O levantamento feito pelo CDP Latin America – organização internacional referência no mapeamento de emissões, que administra o sistema mundial de divulgação ambiental de empresas, cidades, estados e regiões, aponta um aumento de 46% no número de empresas brasileiras que relatam dados de atuação e compromissos no combate às mudanças climáticas. Do total, 32% reportaram os dados pela primeira vez.
A Política Nacional de Mudanças Climáticas e novo decreto federal, de maio deste ano, trazem instrumentos para criação do mercado regulado de carbono no Brasil. De acordo com o decreto, os setores da economia têm prazo até novembro de 2022 para apresentarem suas curvas de descarbonização.
A especialista em prevenção de passivos ambientais e na eliminação de desperdícios de recursos naturais, diretora da Flos Ambiental, Clarissa Souza, destaca que as empresas precisam começar pelo inventário de emissão de Gases de Efeito Estufa GEE, para identificar as fontes e quantificar as emissões atuais. “Independente do tamanho da empresa, é preciso se adequar às diretrizes e traçar metas para reduzir as emissões”, afirma.
Clarissa aponta que diversos fatores, como a frota da empresa, rede de fornecedores e sistemas de aquecimento influenciam na emissão de gases de efeito estufa. “É preciso fazer uma análise profunda da cadeira produtiva, definir limites organizacionais e operacionais da empresa, para traçar metas próprias para a curva de descarbonização. Muitas vezes, pequenas mudanças e reestruturações já alcançam reduções bem consideráveis”, completa.
A especialista lembra que o Brasil ainda precisa engajar muitas empresas, mas já tem grande representatividade quando o assunto é dados ambientais. Dados do CDP Latin America mostram que 53% das companhias divulgaram de que forma os riscos e oportunidades relacionados ao clima influenciam suas estratégias, índice maior do que os 36% das organizações (4.800) que reportaram mundialmente. Além disso, 35% delas implementaram ao menos uma iniciativa para reduzir emissões ao longo do último ano, ligadas à eficiência energética nos processos de produção, consumo de energia de baixo carbono, eficiência energética em edifícios e transporte.