Aldeir Ronaldo Silva – Engenheiro agrônomo e doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP – aldeironaldo@usp.br
João Pedro Ramos da Silva – joaopedror@usp.br
Giovana Cunha – giovanacunha@usp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
O híbrido ideal para safrinha deve ser aquele que consiga suportar as adversidades encontradas no campo, ou seja, precisa ser rústico e apresentar consistência na produção. Além disso, o híbrido deve ter um bom potencial produtivo e ser resistente às possíveis doenças e pragas que possam afetar a cultura.
Outros fatores que devem ser pontuados para bons híbridos são a resistência ao tombamento ou queda e a formação satisfatória de palha.
O mercado, hoje, já oferece opções de híbridos com ciclos variados, levando em consideração a genética de cada híbrido, condições climáticas e o tipo de manejo. Dessa forma, eles podem ser classificados em superprecoces (105 a 125 dias), precoces (115 a 130 dias) e normais (125 a 140 dias). O híbrido deve ser escolhido com base na época de colheita da safra.
Benefícios de uma boa escolha
A vantagem de se trabalhar com sementes de milho híbrido está no fato de possuírem elevado potencial genético de produção, pois essa técnica possibilita melhores resultados em relação aos resultados obtidos com qualquer um dos pais.
Dessa forma, a produtividade no final do ciclo tende a ser melhor com o emprego dos híbridos. No entanto, é essencial um bom entendimento da adaptação e do ciclo de cada híbrido para que se possa atingir os ganhos esperados.
Manejo
Sem dúvida, um dos fatores mais importantes para o sucesso na produção é realizar o plantio na época correta, além da escolha de um híbrido adequado. Além disso, a realização da colheita da safra de verão no período ideal possibilita ao milho safrinha usufruir de luminosidade adequada e também de chuvas, características que acabam sendo limitantes no decorrer do ano, com a troca de estações, e que podem afetar a qualidade e quantidade de grãos produzidos.
De modo geral, a safrinha do milho ocorre entre os meses de janeiro a abril, podendo variar de acordo com a colheita da safra de milho.
A profundidade de plantio irá variar com o tipo de solo, sendo recomendado de 3,0 a 5,0 cm para solos argilosos e de 5,0 a 7,0 cm para solos arenosos. Já em relação à densidade de plantio, em situações onde há número muito elevado de plantas, pode ser que tenha ocorrência de doenças graças ao microclima gerado naquele espaço.
O ideal seria trabalhar com um número satisfatório para se obter lucro financeiro com a prática, já que a baixa densidade de plantio também irá gerar baixa produtividade.
Os produtores costumam utilizar cerca de 60.000 plantas por hectare, mas esse número pode variar. Isso vai depender especialmente de três fatores: cultivar utilizada, água disponível e fertilidade do solo.
No campo
Estudos demonstram a eficiência produtiva da escolha do milho híbrido na safrinha. Em estudo realizado no Estado de Mato Grosso, observou-se que a produtividade foi influenciada em função da escolha da variedade do milho híbrido.
Outro estudo realizado no Estado de Minas Gerais demonstrou que a escolha da variedade híbrida de milho impactou de forma positiva na resistência à doença manchar foliar.
Anote aí
Os erros mais comuns observados no campo partem da escolha de uma semente de milho com alto potencial produtivo para uma área que historicamente apresenta um baixo volume de chuvas e baixa fertilidade.
Assim, o híbrido utilizado deve apresentar rusticidade e estabilidade na produção, mesmo em condições adversas. Sementes resistentes às principais doenças e pragas do milho também garantem um menor risco de perda de produção.
Vale lembrar que híbridos mais precoces se inclinam a serem menos produtivos, devido ao seu menor ciclo, porém, garantem que o estabelecimento da cultura seja na melhor época, de acordo com as suas necessidades luminosas e hídricas. É recomendado que a semeadura seja de forma escalonada para diminuir os riscos de produção.
Investimento x retorno
O valor da saca de semente de híbridos de milho específicos para a safrinha depende da tecnologia incorporada. Quando o hibrido apresenta transgenia o investimento é mais elevado, devido à tecnologia empregada no controle de insetos e na tolerância das plantas aos herbicidas.
A adoção de mais uma estratégia no manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas auxilia o produtor a diminuir os riscos de produção e garante o retorno financeiro esperado.
Essa tecnologia pode proporcionar um maior lucro líquido por área, já que o produtor terá menores perdas por pragas, possibilitando assim um maior ganho. Já foi relatado que esse ganho positivo pode ser de 85% em comparação à semente de milho convencional.
Para uma escolha mais assertiva da semente, é necessário planejar a finalidade do cultivo do híbrido e qual será a região de plantio.