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Análise de solo otimiza produtividade do feijoeiro

Crédito: Embrapa Feijão

Giulia Fabrin Scussel
Engenheira agrônoma – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
giuliascussel@gmail.com

Ao preparar a área em que será implantada a lavoura, o agricultor tem a oportunidade de analisar as condições exatas do solo e saber se possui os nutrientes necessários para garantir o sucesso da cultura.
Por isso, a análise de solo é o principal instrumento para o diagnóstico da fertilidade, pois permite a recomendação das quantidades de adubos e calcário necessárias para obter rendimentos elevados das lavouras. Desta forma, é possível unir economia com maior produtividade: os agricultores evitam o desperdício, pois dispensam gastos desnecessários com calagem e adubação, e ao mesmo tempo investem o necessário para ter uma boa produção.

Essencialidade

Os elementos essenciais para o desenvolvimento das plantas são classificados em macro e micronutrientes. Estes nutrientes estão no solo e sua origem pode ser tanto mineral (rochas) quanto biológica (fixação por bactérias, composto vegetal).
Cada elemento desempenha funções essenciais para o crescimento e produtividade das plantas, e a deficiência de apenas um deles pode prejudicar o desenvolvimento das culturas como um todo.
Os macronutrientes são absorvidos em maiores quantidades pelas plantas, enquanto os micronutrientes são absorvidos em menores quantidades, e o rendimento de uma determinada cultura será determinado pelo elemento presente em quantidade mais limitante no solo.
Em outras palavras, a deficiência de um nutriente não pode ser superada pelo excesso de outro. Portanto, é essencial que haja coerência entre a real necessidade de nutrientes do solo e os adubos aplicados, a fim de suprir a demanda nutricional e garantir uma produtividade desejada.

Gargalos

Um dos principais responsáveis pela baixa produtividade dos solos do Brasil é a sua acidez. De maneira geral, devido à acidez, nossos solos contêm teores tóxicos de alumínio e baixos teores de cálcio e magnésio. Uma forma de corrigir estes problemas é realizando a aplicação de calcário.
A calagem é indispensável para aumentar a produtividade das culturas, pois deixa o solo mais básico, ou seja, reduz a acidez. Um solo corrigido com calcário fornece nutrientes essenciais, como cálcio e magnésio; aumenta a disponibilidade de nutrientes que já estão no solo, melhora a absorção de água pelas plantas e favorece a fixação do nitrogênio, melhorando as propriedades físicas e biológicas do solo.
Como é possível perceber, o aumento da produtividade está associado, em grande parte, à adoção de tecnologias que aumentem a disponibilidade de água e nutrientes às plantas. Ou seja, o solo deve estar saudável, sem impedimentos ao crescimento radicular, sejam eles físicos (compactação), químicos (acidez excessiva, com baixos teores de cálcio, fósforo e presença de alumínio tóxico) ou biológicos (nematoides e microrganismos fitopatogênicos), possibilitando que as raízes das plantas explorem camadas profundas.
O excesso de nutrientes no solo, presentes por meio de adubos adicionados, também pode ser prejudicial, reduzindo a resistência da planta e aumentando a chance de ataques de patógenos, insetos-pragas e plantas invasoras. Assim sendo, é necessário uma correta análise de solo, seguida de um programa de fertilidade e nutrição direcionado para cada sistema agrícola de manejo e cultura.

Monitoramento constante

A análise de solo é como um checkup médico ou uma manutenção automotiva, e é essencial que aconteça com regularidade. A cada colheita são retirados nutrientes do solo através dos alimentos produzidos, então para monitorar a qualidade do solo, é recomendado que a análise seja feita a cada dois anos, no caso das culturas de grãos, e todos os anos para verduras, por exemplo.
Na técnica de análise do solo podem ser checados ambos os macro e micronutrientes; quando se faz necessária uma análise mais abrangente, analisam-se ambos os tipos: a chamada análise química completa.
Se a necessidade de informações não for tão grande, pode ser realizada apenas a análise dos macronutrientes, na chamada análise química básica de rotina. Para tomar essa decisão é importante conversar com um Eng. agrônomo ou extensionista, pois fatores como a cultura a ser implantada no solo e o sistema de cultivo agrícola são determinantes.
Para realizar a análise de solo, o primeiro passo é a coleta de material. É importante que a superfície do local de amostragem esteja limpa, portanto, devem ser retirados restos de vegetação, galhos e pedras, sem que se remova a camada superficial do solo. Isto deve ser feito cerca de 120 dias antes do plantio, portanto, é essencial planejamento.

Recomendações

Para realizar a coleta de uma amostra simples, abra uma cova em forma de cunha. O Ministério do Desenvolvimento Agrário recomenda que a coleta seja realizada com um trado ou pá de corte, retirando amostras nas camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm de profundidade.
Cada amostra deve possuir em média 500 gramas de solo, que deve ser colocado em saco plástico limpo, fechado e identificado (data, nome do proprietário e localização da fazenda).
Em um local onde nunca foram realizadas análises, é importante que sejam coletadas amostras em diferentes locais na mesma área (uma amostra a cada 10 ou 20 hectares) e que sejam feitos os dois tipos de análise (macro e micronutrientes). Para análises de rotina não é necessária uma amostragem tão rigorosa.
Quando falamos em amostragem para análise química, trabalha-se com amostras simples e amostras compostas. Amostra simples é o volume coletado em um ponto da área. Amostra composta é a mistura homogênea das várias amostras simples coletadas na área.

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