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Pâmela Gomes Nakada Freitas
Engenheira agrônoma, doutora e professora da Fundação Gammon de Ensino de Paraguaçu Paulista
Felipe Oliveira Magro
Engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo de JundiaÃ
Antonio Ismael Inácio Cardoso
Engenheiro agrônomo e professor adjunto da FCA/UNESP
Conhecido popularmente como couve-brócolo, brócolo, brócoli e brócolis, esta é uma hortaliça da família Brassicaceae da espécie Brassica oleracea var. italica. Existem dois tipos: o tipo ramoso (vendido em maços) e o tipo cabeça única. Apresenta elevada importância nutricional, rico em cálcio, fósforo, ferro e fibras, além do seu reconhecimento para prevenção de câncer de próstata.
O brócolis tem procedência da região do mediterrâneo, adaptada a clima ameno, predominando no mercado os cultivares de inverno, exigindo temperaturas em torno de 20 a 25ºC antes da emergência dos primórdios florais, e temperaturas mais baixas no estádio reprodutivo entre 15 e 18ºC, sendo uma cultura tolerante a geadas suaves.
É uma cultura que exige poucos tratos culturais, no entanto, a escolha do cultivar e sua interação com o clima são de fundamental importância para o sucesso na colheita. O brócolis pode iniciar o desenvolvimento dos seus primórdios florais a relativamente altas temperaturas. Contudo, quando estas ocorrem, aumentam as desordens fisiológicas e a suscetibilidade às doenças.
No inverno
Em cultivares de inverno, se a temperatura permanecer acima de 25ºC ocorrerá atraso na formação da inflorescência em plantas que se encontram em fase de crescimento vegetativo. Por outro lado, se as plantas já estiverem em estádio de formação dos primórdios florais, poderá reverter para crescimento vegetativo, reduzindo o tamanho da parte comercial, como também pode ocorrer desenvolvimento de folhas ou brácteas nos pedúnculos florais.
Outro impasse é no momento da colheita, pois temperaturas altas aceleram o desenvolvimento, dificultando sua colheita no estádio adequado para comercialização, reduzindo o período de conservação pós-colheita.
Para o verão
Embora o clima ameno seja o mais adequado para esta cultura, devido ao melhoramento genético nas últimas décadas surgiram novos cultivares e híbridos, possibilitando o plantio o ano todo, tanto para o brócolis do tipo ramoso como para o de cabeça única.
Na região Sudeste do Brasil, no verão, além de temperaturas altas também coincidem as elevadas precipitações, que são condições favoráveis para as principais pragas e doenças dessa cultura. Portanto, os materiais de verão devem ter menor sensibilidade aos efeitos da alta temperatura durante todo seu ciclo, reduzindo as consequências, como as descritas para cultivares de inverno.
Propagação
A cultura é propagada por sementes por meio da produção de mudas em bandejas de poliestireno expandido (isopor) ou polipropileno (plástico), atingindo ponto de transplante ao apresentar cerca de quatro folhas definitivas.
É uma cultura que se desenvolve bem em solos argilosos, exigindo saturação por bases de 80%. Antes de efetuar o plantio, é de suma importância coletar uma amostra de solo do local para posterior recomendação de adubação. O preparo da área deverá ser realizado 10 dias antes do transplante. As mudas devem ser transplantadas geralmente no espaçamento de 0,7 a 1,0 m entrelinhas e 0,3 a 0,5 m entre plantas.
Nutrição
Os micronutrientes, como boro e molibdênio, são imprescindÃveis para essa cultura, recomendando-se 1,0 g L-1 de ácido bórico, pulverizando-se de três a quatro vezes, bem como 1,0 g L-1 de molibdato de sódio, aplicando-se de três a cinco vezes.
A primeira aplicação para esses dois elementos deve ser no início de desenvolvimento das mudas, e as demais ao longo do ciclo da cultura. As pulverizações foliares devem ser feitas com espalhante adesivo devido à grande quantidade de cera nas folhas das brássicas. Solos ricos em matéria orgânica podem prescindir das aplicações destes micronutrientes durante o ciclo no campo.
A ausência desses micronutrientes causam sérios prejuízos na produção. A deficiência por boro é identificada pela presença de talo oco, que muitas das vezes é apenas identificada no momento da colheita, reduzindo drasticamente a produção e/ou o período pós-colheita.
Além do mais, já foram relatadas a maior suscetibilidade ao ataque da podridão mole causada por bactéria quando plantas se encontravam em estado de deficiência desse elemento. Outra influência é na redução do desenvolvimento dos primórdios florais, refletindo na produtividade.
Quanto ao molibdênio, o sintoma de deficiência é a deformação no limbo foliar, mais conhecida popularmente por “ponta de chicote“, afetando a taxa fotossintética da planta.