Dhyene Rayne dos Santos Becker
Engenheira agrônoma e mestra em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com
No Brasil, algumas espécies de folhosas, como a alface, já atingiram estágios de evolução que exigem elevado nível técnico para alcançar melhor produtividade, sendo a alface uma delas.
Portanto, a busca por técnicas alternativas de produção e produtos promotores do crescimento e desenvolvimento vegetal são algumas das soluções para a obtenção de alta qualidade e produtividade, auxiliando o produtor no manejo dessa cultura e na busca por menores perdas pós-colheita desta espécie tão consumida na mesa dos brasileiros.
Estratégias
A durabilidade do alface pode ser aumentada utilizando vários biorreguladores, como etileno (pode retardar o processo de envelhecimento na alface), o ácido salicílico (que pode ajudar a prolongar a durabilidade da alface), ácido giberélico (ajuda a manter a qualidade e a frescura, reduzindo a taxa de degradação), ácido ascórbico (pode ser aplicado para reduzir o estresse oxidativo) e citocininas (como a benziladenina, BA), que podem retardar a senescência, ajudando a manter a alface fresca por mais tempo.
Esses biorreguladores podem ser aplicados pela imersão, pulverização ou tratamento com vapor, dependendo da logística na pós-colheita dessa hortaliça. O produtor deve sempre considerar que o uso desses reguladores deve ser feito de maneira controlada e em conformidade com as regulamentações de segurança alimentar.
Como atuam
Os biorreguladores promovem o crescimento e desenvolvimento da alface por meio de vários mecanismos que influenciam processos fisiológicos e bioquímicos das plantas. É importante destacar que existem diferenças nos resultados de durabilidade e qualidade da alface entre os vários tipos de biorreguladores.
Cada um atua por meio de mecanismos específicos e pode ter diferentes efeitos na planta. Podemos citar o ácido giberélico, que promove o alongamento celular que resulta no crescimento das folhas, na germinação e no retardo da senescência, prologando a vida útil das folhas.
O ácido salicílico, por exemplo, aumenta a resistência das plantas ao estresse ambiental, além de melhorar a defesa da planta contra doenças, reduzindo assim a necessidade de agroquímicos.
A citocinina, outro biorregulador, estimula a divisão celular, resultando em um crescimento mais rápido das folhas, retarda também o envelhecimento e promove a formação de brotos laterais.
Em um resumo geral, os biorreguladores atuam regulando os níveis hormonais das plantas, equilibrando o crescimento e desenvolvimento. Além disso, influenciam a expressão de genes específicos associados ao crescimento, desenvolvimento e resposta ao estresse, bem como aumenta a eficiência do metabolismo das plantas, melhorando a absorção de nutrientes e a fotossíntese.
Shelf-life
Ao utilizar biorreguladores de maneira controlada e eficiente, é possível maximizar a vida útil da alface pós-colheita, reduzindo significativamente as perdas e mantendo a qualidade do produto até o consumo final.
A escolha do biorregulador adequado depende dos objetivos específicos de durabilidade e qualidade, do tipo de alface e das condições de armazenamento. Em muitos casos, uma combinação de biorreguladores pode ser a abordagem mais eficaz para maximizar a vida útil e manter a qualidade da alface pós-colheita.
Limitações
A implementação do uso de biorreguladores e técnicas alternativas de produção na cultura da alface pode trazer inúmeros benefícios, mas também apresenta diversos desafios para os produtores, tais como custos, visto que são altos, especialmente aqueles que são patenteados ou de última geração.
Os produtores precisam de conhecimento técnico sobre uso adequado, dosagem e métodos de aplicação. Além disso, há a questão da eficiência e resultados que são variáveis, pois as diferentes variedades de alface podem responder de maneiras diferentes aos mesmos biorreguladores, bem como condições ambientais também podem afetar a eficácia.
Outro ponto crucial são os fatores ligados à sustentabilidade, em que se deve avaliar o impacto ambiental dos biorreguladores, incluindo sua produção e aplicação, que pode ser complexa.
Ademais, integrar o uso de biorreguladores com outras práticas agrícolas, como irrigação e controle de pragas, pode ser desafiador. Ao abordar esses desafios com uma abordagem integrada e colaborativa, os produtores de alface podem aproveitar os benefícios dos biorreguladores e das técnicas alternativas de produção, melhorando a qualidade e a durabilidade de seus produtos enquanto promove práticas agrícolas mais sustentáveis.