Autores
Cássio Pereira Honda Filho
Doutorando em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
cassiop.honda@hotmail.com
Mariana Thereza Rodrigues Viana
Doutora em Agronomia/Fitotecnia
marianatrv@gmail.com
Otavio Vitor Souza Andrade
Graduando em Agronomia – UFLA e membro do Núcleo de Estudos em Cafeicultura (NECAF) – UFLA
otaviovsandrade@gmail.com
Eduardo Goulart Alves
Representante Renova Agro Comércio LTDA
Em tempos de crise, incrementos de produtividade associados a um menor custo de produção se tornam de suma importância para a manutenção do produtor na atividade cafeeira. Diante disso, novos manejos vêm sendo estudados, como por exemplo, a utilização de aminoácidos e potássio na fase de maturação auxiliando em um maior transporte de carboidratos para o fruto, por consequência atuando no enchimento e no peso final dos grãos.
A fase de maturação do cafeeiro é a última fase da sua fenologia, em que os frutos estão completando seu ciclo fisiológico e estão prestes a serem colhidos. Nessa fase, o hormônio vegetal etileno age promovendo a mudança de cor da casca e um aumento no desprendimento do grão da planta mãe, o que facilita o processo de colheita. Outra atividade recorrente é a intensificação do transporte de reservas das folhas para os grãos onde os aminoácidos e o potássio tem grande notoriedade.
O potássio
Nutrientes como o potássio são importantes em todas as fases fenológicas do cafeeiro, pois ele é responsável pelo enchimento do grão e um dos principais ativadores enzimáticos. O potássio (K), na nutrição de plantas, é considerado o “elemento da qualidade”, atuando na participação de processos ligados à síntese de componentes bioquímicos que são determinantes para a qualidade dos grãos.
De acordo com as pesquisas, esse nutriente aumenta a atividade enzimática da polifenoloxidase e proporciona maior índice de coloração nos frutos, sendo que cafés de qualidade superior possuem maior atividade dessa enzima.
Dessa forma, o potássio está diretamente relacionado com a qualidade dos frutos, em especial com a cor da casca, aroma, tamanho, ºbrix e uniformidade de maturação.
A maturação
Os aminoácidos também possuem papel importante na maturação dos grãos, pois estão associados à nutrição, eficiência de absorção, ao transporte e a uma maior assimilação de nutrientes. Como a fase de maturação é exigente em transporte de fotoassimilados, os aminoácidos podem ter uma ligação íntima e auxiliar diretamente nesse tipo de atividade dentro do processo fisiológico do cafeeiro, resultando em grãos de alta qualidade (especiais) e padronizados (tamanho e peso).
Além disso, ele auxilia no aumento da produtividade, sem que os grãos percam a boa concentração de sólidos solúveis, o que aumenta a qualidade da bebida e do sabor.
Atualmente, alguns produtos têm sido lançados visando uma melhora no transporte de carboidratos na fase de maturação dos frutos do cafeeiro. Um exemplo é o fertilizante foliar organomineral Bulk® da empresa Alltech CropScience, que é um composto à base de aminoácidos e potássio, que promete uma melhoria significativa nesse processo.
Segundo recomendação da empresa, o produto deve ser dimensionado em duas aplicações, em dosagens de 1,5 litro por hectare em um volume de calda de 400 litros, sendo a primeira aplicação após o início da maturação e a segunda considerando um intervalo de 20 dias.
Pesquisas elaboradas pela empresa em parceria com a Agrovista na cidade de Albertina (MG), as ferramentas à base de aminoácidos e potássio geram um acréscimo de produtividade de aproximadamente 5%, além de um ganho qualitativo onde as lavouras que receberam aplicações do produto apresentaram 82% de grãos com peneira superior ou igual a 17 (classificação preferida pelas beneficiadoras para cafés de melhor qualidade), enquanto nas áreas sem a utilização do produto os índices foram de apenas 66%.
A empresa disponibiliza o produto em três tipos de embalagens sendo com 1, 5 e 20 litros. Tomando como base a utilização da embalagem de 20 litros, o preço é em torno de R$ 82,60 por litro. Considerando o aumento de 5% em produtividade e aplicando o produto em uma lavoura com produtividade de 35 sacas/ha, por exemplo, esse aumento geraria um acréscimo de 1,75 sacas/ha, com o preço da saca variando entre regiões de R$ 350,00 a R$ 380,00 e considerando um preço médio de R$ 365,00 o aumento/ganho com a aplicação seria de aproximadamente R$ 390,00 por hectare, desconsiderando o custo operacional que varia de uma fazenda para outra.
Variáveis
É importante considerar que a absorção dos nutrientes varia de acordo com as condições ambientais e o estado de desenvolvimento das plantas. Fatores como variações de temperatura, deficiência de outros nutrientes e excesso de umidade do solo podem também prejudicar a granação.
Além disso, a adubação não deve ser feita com o clima muito seco, sendo que a umidade do ar e do solo auxilia para que os nutrientes tenham o efeito desejado. O produtor deve ter conhecimento da análise de solo dos talhões para evitar doses de potássio em excesso, visto que há dois parâmetros a serem utilizados na recomendação da adubação potássica no cafeeiro, o teor de K no solo e a expectativa de produtividade (sacas beneficiadas/ha).
A utilização de produtos à base de potássio e aminoácidos na maturação do cafeeiro estimulam naturalmente o transporte de carboidratos para os grãos. Se este redirecionamento for feito em quantidade e tempo adequados, as estruturas se desenvolvem melhor. Ao final, teremos um maior número de grãos com melhor desenvolvimento, o que gera também melhor qualidade da bebida. Estes aspectos influenciam de forma direta na negociação do produto e, consequentemente, na rentabilidade do produtor.