Mauro Scigliani Martini
Tecnólogo em Cafeicultura e consultor-chefe na AgriCaffè – Soluções em Cafeicultura
Os herbicidas, inseticidas e fungicidas precisam entrar em contato com o alvo para que possam trazer os resultados esperados. Uma aplicação de qualidade é essencial para que o defensivo tenha efeito e atue de maneira eficiente no controle de plantas daninhas, pragas e doenças.
Porém, o processo de aplicação de defensivos não é tão simples, e muitos fatores comprometem uma aplicação correta. Neste caso, os adjuvantes agrícolas são recomendados por facilitarem e melhorarem a qualidade da aplicação, aumentarem a eficácia e diminuírem os riscos nas pulverizações.
O que são e como funcionam
Adjuvantes são produtos químicos desenvolvidos especialmente para a obtenção de determinados benefícios em uma calda de pulverização, tais como controle de pH, redução de deriva, espalhantes-adesivos, antievaporantes, etc., buscando um melhor aproveitamento dos defensivos ou fertilizantes utilizados no processo de pulverização e/ou redução dos riscos e custos.
Como escolher
Diversos fatores podem influenciar na escolha de um adjuvante, principalmente fatores ambientais, como temperatura, umidade relativa do ar e presença de ventos; a cultura e praga ou doença a ser tratada, o estágio de desenvolvimento das mesmas e o alvo a ser atingindo; questões químicas da água que será utilizada na calda de aplicação, como pH, condutividade elétrica e quantidade de cátions dissolvidos; tipo de defensivo que será aplicado e suas especificações ideais para maior eficiência e, também, o método de aplicação da calda, seu volume e ferramentas utilizadas para tal.
Podemos encontrar diversos tipos e classificações para os adjuvantes na literatura científica, no entanto, é facilmente possível dividi-los em adjuvantes de ação única, ou seja, que possuem apenas uma função, como por exemplo, um adjuvante acidificante para redução de pH, e adjuvantes de múltiplas funções, conhecidos como condicionadores de calda, que podem controlar diversos fatores relacionados à calda em um só produto.
Efeitos de sua aplicação
Em questões ambientais, quando for necessário fazer uma aplicação em condições não ideais, como alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, um bom adjuvante com função antievaporante trará resultados satisfatórios, evitando a perda da calda para o ambiente, assim como sob condição de ventos fortes, um adjuvante que proporciona redução de deriva pode garantir uma boa cobertura de alvo.
Em relação a questões químicas, as águas brasileiras comumente possuem grandes quantidades de íons dissolvidos, majoritariamente Ca, Fe e Mg, que se ligam às moléculas dos defensivos diminuindo sua eficiência no controle das pragas e doenças.
Quanto maior a concentração desses íons, mais “dura” é considerada a água. Sendo assim, adjuvantes com a capacidade de “quebrar a dureza da água”, ou seja, “capturar” os íons de Ca, Fe e Mg, possibilitam a maior eficiência dos defensivos e, consequentemente, melhores resultados.
Podemos, também, encontrar águas com enormes diferenças em relação ao pH, tanto muito ácidas quanto muito alcalinas, e um bom controle desse fator é condição para a utilização de um adjuvante específico para esse trabalho, lembrando que cada defensivo possui sua faixa de pH ideal para ótimo desempenho.
A utilização de adjuvantes com efeito espalhante-adesivo, propicia uma melhor aderência e distribuição da calda no alvo, com menor escorrimento e, também, aumenta a velocidade de absorção dos defensivos utilizados pela planta, diminuindo perdas causadas por chuvas que possam ocorrer poucas horas após a aplicação.
No melhor momento
Adjuvantes podem ser utilizados a qualquer momento do ciclo da cultura e manejo fitossanitário, sempre levando em consideração as especificações dos defensivos e da análise de profissionais competentes na área.
Normalmente, adjuvantes à base de óleo mineral devem ser evitados em condições de aplicação com alta insolação, podendo causar escaldaduras na cultura a ser protegida.
Do modo certo
Normalmente, os adjuvantes devem ser adicionados inicialmente à calda de pulverização, ainda quando no enchimento dos tanques com água, antes dos demais defensivos. Dessa forma, o produto terá uma excelente homogeneização e deixará a água pronta para receber os defensivos que serão aplicados, já com todos os benefícios do adjuvante utilizado.
Obviamente, todas as indicações do fabricante devem ser seguidas à risca para uma maior eficiência.
Custo-benefício
Adjuvantes possuem um custo muito baixo em relação à aplicação e aos defensivos que serão utilizados, tendo uma relação custo-benefício excepcional, mostrando-se uma excelente opção para melhorar a eficiência das propriedades e reduzir perdas.
A utilização de adjuvantes, apesar de simples e barata, deve ser feita seguindo orientações profissionais, sempre levando em conta que a utilização errada pode acarretar grandes prejuízos, tanto em relação à aplicação quanto a possíveis danos à cultura aplicada.
É sempre importante identificar o melhor método, equipamentos e modo de aplicação a ser utilizados no tratamento, identificando, assim, o adjuvante ideal que proporcionará um melhor resultado.