21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosA regra de ouro da fertirrigação

A regra de ouro da fertirrigação

Saiba como aplicar a 'Regra de Ouro da Fertirrigação' para dosar seus fertilizantes de forma eficiente

Foto: Shutterstock

Luis Dimenstein
Engenheiro agrônomo, especialista em fertirrigação
luiz.dimenstein@fertirrigar.com

Usando a “Regra de Ouro da Fertirrigação”, que afirma que dosar na proporção de 100 g/m3, a garantia da fórmula de fertilizante passa de % para ppm (parte por milhão).

Assim, sabemos que os fertilizantes solúveis são comercializados com as garantias de seus nutrientes em %, enquanto o manejo nutricional via fertirrigação fica mais fácil passando a usar a concentração dos nutrientes na água de irrigação em ppm.

Vamos contar o número de zeros em % (100) e em ppm (1.000.000). São dois zeros em 100, contra seis zeros no milhão. Ao eliminar dois zeros do milhão da % em relação aos seis zeros de ppm, a diferença é de quatro zeros, formando 10.000. Agora podemos afirmar que 1% = 10.000 ppm.

Para dosar os fertilizantes via fertirrigação, teremos que manter 10.000 de diferença entre o fertilizante a aplicar e o volume de água a irrigar.

O cálculo

Na ordem de grandeza, os fertilizantes podem ser calculados em peso (g) ou em volume (ml) a aplicar, embora os fertilizantes solúveis para fertirrigação sejam comercializados, em sua maioria, na forma sólida, na hora da aplicação estarão dissolvidos na forma líquida.

Já o volume de irrigação é usado sempre m3 de água, que vale, em peso, 1,0 ton de água, descartada a densidade nesse contexto. Por isso, usar g/ton ou g/m3 para efeito de calcular dose a aplicar via fertirrigação são equivalentes.

Idem para ml/ton, ou ml/m3, se o fertilizante comercial já vier líquido.

Exemplos

O primeiro objetivo é chegar a uma proporção na aplicação dos fertilizantes que tenham 10.000 de diferença (quatro zeros). Então, se usar 1,0 g/m3, a diferença será de seis zeros, porém, se usarmos 100 g em 1,0 m3, a diferença passa a ser de quatro zeros e, nesse caso, a mesma % de nutrientes informada na sacaria do fertilizante solúvel pode ser considerada em ppm.

Vamos a alguns exemplos para que o conceito da Regra de Ouro seja de fácil entendimento, ao usar regra de três simples:

Se identificarmos que na solução do solo já tenham 200 ppm de potássio (K2O) e desejarmos ter 500 ppm, faltam 300 ppm.

Se for usar o fertilizante KCl com 60% de K2O, teremos a proporção de 60 ppm aplicados para cada 100g/m3. Para chegar à concentração de 300 ppm, serão 60 ppm x 5, ou seja, teremos que aplicar a concentração desse fertilizante KCl por m3 5x mais, e assim a dose ficará em 100 g x 5 = 500 g/m3.

Podemos afirmar que, pelo emissor de rega (gotejo, microaspersão, pivô), foram aplicados os 300 ppm de K2O. Basta definir o número de m3 a irrigar, porque já temos a concentração desejada para 1,0 m3, e multiplicar pelo volume total.

Curiosamente, o potássio comercial tem sua garantia nos fertilizantes em K2O, mas a forma de absorção pelas raízes de K puro sem o oxigênio e pelo peso molecular do K2O teremos 2 x K (39) = 78 + 1 oxigênio (16) = 94 de peso total.

Quanto de K puro tem no K2O? Assim, em uma regra de três teremos que o peso de 78 dentro de 94 vale 83%. Vamos multiplicar pelo fator 0,83 para passar de K2O para K puro, e assim teremos em 60% de K2O no fertilizante escolhido KCl x o fator 0,83 = 50% de K puro nesse fertilizante.

Recomendações

O KCl (que seja de preferência branco, porque dissolve melhor do que o vermelho) com 60% de K2O vale 50% de K puro, e usando a Regra de Ouro sabemos que cada 100g desse fertilizante aplicado por m3 de água irrigada dará a garantia da fórmula em ppm.

Se o volume a aplicar for, por exemplo, 5,0 mm = 50 m3 de água por hectare e ao usar o padrão inicial da Regra de Ouro, que é exatamente 100 g/m3, serão aplicados 100 g x 50 m3 = 5,0 kg de KCl nessa fertirrigação, e serão supridos 50 ppm de K puro ou 60% de K2O.

Entretanto, para suprir 300 ppm fazemos a regra de três simples: 100 g/m3 fornecem 50 ppm de K puro; para disponibilizar 300 ppm vale X.

X = (300/50) x 100 = 600g/m3. Se realmente o volume a irrigar for de 50 m3, então fazemos 600 g x 50 m3 = 30 kg de KCl a aplicar nessa rega, e os 300 ppm de K puro são aplicados.

Se o volume de rega for diferente de 50 m3 do exemplo acima, tem que multiplicar pelo volume de rega verdadeiro.

Foto: Shutterstock

Variáveis

As variáveis são a escolha do fertilizante a aplicar e o volume de rega. A % vira ppm sempre na proporção de 100 g/m3, fiel ao que está escrito na sacaria com as garantias dos nutrientes que estão em %.

Assim, o dobro da Regra de Ouro seriam 200 g/m3 para fornecer o dobro da garantia apresentada na sacaria do fertilizante.

Essa regra é para se trabalhar concentração em ppm e usar as doses em g/m3 em vez de quantidades em kg/hectare, sendo esse último um critério típico de agricultura de sequeiro, mas quantidade para doses não é adequado para agricultura irrigada.

A sugestão é adotar a concentração em g/m3 para calcular doses de fertirrigação, que seria bem mais adequado e medido em ppm.

A ureia

Outro exemplo com o fertilizante solúvel ureia 45% N. Ao utilizar a “Regra de Ouro da Fertirrigação” de 100g/m3, a aplicação pelos emissores de rega serão exatamente 45 ppm de N.

Se, contudo, no mesmo volume de rega de 1,0 m3 a concentração duplicar para 200 g/m3, então, nessa proporção teremos a Regra de Ouro 2x e nos emissores de rega sairão 2x 45 = 90 ppm de N.

A outra variável seria o volume de rega que, se por exemplo, for de 4,0 mm = 40 m3/hectare. Ao identificar o número de m3 a aplicar naquela rega e naquela área, basta aplicar a Regra de Ouro da Fertirrigação na proporção, multiplicando a dose por m3 pelo número de m3 totais.

Nesse exemplo de 200 g de ureia em 40 m3 de irrigação, valem 200 g x 40 m3 = 8,0 kg de ureia, e nos emissores são aplicados os 90 ppm em concentração.

NPK

Mais um exemplo se dá para uma fórmula solúvel de NPK 20-20-20. Ao aplicar a Regra de Ouro da Fertirrigação original na proporção de 100 g/m3, teremos o fornecimento da concentração pelos emissores de rega de 20 ppm de N, 20 ppm de P2O5 e 20 ppm de K2O.

Se a concentração duplicar para 200 g/m3, teremos em ppm o dobro, com 40 ppm de N, 40 ppm de P2O5 e 40 ppm de K2O. A outra variável é definir o número de m3 da rega a efetuar.

Se o volume de irrigação naquele turno de rega for 5,0 mm = 50 m3/hectare, então na dose de 200g/m3 x 50 m3 = 10 kg da fórmula do fertilizante sugerido NPK 20-20-20 com 40 ppm de cada um dos nutrientes aplicados.

LEIA TAMBÉM:

ARTIGOS RELACIONADOS

Alerta – Bactéria causa queima das folhas da cebola

AutoresIgor Souza Pereira Doutor em Agronomia e professor – Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) igor@iftm.edu.br Márcia Toyota Pereira Doutora em Agronomia e professora...

Normas técnicas específicas para a produção integrada de tomate tutorado

O objetivo do projeto foi desenvolver e adaptar tecnologias que viabilizassem o Sistema de Produção Integrada de Tomate Tutorado (Sispit), pioneiro e único no Brasil.

Netafim lança sistema inovador de irrigação digital na FiiB 2018

Software permite controlar e monitorar a lavoura em tempo real; palestra sobre a inovação será realizada nos dias 19 a 21 de setembro. A Netafim/Amanco, líder...

Bandeja ideal para a produção de mudas de alface

 São muitos os modelos de bandejas para a produção de mudas. Assim, é importante estar atento e escolher a melhor opção   O sucesso de uma...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!