Por Tatiana Faria, especialista em Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Segundo o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizada no último mês de junho, a estimativa de produção nacional da safra 2022/23 é de 155,7 milhões de toneladas de soja e 125,7 milhões de toneladas de milho, o que equivale, respectivamente, a 38% e 12% da produção mundial. Já a produção estimada de cana-de-açúcar para a safra 2023/24 é de 637 milhões de toneladas, equivalente a 40% da produção mundial. A produção dessas e de outras culturas está diretamente relacionada com boas condições climáticas, manejo adequado e controle de pragas e doenças.
Dentro das técnicas de manejo dessas culturas, a utilização de bioinsumos têm ganhado importante projeção. Bioinsumos são organismos vivos, como bactérias, insetos e plantas, usados para potencializar a fertilidade do solo, melhorar a nutrição vegetal e controlar pragas e doenças. Eles apresentam menor custo para o produtor, não prejudicam a biodiversidade e o meio ambiente e podem ser utilizados junto com defensivos químicos ou, em alguns casos, até mesmo substituí-los.
Atualmente, consumidores de todo o mundo exigem uma postura comercial e produtiva mais sustentável e consciente, então, o setor do agronegócio busca a diminuição dos custos aliada à produção sustentável, otimizando a produtividade das culturas ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente e seus recursos naturais. Com isso, a tecnologia de bioinsumos cresce e projeta o Brasil como líder mundial na produção e utilização de biológicos.
Segundo pesquisa feita pela consultoria Kynetec, o mercado de bioinsumos ampliou 37%, atingindo 1,7 bilhão de reais na safra 2020/21 e as maiores áreas sob controle biológico com bioprodutos registrados em 2022 foram soja (20 milhões de ha), milho (9,8 milhões de ha), cana-de-açúcar (6,6 milhões de ha) café (0,4 milhão de ha) e outras culturas (4,1 milhões de ha). O número de produtos biológicos registrados no Brasil saltou de um, em 2005, para 482, registrados em fevereiro de 2023.
Alguns pontos favorecem o crescimento do mercado de biológicos. Entre eles, os defensivos químicos de uso tradicional têm perdido a eficácia devido à resistência de pragas e doenças, fazendo com que os biológicos façam parte das medidas de manejo da lavoura. Outro ponto é que o Governo Federal tem adotado novas medidas de incentivo à produção de bioinsumos, como o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado em maio de 2020 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Portanto, diante deste novo cenário no agronegócio, as empresas buscam se adaptar investindo em pesquisas e incluindo produtos biológicos em seus portfólios. Já os agrônomos e consultores da área buscam se qualificar para oferecê-los aos produtores de alimentos, tornando a cadeia produtiva mais sustentável e diminuindo o uso de produtos químicos que prejudicam o meio ambiente e a sua diversidade.