Talis Melo Claudino
Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia – UNESP – FCA de Botucatu
t.claudino@outloook.com.br
A aplicação de substâncias húmicas na agricultura vem sendo estudada de modo intensivo desde a década de 80, entretanto, muito ainda está sendo descoberto sobre a utilização destes compostos para as culturas, principalmente para aquelas que apresentam menor escala de plantio ou semeadura, como o sorgo.
Quem são elas
Inicialmente, devemos conhecer o que são as substâncias húmicas (SH) e suas derivações, que então chegam aos ácidos húmicos. As SH são estruturas carbônicas supramoleculares formadas principalmente por carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio.
São oriundas da decomposição de restos animais e vegetais por microrganismos por períodos de meses até milhões de anos, podendo ser encontradas na água até em rochas, como por exemplo na leonardita.
Da fonte da substância húmica, podendo ser um vermicomposto, turfa, leonardita entre outros, são extraídos principalmente três compostos. Os ácidos húmicos, solúveis em pH alcalino, os ácidos fúlvicos, solúveis em qualquer amplitude de pH e as huminas, insolúveis em qualquer pH mas solúveis em outros solventes orgânicos.
Várias utilidades são dadas às substâncias húmicas, desde a complexação de metais pesados no solo, complexação de nutrientes, germinação de sementes, quando utilizadas no tratamento, entre outros. Mas, nesta matéria iremos tratar dos efeitos fisiológicos resultantes nas raízes quando a aplicação é realizada via foliar, particularmente o melhor posicionamento para uma substância tão nobre e a má utilizada pelo mercado agrícola brasileiro.
Características
Esta supramolecular apresenta grande quantidade de grupamentos funcionais em sua superfície, que em contato com as células vegetais resultam na estimulação de diversos ciclos metabólicos, tanto primários (ligados a sínteses hormonais) quanto secundários (ligados a compostos fenólicos).
Desta forma, devem ser aplicados no momento ideal na superfície foliar para que culminem no melhor resultado possível, e assim expressem a melhor efetividade do vegetal.
Desenvolvimento radicular do sorgo
Quando o tema é desenvolvimento do sistema radicular, utilizando a dose correta (entre 30 e 50 mg C L-1 de SH), aplicando no estádio fenológico de maior enraizamento, no sorgo entre o estádio V4 a V6, a substância húmica é implacável.
A alta síntese de hormônios foi descrita por diversos pesquisadores nas culturas, principalmente pelo professor Dr. Canellas. Entre os hormônios mais presentes e mimetizados quando a substância húmica é aplicada via folha está a auxina, apresentando efeitos superiores do que quando se aplica a própria auxina sintética, como por exemplo o ácido-indol-acético.
Desta forma, logo após o controle a quantidade de sítios mitóticos, ou seja, concentrações de auxinas que irão gerar uma raiz lateral, é bem mais acentuado quando se aplica uma substância húmica, tanto um ácido húmico ou fúlvico pela biossintetização deste hormônio em relação a quando se aplica um hormônio sintético.
Na morfologia das plântulas de milho, a aplicação de doses mais acentuadas de ácido-indol-ácético foi até prejudicial às plântulas, enquanto a aplicação da SH promoveu a síntese de raízes laterais até próximo da coifa.
Em situações de campo, esta maior superfície radicular promove maior absorção de nutrientes e água, e assim como no milho, a cultura do sorgo irá enraizar melhor e produzir mais, por possuir maior volume radicular para absorver água e nutrientes, sendo capaz de suportar até um veranico, muito comum nas situações de safrinha que encontramos no Brasil.
Cuidados
Na aplicação de ácido húmico deve-se atentar a alguns aspectos mínimos, como o pH ideal da calda para aplicação. O produtor deve consultar um especialista de sua região para que lhe faça a melhor recomendação, mas geralmente esse pH se encontra próximo a 6,0.