Guilherme Henrique Souza Medeiros
Graduando em agronomia pela UFLA e membro do Núcleo de Estudos em Sistema de Plantio Direto (NESPD)
Maria Beatriz Pereira da Silva
Graduanda em Agronomia pela UFLA, membro do Núcleo de Estudos em Genética e Melhoramento de Plantas e trainee da empresa Terra Jr Consultoria Agropecuária
A cebola é uma das hortaliças mais importantes para a agricultura brasileira. A produção de cebola no Brasil é realizada nas regiões sul (50,0%), nordeste (24,5%), sudeste (21,6%) e centro-oeste (3,8%).
As diferenças regionais relacionadas às cultivares, área plantada, produtividade e uso de tecnologias de produção são consideráveis. Essas diferenças devem-se, principalmente, Ã variação nas condições de clima e solo das regiões produtoras, e por ser a cebolicultura brasileira realizada predominantemente em propriedades pequenas, em exploração de caráter familiar, principalmente nas regiões sul e nordeste.
A produção brasileira atende apenas o mercado interno, destinando o produto basicamente para consumo in natura, como condimento e salada. Por sua vez, a utilização de bulbos de cebola como matéria-prima para o processamento nas formas de pasta de cebola, cebola desidratada e cebola em conserva é incipiente.
No Brasil, a produção de cebolas passou de 1.141.810 toneladas para 1.412.938 toneladas no período de 2000 a 2009; com crescimento de 23,7% e aumento da produtividade de 28,5% no período, passando de 17,2 t ha-1 para 22,1 t ha-1. No mesmo período, ocorreu redução de 3,5% na área plantada, passando de 66.296 para 63.964 hectares, evidenciando aumento da produtividade devido também às cultivares híbridas que foram introduzidas.
O melhoramento genético
As cultivares disponibilizadas pela pesquisa em melhoramento genético de cebola no Brasil proporcionaram ganhos significativos em produtividade, diversidade, adaptação a estresses bióticos e abióticos e possibilitaram a modernização dos sistemas de cultivo, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento e sustentação da cebolicultura.
Alta resistência a doenças foliares, como as causadas por Colletotrichumgloeosporioides e Alternaria porri é uma das características das cultivares brasileiras. Além disso, pesquisas com a identificação de linhas estéreis e mantenedoras da macho-esterilidade estimulam a produção de novas cebolas híbridas.
Cebolas híbridas x convencionais
A produção de cebola no Brasil continua baseada em cultivares de polinização aberta (cerca de 70% da área plantada), com seleções do tipo ‘Baia Periforme’, principalmente, e ‘Crioula’ dominando o mercado.
Podem-se citar duas das principais razões responsáveis por essa situação: preço impeditivo para agricultores que empregam baixo nível tecnológico em relação às cultivares de polinização aberta e a suscetibilidade da cultura ao C. gloeosporioides, principal doença no Nordeste do Brasil.
As cebolas convencionais possuem, entre outras qualidades, tolerância a doenças, boa conservação pós-colheita e ampla variação de formato, tamanho, cor, número e espessura de catafilos.
As cebolas do grupo ‘Crioula’ são adaptadas principalmente à região sul e são responsáveis pelo desenvolvimento alcançado pela cultura em Santa Catarina. Seus bulbos possuem elevada conservação pós-colheita, catafilos externos de coloração amarelo-escura e ampla aceitação pelo mercado.
O tipo ‘Grano’ é hoje representado por híbridos, com destaque de cultivo em áreas de alta tecnologia. As cultivares híbridas, cujos plantios vêm aumentando significativamente nos últimos anos, têm chamado a atenção de médios e grandes cebolicultores, principalmente pela uniformidade de bulbificação e maior capacidade de adaptação, o que garante a produção o ano todo nas diferentes regiões do Brasil.
Além disso, observa-se melhor padronização comercial e tolerância à maior densidade de plantio em relação às cultivares de polinização aberta, visto que cebolas híbridas possuem a característica de homeostase genética e capacidade de estabilidade em condições adversas, levando-as a atingirem maiores produções.
Opções
A preocupação dos fornecedores de insumos em disponibilizar no mercado produtos com alto valor agregado e com diferenciais competitivos permitiu, nos últimos anos, o lançamento de vários materiais híbridos de cebola.
As empresas têm apresentado esses materiais em feiras e dias de campo com a promessa de produção com alta qualidade de bulbo e pele, excelente conservação pós-colheita, maior produtividade, formato uniforme e maiores possibilidades no planejamento de plantio e colheita por meio de ciclos fenológicos diferentes.
Atualmente, vários híbridos de cebola estão disponíveis no mercado, apresentando variações de ciclos fenológicos e características de formato e coloração. Os híbridos mais cultivados no Brasil são os do tipo Granex, de dias curtos, desenvolvidos nos Estados Unidos. Alguns desses híbridos são mais recentes e garantem boa adaptabilidade a várias regiões produtoras do País, apresentando boas produtividades e boas características de bulbo do Sul ao Cerrado.