Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e consultor
vermelhonatural@hotmail.com
A cultivar de morango tem sido um fator determinante para o bom desempenho da lavoura. O primeiro aspecto a ser analisado é se a cultivar possui a característica de ser de dias neutros ou curtos.
As cultivares de dias neutros se caracterizam por ser estimuladas somente pela temperatura. Elas necessitam, para produzir, de temperaturas noturnas em torno de 16°C e diurnas de 27°C, não podendo ultrapassar 32°C.
Em condições de temperaturas adequadas, as cultivares de dias neutros podem produzir em qualquer época do ano, variando a produtividade com as oscilações da temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar.
As cultivares de dias neutros geralmente possuem a produção mais esparsa durante o ano, com picos de produção em épocas específicas.
Estímulo à produção
A produção das cultivares de dias curtos ocorre pela relação de estímulos simultâneos entre a temperatura e o comprimento do dia (período noturno do dia).
De forma generalizada, o estímulo à produção ocorre quando as temperaturas se encontram entre 16°C à noite e 27°C durante o dia, não podendo ultrapassar 32°C e, simultaneamente, com um período noturno do comprimento do dia superior a 12 horas.
As cultivares de dias curtos, por possuírem dois tipos de estímulos, geralmente possuem produções concentradas em épocas específicas do ano, especificamente no inverno.
Para determinar as cultivares mais bem adaptadas a uma determinada região, além de observar a característica de dias neutros e curtos, deve-se levar em consideração as características do material.
Critérios
Em relação às especificidades do fruto, vários itens devem ser analisados. A cor externa, que pode ser classificada como laranja escuro, tijolo, vívido, sangue, cardeal, vinho tinto, vermelho e vinho tinto escuro; a cor interna, que pode ser esbranquiçada, vermelho claro, vermelho médio e vermelho escuro; a cavidade interna (buraco) do fruto, que pode ser classificada como nulo ou pequeno, médio e grande.
Há, ainda. o formato predominante, que pode ser classificado como cônico, cônico alargado, bi cônico, coniforme largo e curto; a firmeza (gramas de pressão para romper a casca), o sabor e os sólidos solúveis totais (SST), entre eles a sacarose, que é o açúcar do fruto.
Pós-colheita
Em relação às características pós-colheita do fruto, pode ser avaliada a porcentagem de frutos podres; a resistência do fruto aos danos mecânicos e o frescor do cálice em pós-colheita, que podem ser classificados como baixo, médio e alto.
Outros detalhes importantes são a produção total por planta e o peso médio dos frutos; a produção total por planta e o peso médio de frutos com mais de 10 gramas de peso; a porcentagem de frutos deformados e a produção total por planta de frutos não comerciais.
Sobre as características da planta, é importante analisar o tamanho de planta; o número de gemas e de estolões por planta e a suscetibilidade a pragas e doenças, que podem ser classificados como baixo, médio e alto.
Escolhas fundamentais
Além de escolher as cultivares que se adaptem à região, é fundamental a opção dos viveiros. As mudas devem prover de viveiros que garantam a qualidade fitossanitária; as condições climáticas das regiões produtoras devem garantir que, no momento do arranquio, as mudas tenham atingido as horas de frio a campo necessárias da cultivar, proporcionando gemas com adequada diferenciação floral e de boas reservas nutricionais, com mudas de diâmetro de corola e sistema radicular bem desenvolvidos.
As regiões com maior probabilidade de se obter boas condições de produção de mudas são as que provêm de alta latitude no hemisfério sul e/ou de alta altitude acima do nível do mar.
Manejo das mudas
Os tipos de mudas e o seu manejo pós arranquio são importantes no processo produtivo. Em relação aos tipos de mudas, podem ser de raiz nua ou mudas em bandejas. Em relação ao manejo das mudas, é importante identificar as frescas, que não passaram por nenhum processo de refrigeração e frigoconservação; e as mudas refrigeradas, que estiveram em refrigeração com temperaturas acima de 0°C.
Neste caso, deve-se respeitar as exigências de cada cultivar em relação às horas de frio; e as frigoconservadas, mudas que foram mantidas congeladas a -1°C.
As mudas produzidas em bandejas possuem o sistema radicular em condições menos estressantes, proporcionando o desenvolvimento da planta de forma mais equilibrada em relação às mudas de raiz nua.
Possibilidades
Os processos de refrigeração ou frigoconservação das mudas alteram o comportamento da planta, estimulando, no pós-plantio, o aumento do número de gemas axilares e de estolões, ocasionando o atraso do início da produção.
Devido às alterações do comportamento da planta conforme o tipo de muda e seu manejo, é conveniente para cada situação determinar as épocas distintas de plantio.
Como cada região possui inúmeras possibilidades de cultivares e com distintos manejos, é recomendado fomentar pesquisas para determinar quais são as melhores opções.