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Atemoia – Alternativa para diversificar a fruticultura

Autor

Laís Cristina Bonato Malmann Nedilha
Engenheira agrônoma e mestra em Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Janaina Marek
Engenheira Agrônoma e Doutora em Produção Vegetal
janainamarek@gmail.com

A atemoia é uma fruta exótica que foi introduzida recentemente no Brasil, apresentando mercado interno e expansão com indicação de cultivo em pequenas propriedades agrícolas, devido à exigente dedicação em todas as etapas de cultivo.

Obtida pelo cruzamento entre a cherimoia (Annona cherimola, Mill) e a fruta-do-conde (Annona squamosa L.), é uma árvore de pequeno porte, atingindo de 04 a 05 metros de altura, com folhas de 06 a 07 centímetros de comprimento e flores amarelo-esverdeadas.

Os frutos são formados por numerosas protuberâncias que correspondem às sementes, e variam de 150 a 750 gramas, com polpa de coloração branca ou creme, macia, nutritiva e doce.

Cultivo no Brasil

Por ser um fruto ainda pouco cultivado, é possível atingir um bom valor de mercado. Atualmente, o cultivo nacional de atemoia está dividido em 1.000 hectares concentrados principalmente nas regiões sul e sudeste, possuindo também uma pequena concentração no Estado da Bahia.

O Estado de São Paulo é o maior produtor de atemoia do País, com 43,8%, seguido de Minas Gerais, Paraná e Bahia, com produção de aproximadamente 18,8%.

Como plantar

A melhor opção para plantar atemoia é utilizando uma muda já enxertada, que pode ser adquirida em viveiros de boa procedência. As mudas enxertadas são mais fortes e resistentes a brocas e fungos. Além disso, a produção dos frutos começa mais cedo, por volta do terceiro ano de crescimento.

Outra opção é plantar com sementes retiradas dos próprios frutos, entretanto, como a atemoia é uma planta resultante de hibridização (entre a fruta-do-conde e a cherimoia), a brotação de sementes demora muito mais tempo, resultando em uma planta que frutifica a partir de quatro anos.

A produção dos frutos também pode ser afetada, com tamanho e qualidade pouco uniformes, predominando características mais próximas das plantas originárias e distantes da própria atemoia. As plantas obtidas por sementes também poderão ser mais suscetíveis às doenças presentes no solo, por não apresentarem um cavalo (enxerto) mais resistente.  

Exigências para um cultivo promissor

A cultura da atemoia se adapta melhor aos climas tropicais de altitude e subtropicais, assim como a vários tipos de solo, com preferência para aqueles bem drenados. Não tolera geadas e temperaturas muito baixas, principalmente as plantas jovens e as adultas em fase de florescimento e maturação dos frutos, preferindo inverno seco e precipitação bem distribuída no período vegetativo, com temperaturas mínimas médias variando de 10 a 20ºC e máximas médias de 22 a 28ºC.

É recomendado que o plantio de atemoia ocorra em períodos chuvosos, devido à necessidade de água para as mudas. As covas devem ter as dimensões de 40 x 40 x 40 cm e ser preparadas 60 dias antes do plantio para o assentamento e fermentação da matéria orgânica.

Para prevenir doenças das raízes e colo, deve-se realizar o plantio cerca de 5 cm do torrão acima do nível do solo, colocando-se terra para formar um acamamento, que irá promover o escoamento da água da chuva.

Principais tratos culturais

No mês anterior ao preparo das covas para o plantio, recomenda-se aplicar calcário dolomítico, de acordo com a análise de solo, para elevar a saturação de bases para 60%. Para cada cova recomenda-se adicionar à terra extraída 160 g de P2O5, 90 g de K2O e 200 a 500 g de calcário dolomítico, todos bem misturados antes de colocar nas covas. Recomenda-se utilizar microaspersão para irrigação, considerando que uma planta adulta em plena produção necessita de 40 a 55 litros de água por dia.

Fitossanidade

As principais pragas e doenças que podem afetar diretamente o cultivo de atemoia, e que são consideradas entraves para o desenvolvimento da cultura, são:

Ü Broca-dos-frutos: recomenda-se adotar o controle natural por meio da coleta ou queima de todos os frutos atacados ou caídos no chão, uma vez que o controle químico não é eficiente e também prejudica a atuação dos polinizadores. Outra medida é realizar o embalamento dos frutos, principalmente próximo à colheita, quando os frutos ficam mais suscetíveis ao ataque;

Ü Podridões de raízes e colmo: o controle é eficaz seguindo rigorosamente as recomendações de plantio e de poda de formação;

Ü Cancro dos ramos: eliminar e queimar toda e qualquer parte atacada.

Outro trato cultural que também merece destaque e atenção é o raleio (desbaste) dos frutos, que visa eliminar os frutos em excesso, com defeitos, doentes, atacados por pragas ou que se encontrem juntos a outros frutos, tornando-os mais acessíveis ao ataque da broca-dos-frutos. O raleio influencia diretamente no tamanho dos frutos, pois frutos sobrepostos não terão espaço para se desenvolver. Para a atemoia, o tamanho do fruto irá influenciar diretamente no custo da produção.

Época de colheita

A colheita da atemoia deve ocorrer de fevereiro a junho, com pico em março e abril. Esse ponto de colheita é fundamental para a qualidade do fruto, considerando que ocorre uma mudança na coloração da casca, passando de cor verde-clara-brilhante para verde-amarelada-pálida.

Os frutos amadurecem cerca de 100 a 120 dias após o florescimento. Em pomares comerciais, uma planta de atemoia pode sustentar aproximadamente 150 frutas com peso médio, no período de colheita, em torno de 400 gramas cada.

Viabilidade do plantio

Nos tempos atuais, a atemoia pode ser considerada uma boa alternativa para quem busca diversificar a produção em pequenas propriedades, pois exige dedicação para seu cultivo, tornando-se ideal para o pequeno produtor. 

A fruta pode ser cultivada sozinha ou até mesmo consorciada com outras culturas, como a do pêssego. Muitos produtores já consideram o cultivo de atemoia um bom negócio em longo prazo.

O investimento inicial é considerado alto e com período lento para ter retorno, entretanto, quando a produção iniciar, seu retorno valerá a pena. A partir do início da produção e da colheita, iniciará o retorno do investimento, considerando que uma planta adulta e bem manejada proporciona uma excelente alternativa de renda para o produtor, gerando uma produção média de 20 caixas de frutos com ótima qualidade para o consumo.

A produção está sendo vendida, nas últimas safras, com valor médio de R$ 8,00 o quilo, considerando que o tamanho do fruto também influencia no preço final. Frutos maiores são mais caros e os frutos menores perdem valor de mercado.

Mercado consumidor

A atemoia vem ganhando cada vez mais espaço no mercado, por apresentar diversas características físicas, nutritivas e produtivas. Quando comparada à fruta-do-conde, a atemoia apresenta um sabor doce, com poucas sementes e tamanho maior.

Em sua composição destaca-se a presença de potássio, considerado um nutriente importante no equilíbrio do organismo. A fruta possui uma grande quantidade de carboidratos, que é fonte primária de energia para o corpo, podendo ser consumida in natura ou em forma de suco.

É uma fruta típica de mesa, de aspecto natural, e por isso sua aparência é muito importante e deve ser preservada. Serve também para elaboração de sorvetes e polpas. Sua casca e sementes representam cerca de 40% do total do fruto, e possui a maior quantidade dos nutrientes, podendo ser aproveitada, aumentando o valor agregado ao fruto.

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