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Ácaros reduzem produtividade e peso do algodão

Climas quentes e secos podem favorecer a proliferação rápida dessa praga, aumentando o risco de infestações no algodão.

Crédito: Alexandre Cunha

Luana Aparecida de Oliveira Rodrigues
Mestranda em Agroecologia – Instituto Federal do Espírito Santo (IFES)
luanarodrigues19955@gmail.com
Carem Cristina Araujo Valente
Doutoranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
carem_cristina@hotmail.com

A infestação de ácaros nas plantações de algodão é um problema global, afetando diversas regiões agrícolas em todo o mundo. Os sintomas de infestação, como manchas amareladas nas folhas, enrolamento das folhas e redução na produção de frutos, são indicadores claros da presença desses insetos nocivos.

É crucial compreender os desafios que os ácaros representam para as lavouras de algodão. Essas pequenas pragas podem ter um impacto significativo na produtividade e na qualidade da fibra.

Entre os principais tipos de ácaros que afetam as plantações de algodão, destacam-se o ácaro rajado (Tetranychus urticae), o ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) e o ácaro da ferrugem (Aculus schlechtendali).

O ácaro rajado é um dos mais comuns e danosos para o algodoeiro. Essas pragas se alimentam da seiva das folhas, causando danos diretos à planta e, consequentemente, reduzindo sua capacidade de produzir fibras de qualidade.

Além disso, a presença excessiva de ácaros rajados pode enfraquecer a planta, tornando-a mais suscetível a outras doenças e estresses ambientais.

O ácaro branco, por sua vez, é conhecido por atacar diversas culturas, incluindo o algodão. Essas pragas se alimentam das partes jovens das plantas, causando deformações e enrolamento das folhas, o que interfere diretamente na fotossíntese e, consequentemente, na produção de fibras de qualidade.

Por fim, o ácaro da ferrugem também representa uma ameaça significativa, pois se alimenta dos tecidos das folhas, causando manchas e deformações que comprometem a qualidade das fibras e reduzem a produtividade da colheita.

Monitoramento é fundamental

É importante estar atento aos sinais de infestação por ácaros, como manchas nas folhas, enrolamento das bordas foliares, perda de coloração e redução no crescimento das plantas.

Monitorar regularmente a lavoura e adotar medidas de controle adequadas, como o uso de inseticidas específicos e o manejo integrado de pragas, é essencial para minimizar os danos causados por essas pragas e garantir uma colheita saudável e de qualidade.

Influência das condições climáticas

As condições climáticas desempenham um papel fundamental na propagação e densidade populacional dos ácaros que afetam as plantações de algodão. Geralmente, essas pragas se reproduzem com mais rapidez e têm taxas de desenvolvimento mais altas em temperaturas mais quentes.

A umidade também desempenha um papel crucial na propagação dos ácaros. Embora muitas espécies de ácaros prefiram ambientes secos, a umidade relativa do ar pode influenciar a sua sobrevivência e reprodução.

Por exemplo, o ácaro rajado tende a se proliferar mais rapidamente em condições de baixa umidade, enquanto outros, como o ácaro branco, preferem ambientes mais úmidos. Portanto, variações na umidade relativa do ar podem afetar a distribuição e a densidade populacional dessas pragas nas plantações.

Além disso, a precipitação também pode influenciar indiretamente a propagação dos ácaros, pois afeta a disponibilidade de recursos alimentares e abrigo. Chuvas intensas podem reduzir temporariamente a população de ácaros, lavando-os das plantas, mas também podem criar condições favoráveis para o crescimento de fungos, que são uma fonte de alimento para muitas espécies de ácaros.

Manejo cultural e biológico

A integração de práticas de manejo cultural e biológico é uma medida sustentável para controlar infestações de ácaros. Essa estratégia combina métodos que visam alterar o ambiente e o sistema de produção (manejo cultural) com o uso de organismos vivos ou seus produtos para controlar pragas (manejo biológico).

Ao integrar essas práticas, os produtores podem maximizar a eficácia do controle de ácaros, reduzir o uso de pesticidas químicos e promover um equilíbrio natural no ecossistema agrícola.

No manejo cultural, medidas como rotação de culturas, cultivo em faixas, manejo da palhada, ajuste do espaçamento entre plantas e plantio de variedades resistentes podem ser adotadas para reduzir a incidência da praga.

Essas práticas visam criar um ambiente menos favorável para o desenvolvimento dessas pragas, interferindo em seu ciclo de vida e reduzindo sua capacidade de se proliferar.

Crédito: José Ednilson Miranda

Já no manejo biológico, a introdução de ácaros predadores, insetos parasitoides e microrganismos patogênicos pode ajudar a controlar as populações de ácaros de forma natural. Os ácaros predadores, por exemplo, alimentam-se dos ácaros fitófagos, reduzindo sua densidade populacional.

Da mesma forma, os insetos parasitoides depositam seus ovos nos ácaros, limitando sua reprodução. Além disso, fungos entomopatogênicos podem ser aplicados para infectar e controlar as populações de ácaros de forma seletiva e segura.

A integração dessas práticas de manejo cultural e biológico requer um planejamento cuidadoso e uma compreensão profunda do ecossistema agrícola. É importante considerar as características específicas da cultura do algodão, as condições climáticas locais e a dinâmica das populações de ácaros ao implementar essas estratégias.

Ainda, o monitoramento regular das lavouras é essencial para avaliar a eficácia das práticas adotadas e fazer ajustes, conforme necessário.

Medidas preventivas

Para proteger o algodoeiro de infestações de ácaros, é essencial implementar medidas preventivas eficazes, as quais reduzir a probabilidade de ocorrência de infestações e minimizar os danos causados por essas pragas.

Uma das medidas mais importantes é o monitoramento regular das plantações. Inspeções visuais das plantas, especialmente na parte inferior das folhas, podem ajudar a identificar a presença de ácaros antes que causem danos significativos.

Além disso, manter as áreas ao redor das plantações limpas e livres de restos de culturas, ervas daninhas e detritos vegetais é essencial. Essas práticas de higiene reduzem os abrigos e as fontes de alimento para os ácaros, diminuindo assim a probabilidade de infestações.

Ajustar o manejo da irrigação também é importante. Evitar irrigações frequentes e excessivas, especialmente durante períodos de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, pode ajudar a evitar condições de excesso de umidade que favorecem o desenvolvimento de ácaros.

Crédito: UFRGS

Praticar a rotação de culturas é outra medida preventiva eficaz. Alternar o cultivo de algodão com outras culturas ajuda a interromper o ciclo de vida dos ácaros e reduzir sua densidade populacional.

O uso de cobertura morta ao redor das plantações pode ajudar a conservar a umidade do solo e promover a biodiversidade do solo, criando um ambiente menos favorável para os ácaros.

Por fim, manter sob controle as pragas secundárias que podem servir como hospedeiros alternativos ou fontes de alimento para os ácaros é importante. Uma população elevada de insetos pode atrair ácaros predadores, aumentando o risco de infestação por ácaros fitófagos.

Implementar essas medidas preventivas de forma consistente e integrada pode reduzir a pressão de infestação por ácaros nas plantações de algodão e minimizar os danos causados por essas pragas, contribuindo para uma produção agrícola mais sustentável e resiliente a longo prazo.

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