24.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosA deriva de agroquímicos e seu controle

A deriva de agroquímicos e seu controle

Autor

Marco Antonio Gandolfo
Doutor e professor – Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Ulisses Delvaz Gandolfo
Doutor e coordenador de Pesquisas do Instituto Dashen
Fotos: Jacto

A otimização do potencial produtivo das lavouras é uma condição determinante para a existência da atividade como negócio, pois maximiza o rendimento com o menor uso de recursos na área cultivada. Estes recursos, como o solo, a água e a luz, sementes, fertilizantes e agroquímicos devem ser utilizados de forma racional para minimizar o desperdício e reduzir os custos de produção.

Além do uso racional, eles devem ser aplicados com segurança e qualidade para atender à necessidade sem prejudicar o ambiente, sendo a deriva de agroquímicos um dos impactos negativos possíveis. Ela caracteriza-se pelo transporte do produto aplicado para um local indesejado.

Além da deriva submeter pessoas, animais e outros cultivos a riscos de desconforto, comprometimento da saúde ou queda da produção, também reduz a quantidade de produto aplicado na área agrícola, minimizando o nível de controle sobre o agente de dano e reduzindo o período residual do produto na proteção da lavoura.

Como a deriva ocorre

Fatores como a condição ambiental no momento da pulverização, o espectro de gotas produzido pelo equipamento e a composição da calda de pulverização são determinantes na ocorrência do problema, pois elevam o tempo de queda e a distância percorrida pela gota antes de chegar ao alvo.

Ambiente

Parâmetros ambientais, como velocidade do vento, temperatura e umidade do ar são os mais relevantes, pois podem favorecer o movimento das gotas para fora da área pelo arrastamento, além de evaporar rapidamente os compostos voláteis das gotas, reduzindo seu peso e favorecendo ainda mais seu movimento.

Períodos de muito calor também promovem o desprendimento ascendente de ar quente do solo que retardam ou impedem a queda das gotas mais leves da pulverização.

Espectro de gotas

A formação das gotas na pulverização pode produzir espectros de gotas mais finas, médias ou mais grossas, dependendo da ponta de pulverização, da pressão operacional e da composição da calda. O mercado brasileiro dispõe de pontas de pulverização para todas as necessidades, bastando, para isso, consultar os modelos e pressões nos catálogos de aplicação ou um técnico habilitado.

Composição da calda

A composição da calda tem efeito sobre a deriva mais difícil de ser previsto, dadas as inúmeras possibilidades de combinações e concentrações entre agroquímicos e o uso de adjuvantes que possam colaborar em sua redução.

Atualmente, a indústria desenvolve formulações ou produtos específicos que permitem que o produtor possa fazer as pulverizações com segurança, minimizando as perdas para o ambiente e potencializando sua eficiência.

Dentre os produtos mais usados estão alguns adjuvantes de calda com características redutoras de deriva e as formulações de baixa volatilidade e com baixo potencial de formação de gotas muito finas. Estes produtos estão difundidos no meio agrícola e são recomendados quando o risco de perdas em evaporação ou deriva é iminente, devendo ser escolhidos por sua segurança.

Como reduzir a deriva

Para atuar com eficiência na redução da deriva, ela deve ser identificada nas condições de trabalho. Diversas são as formas de identificar o potencial de deriva ou sua ocorrência no momento da aplicação. Embora o método visual não tenha grande precisão, ele permite que se possa comparar duas ou mais técnicas com o equipamento ainda parado, pela visualização da direção de movimentação das gotas pulverizadas, possibilitando a seleção daquela mais segura.

Já para a avaliação do potencial de deriva de formulações, pontas de pulverização e adjuvantes, pode-se optar pelos testes de laboratórios em túneis de vento específicos, onde a deriva é coletada e avaliada de forma precisa, caracterizando não somente seu risco, mas também as melhores formas de reduzi-la.

Sendo assim, a associação de tecnologias de formulações mais seguras, adjuvantes com reconhecido efeito na redução da deriva e seleção da ponta de pulverização mais indicada podem reduzir a níveis mínimos as perdas por deriva, compensando-as mesmo nos períodos de maior risco.

Estas medidas contribuirão, sem dúvida, para uma agricultura mais segura e eficiente, permitindo que o setor continue produzindo alimentos e matérias-primas para satisfação nutricional e abastecimento da agroindústria, além de valorizar ainda mais sua contribuição para o crescimento econômico que o Brasil precisa e merece.

Dicas para reduzir a deriva nas pulverizações:

– Tecnologias de formulações mais seguras

– Adjuvantes com reconhecido efeito na redução da deriva e

–  Seleção da ponta de pulverização mais indicada podem reduzir a níveis mínimos as perdas por deriva, compensando-as mesmo nos períodos de maior risco.

ARTIGOS RELACIONADOS

Tecnologias contra percevejo e ferrugem

O programa de melhoramento da Embrapa é estruturado em três programas ...

Como cuidar do cafeeiro com equilíbrio nutricional?

O mês de setembro marca o final da safra de café 2020/21. Segundo dados divulgados pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), que é a maior do segmento, com sede no Sul de Minas e tendo mais de 11 mil cooperados, foram colhidos 92,54% da safra de café 2020, conforme levantamento divulgado na primeira semana de setembro.

Reduzir riscos no agronegócio

Apesar do agronegócio ser o combustível da economia brasileira, não dá para negar ...

Nova projeção da safra paulista de grãos aponta redução de 22% na produção

Estimativas mais recentes indicam que a safra 2023/24 será 2,54 milhões de toneladas menor que a safra anterior

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!