Nas duas últimas semanas de fevereiro, os futuros do Arábica caíram de forma acentuada, voltando aos níveis de 370 c/lb após atingirem quase 430 c/lb em meados de fevereiro, em uma correção esperada devido à forte alta anterior. A saída de torrefadores, a queda do Open Interest e a liquidação de posições por fundos especulativos contribuíram para a correção.
Segundo Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, “apesar da correção, vimos o mercado retornar aos patamares de 400 c/lb nesta primeira semana de março, devido ao clima no Brasil e a ausência de vendedores brasileiros, devido ao Carnaval. Por outro lado, preços elevados ainda podem refletir em queda da demanda neste ano, já que grandes empresas do setor sinalizam desafios e possíveis novos aumentos de preços”.
Clima no Brasil
As preocupações com a oferta seguem devido ao clima adverso no Brasil. Após boas chuvas no final de 2024 e em janeiro, fevereiro foi seco e quente no Centro-Sul, afetando regiões produtoras de Arábica.
“Minas Gerais, maior produtor do país, registra a menor precipitação em décadas, impactando especialmente o Sul de Minas e a Zona da Mata. São Paulo também enfrenta sua menor precipitação acumulada em 10 anos, com temperaturas acima da média e previsão de nova onda de calor”, destaca Laleska.
O clima deste ano se assemelha (ou é ainda mais severo) ao de 2024, quando os rendimentos da safra 24/25 foram reduzidos. A falta de chuva e o calor podem afetar o enchimento do grão, resultando em grãos menores ou defeituosos, além de impactar a fisiologia das plantas após dois anos de condições climáticas adversas.
“Ainda é cedo para prever impactos na safra 25/26, mas se a chuva não retornar em março, novas revisões nas estimativas podem ser necessárias. Se o clima seguir desfavorável, os preços futuros podem subir, com o contrato de maio/25 podendo voltar a testar os 430 c/lb especialmente dado o menor volume disponível do café brasileiro no mercado. É importante ressaltar que, nesta semana, o contrato voltou acima dos 410 c/lb. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão para março indica menos chuvas em regiões produtoras e temperaturas acima da média, o que pode afetar a produção, mas também antecipar a colheita da próxima safra”, conclui.