados por uma abordagem equilibrada, levando em consideração tanto os benefícios quanto os desafios associados a essas inovações.

Figura 2. Ilustração de polinização natural e polinização artificial.
Crédito: Denyse Sales
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