Ácaros em mangas: todo cuidado é pouco

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Elisamara Caldeira do Nascimento

Engenheira agrônoma e professora – Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)

Glaucio da Cruz Genuncio

Engenheiro agrônomo e professor – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

glauciogenuncio@gmail.com

Foto: Embrapa Semiárido

Os ácaros se configuram dentre as principais pragas que causam danos econômicos à produção de manga, tanto em nível mundial como brasileiro. Dentre as principais espécies de ácaros que atacam a mangueira tem-se Polyphagotarsonemus latus, conhecido como ácaro de viveiro, por atacar os meristemas apicais das mudas de mangueira quando em sua fase de formação (mudas).

Têm-se também os ácaros pertencentes ao gênero Oligonychus, sendo as espécies O. biharriensis e O. yothersi as principais causadoras de danos às mangueiras, sendo referenciados por seus danos econômicos significativos à cultura.

Além dos supracitados, pode-se destacar a espécie Allonychus braziliensis, também conhecida como ácaro do bronzeamento, por causar manchas de coloração bronze nas folhas da cultura.

Danos

Quanto ao prejuízo econômico, de modo geral, quando os ácaros não são monitorados e controlados (abaixo de 5% de infestação), podem representar perdas significativas de produção (acima de 50%), uma vez que o ataque do ácaro influencia diretamente e negativamente as taxas fotossintéticas e ganhos energéticos da planta, além de serem vetores de fungos.

Sintomas

Os ácaros são conhecidos por ocasionarem a redução de crescimento e morte dos meristemas (locais de amplo crescimento e divisão celular), além de reduzirem a fotossíntese de folhas-fonte.

Sintomas como a paralisação do crescimento e o superbrotamento em folhas-fonte são amplamente relatados na literatura e a sintomatologia citada é rotineiramente confundida com deficiência de boro.

 Além disso, o ataque de ácaros afeta a floração em mangueiras em pleno estádio reprodutivo, o que, consequentemente, se torna um fator determinante na redução da produção e produtividade da mangueira.

Lembrando que, apesar da ampla floração, de até 40 mil inflorescências por planta, a taxa de pegamento da mangueira é baixa (cerca de 1%) e, pragas (mesmo que secundárias, como os aracnídeos) podem afetar a formação de flores e, assim, causar significativas reduções na produtividade desta cultura.

Outro dado importante é a possibilidade de potencialização de doenças em função do ataque de ácaros, sendo a mais conhecida a má-formação da mangueira em função da fusariose, a qual teve como vetor a infestação de ácaros.

Um a um

De modo geral, o ataque desta praga causa danos severos, quando em estágios avançados, às folhas maduras, resultando na redução da capacidade fotossintética das mesmas e diminuindo o acúmulo de reservas, além de serem eficazes agentes influenciadores na má formação floral e vegetativa.

De modo específico, o Polyphagotarsonemus latus (ácaro branco) é referenciado pelo encarquilamento das folhas e paralisação do crescimento. Já o ataque de O. biharriensis e O. yothersi é caracterizado pela infestação na face adaxial das folhas, com típica formação de teia.

Em função desta formação, ocorre um significativo acúmulo de detritos e opacidade da folha, influenciando negativamente no processo fotossintético.

Ressalta-se que, de modo geral, os ácaros são exímios sugadores de seiva elaborada, contribuindo com a redução de fotoassimilados importantes para o processo fisiológico da mangueira.

Formas de controle

Para o controle eficiente de pragas e doenças, é muito importante o monitoramento adequado dos pomares, para que as medidas de controle sejam adotadas em função do nível de infestação.

Uma vez detectado o problema, as medidas de controle devem ser adotadas, levando em consideração a fase da cultura e que tipo de intervenção é mais eficiente e segura para a fase específica.

Assim, o monitoramento e tomada de decisão quanto ao controle (químico ou biológico) são aspectos fundamentais para o controle do ácaro abaixo do NDE (nível de dano econômico).


Pesquisa

Um dos fatores mais importantes para o controle desta praga, segundo a Embrapa, é o monitoramento e o controle efetivo no momento certo. Para tal, o primeiro passo é a amostragem eficiente no mangueiral para verificação da população de ácaros.

Recomenda-se uma amostragem por talhões de, no máximo, 15 hectares, sendo que características como: idade do mangueiral, manejos de irrigação, fitossanitário e nutricional adotados, tipo de solo, topografia, dentre outros, são variáveis importantes na avaliação, assim como a frequência de amostragem por época é uma característica importante a ser considerada.

O quantitativo de plantas por hectare é outro fator determinante para o sucesso no monitoramento. Assim, recomendam-se de 12 a 15 plantas por hectare a serem amostradas, em talhões de 5,0 ha, a partir do preenchimento da ficha de amostragem (disponibilizada pela Embrapa).

Caso constate-se uma infestação acima de 5% nas inflorescências das plantas, tanto de borda como centrais, existe a necessidade de controle fitossanitário desta praga.

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