Marcelo Prado
CEO MPrado Consultoria
marceloprado@mprado.com.br
Manuel Pereira
Consultor Sênior especialista em Barter
O “barter” vem da palavra inglesa que significa permutar. Dentro do agronegócio, é um mecanismo de troca e de financiamento de insumos agrícolas utilizados pelos produtores rurais em suas lavouras e com pagamento no período de safra através de sacas de soja, milho, trigo, café e outros produtos oriundos de suas lavouras.
Em suma, é uma troca de insumos agrícolas por grãos, que muitas vezes facilita o planejamento do empresário rural e ao mesmo tempo funciona como um hedg, e porque o custo do insumo já fica definido por uma quantidade de comodities.
O que pode ser negociado?
Os mais expressivos insumos negociados via barter são os fertilizantes, sementes e defensivos, pela ordem. Máquinas e implementos agrícolas já são, também, comercializados através desta modalidade, mas seus volumes ainda não são tão significativos quanto dos insumos.
A própria terra, muitas vezes, é comercializada através de troca por uma quantidade de sacas das commodities, que normalmente são pagas num prazo de cinco anos. Este tipo de operação gera conforto para o agricultor, porque nestes casos o compromisso fica atrelado à sua moeda, que é o grão.
Vantagens e desvantagens do barter
Como o barter é utilizado como moeda de troca e de facilidade para os produtores rurais, e eles estão acostumados a precificar seus custos em sacas dos produtos colhidos, não há que se falar em desvantagens, pelo contrário, o mecanismo do barter oferece proteção contra oscilações cambiais, bem como da variação dos preços das commodities no mercado internacional.
Acrescente-se a isso a liquidez gerada para o produtor, tendo em vista que ele não se preocupa com o refinanciamento de capital de giro e, como a operação é travada desde o início da negociação, não há o que temer sobre a oscilação da taxa de juros.
O único ponto de atenção para o agricultor é se a cesta de insumos que ele está permutando por uma quantidade “x” de grãos está com uma precificação justa para que esse negócio se torne equilibrado e equitativo para as partes.
Origem do barter
O barter teve seu início na década de 90, com grandes companhias negociadoras de grãos junto aos produtores rurais. Com o tempo, foram se incorporando a esta modalidade as empresas de insumos e de máquinas agrícolas, por verem nesta uma moeda de troca interessante e uma estratégia comercial.
Cerca de 70% das tradings, indústrias de insumos, cooperativas e revendas realizam esse tipo de operação, atualmente.
Tendências nacionais
O barter tem, a cada ano, ganhado importância no mercado agrícola, haja vista que algumas grandes tradings no mercado têm desenvolvido diretorias específicas de barter para melhor lidarem com esta modalidade.
A expectativa é de crescimento a cada ano no volume de negócios realizados por barter. Algumas indústrias, com o propósito de fomentar estas operações, sacrificam parte de suas margens, remunerando o valor da comodities acima do mercado para incentivar o crescimento dessas operações.
O que vem pela frente
Em nosso ponto de vista, o barter não é apenas um ‘escambo’, pelo contrário, é uma operação complexa não para o produtor, mas sim para as empresas que oferecem a modalidade, pois elas precisam, para a sua própria segurança, realizar o travamento das operações via hedge em bolsas de mercadorias nacionais e internacionais, e em alguns casos, trazem junto uma instituição financeira para realizar o pagamento de toda operação aos compradores.
Em resumo, o barter é uma estratégia interessante, viável para todas as partes envolvidas, mas para quem oferece os insumos em troca dos grãos, é necessário realizar um bom planejamento financeiro e logístico para que não ocorra uma possível ineficiência operacional que possa comprometer o resultado da operação.
O que pode ser negociado via barter?
- Fertilizantes
- Sementes
- Defensivos
- Máquinas
- Implementos agrícolas
- A própria terra