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quinta-feira, novembro 14, 2024
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Nematicida orgânico para hortaliças

Autores

Ana Elisa Lyra Brumat
anaelisalbrumat@gmail.com
Ana Carolina Lyra Brumat 
anaelisalbrumat@gmail.com
Engenheiras agrônomas, mestras em Produção Vegetal e bolsistas pesquisadoras do Incaper
Jade Cristynne Franco Bezerra 
Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
jadefranco9@gmail.com
Lorena Karine Gomes Noronha
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR
lorekare@yahoo.com.br
Foto: Pixabay

Citronela é o nome popular dado às espécies Cymbopogon winterianus e Cymbopogon nardus, que pertencem à família Poaceae, originárias do Sul da Índia e hoje largamente cultivadas em regiões tropicais. São plantas perenes, de crescimento ereto, folhas longas, formando touceiras, e destacam-se pelo forte cheiro característico de limão e eucalipto.

A planta de citronela possui grande quantidade de constituintes químicos importantes, como por exemplo, o seu óleo essencial, que é rico em citronelal, aproximadamente 40%, e possui também pequenas quantidades de geraniol, citronelol e ésteres. O citronelol é um excelente aromatizante de ambientes e repelente de insetos, possuindo ainda ação antimicrobiana local e acaricida (Matos, 2000).

Aplicabilidade

Seu óleo essencial vem sendo amplamente estudado quanto a eficiência de sua aplicabilidade como nematicida “natural” para plantas, principalmente em hortaliças, visando uma alternativa orgânica, econômica e sustentável na produção de alimentos.

Os compostos presentes nos óleos essenciais podem atuar diretamente sobre o patógeno ou serem indutores de resistência, envolvendo a ativação de mecanismos de defesa latentes existentes nas plantas (Moreira et al. 2015).

Contra doenças

No Brasil, os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.), principalmente as espécies M. incognita e M. javanica são responsáveis pelos maiores danos em hortaliças. Atacam uma ampla gama de hospedeiros e causam danos devastadores, sendo responsáveis por perdas entre 20 e 100%, dependendo da densidade populacional, suscetibilidade da cultivar, espécie do nematoide, tipo de solo e condições ambientais (Sikora e Fernández, 2005).

O manejo destes nematoides tornou-se ainda mais difícil, devido ao uso restrito ou à proibição de nematicidas químicos fumigantes, por sua alta toxidade. Contudo, a utilização de óleo essencial de citronela vem se mostrando eficiente no controle nematicida, apresentando tanto efeito “protetor” quanto “curativo”, quando aplicado ao solo no cultivo de hortaliças.

Manejo

O extrato deve ser diluído antes de ser aplicado. Com efeito protetor, pode ser aplicado ao substrato para a produção de mudas de olerícolas e também nas covas/canteiros em decorrência do transplantio das mudas. Também pode ser utilizado com efeito curativo, sendo aplicado no solo com a cultura já estabelecida em campo.

Recomenda-se que a aplicação/incorporação do extrato seja realizada no início da manhã ou no final da tarde, horário de temperaturas mais amenas, com o intuito de diminuir o efeito da temperatura, que pode acarretar a volatilização rápida dos compostos presentes no extrato/óleo.

Resultados

Os nematoides fitopatogênicos atacam as raízes das plantas, absorvendo seus nutrientes e danificando as raízes, fazendo com que a absorção de nutrientes e água sejam prejudicados. Dessa forma, a diminuição e danificação do sistema radicular fazem com que as plantas hospedeiras apresentem redução da parte aérea, tendo como consequência uma menor produtividade na área em razão da mortalidade de plantas.

A erradicação dos nematoides se torna impossível, e uma vez detectados na área, o produtor tem que buscar medidas de controle que diminuam a população no solo, fazendo com que o número de plantas infectadas pelos nematoides seja o menor possível.

No campo

Estudos demonstram que aplicações protetoras e curativas de óleo essencial de citronela são eficazes em atrasar a invasão e o desenvolvimento de M. incognita em cultivos de hortaliças, destacando seu uso de forma protetora, antes do transplante das mudas, principalmente. 

Os principais efeitos observados com a utilização do extrato/óleo é a imobilidade e mortalidade dos juvenis de segundo estádio (J2), no entanto, a longo prazo faz-se necessária a reaplicação das formulações para manter as populações dos nematoides baixas. 

Ainda assim, vale ressaltar que o efeito principal se deve à aplicação do tratamento ao substrato para a produção das mudas, que em concomitância ao manejo do solo das áreas de cultivo, garante o sucesso no controle do fitopatógeno e uma alta produtividade.

Erros

Os erros mais frequentes estão relacionados à identificação da espécie e densidade populacional para a entrada do controle, assim como o intervalo e forma de aplicação do produto.

Estes erros devem ser evitados com um bom diagnóstico de infestação. Deve-se fazer a aplicação do produto sempre em horas amenas do dia, para que não haja perdas na potencialidade do produto, como por volatilização dos seus compostos, ocasionado pela temperatura.

Para que haja boa resposta do controle e bom rendimento das culturas olerícolas, devem-se respeitar os intervalos de aplicação, pois produto em excesso pode gerar efeitos contrários sobre a ação nos fitopatógenos, como por exemplo, proporcionar resistência. 

Investimento x retorno

Os custos dos insumos químicos vão além de financeiros, ao se pensar em agricultura sustentável. Nematicidas sintéticos, além de terem um custo elevado, são altamente tóxicos e têm se mostrado pouco efetivos a médio prazo, levando o produtor a repetir as aplicações sempre que necessário, acarretando em problemas como indução de resistências aos constituintes do produto, que implicam em danos ao meio ambiente e aumento do custo com manutenção da cultura.

Já os extratos/óleos essenciais apresentam baixo custo de produção, pois são extraídos da maceração, trituração e efusão da planta de citronela, que demandam metodologia simples, e até mesmo o próprio produtor pode confeccionar, possibilitando um custo-benefício satisfatório.

Uma das principais formas de manejo das áreas infestadas se dá pela rotação de cultura, e como os ciclos de produção das hortaliças são curtos, é possível o cultivo de diversas variedades ao logo do tempo em uma mesma área, o que diminui a infestação e permanência do patógeno naturalmente.

Em concomitância com o uso dos extratos/óleos, gera eficiência protetiva às áreas de cultivo, assegurando a curto prazo um bom rendimento das culturas, e a longo prazo, pouca necessidade de aplicação, e mesmo assim a um custo muito baixo do produto.

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