As discussões sobre a importância do armazenamento correto para a preservação da qualidade das sementes será um dos pontos altos do XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que será realizado entre 10 e 13 de setembro em Foz do Iguaçu (PR). O engenheiro agrônomo Geri Eduardo Meneghello, Doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes, vai ministrar a palestra “A Ciência do Armazenamento de Sementes para um Mundo Sustentável”, um tema cada vez mais relevante para a sustentabilidade.
Meneghello destaca que esta edição do evento vai ampliar as discussões para além das grandes culturas como soja, milho, trigo, arroz e algodão, contemplando outras espécies incluindo forrageiras, florestais, olerícolas, silvestres e espécies medicinais. Cada uma dessas categorias possui suas próprias características, exigindo cuidados específicos em função de sua morfologia, composição química e necessidades de armazenamento. Algumas peculiaridades que remetem a necessidade e possibilidade de armazenar por diferentes períodos.
Ele observa que o tempo de conservação das sementes varia significativamente, podendo ir de alguns meses a vários anos, dependendo do tipo de semente e das condições em que são armazenadas. “Nós temos sementes de tamanhos bem distintos, com composição química distinta, de maior ou menor valor agregado, e tudo isso deve ser considerado dentro do contexto de preservação e qualidade de armazenamento”, ressalta o especialista.
Ele destaca a importância de se considerar a sustentabilidade na preservação das sementes e enfatiza o uso correto dos recursos naturais, evitando desperdícios e perdas de qualidade no processo. “Essa preocupação com a sustentabilidade não é nova. Já na década de 1960 e 1970, os pesquisadores J. Delouche e J. Harrington estabeleceram preceitos fundamentais para o armazenamento de sementes, que são válidos até hoje. Esses estudos mostraram que as melhores condições para preservar sementes incluem baixa umidade e temperaturas frias, sobretudo para sementes ortodoxas, que podem ser desidratadas sem perder sua viabilidade”, informa.
Com o avanço da tecnologia, práticas antes economicamente inviáveis, como o resfriamento das sementes de grandes culturas, agora são possíveis. Meneghello cita a geração de energia fotovoltaica como um exemplo de inovação que promove a sustentabilidade, oferecendo uma forma de conservar a qualidade das sementes, especialmente em regiões tropicais, como o Centro-Oeste brasileiro, onde culturas como a soja são amplamente cultivadas. “O uso da energia fotovoltaica é uma excelente prática que vai ao encontro da sustentabilidade, como uma medida de uso adequado das fontes de energia para se preservar a qualidade da semente”, afirma.
Além do armazenamento de sementes de culturas tradicionais, Meneghello vai abordar a preservação de espécies nativas e crioulas, enfatizando a importância dos bancos de germoplasma. Instituições como a Embrapa mantém esses bancos, onde se conservam sementes de espécies nativas e cultivadas, garantindo sua perpetuação. Meneghello salienta que, conhecendo as condições ideais de preservação, é possível manter coleções de sementes de forma eficiente, contribuindo para a conservação da biodiversidade.