Autor: André Dias
Após seis safras de atividades, a Spark Inteligência Estratégica detém o mais completo acervo de dados sobre os mercados de agroquímicos e sementes no Brasil. Seu estudo BIP- Business Inteligence Panel tornou-se o principal monitor da indústria e do canal de distribuição. Recentemente, o BIP revelou uma forte tendência de alta quanto ao uso de defensivos agrícolas biológicos pelos produtores brasileiros, sobretudo nas culturas de cana-de-açúcar, milho, algodão e soja. Nesta última, principal item das exportações agrícolas brasileiras, o BIP Spark detectou que os biológicos têm sido largamente utilizados no tratamento de sementes.
Um dado relevante, que chama a atenção quanto ao potencial de mercado para esses produtos, foi o tratamento de mais de 2,5 milhões de hectares de soja com bionematicidas, observado na safra 2018-19. Já o mercado total de defensivos biológicos na soja chegou a US$ 100 milhões, 45% acima da safra 2017-18. Contabilizados produtos para nutrição de plantas, o mercado de biológicos movimentou US$ 150 milhões na soja na safra 2018-19.
Prévia do BIP Spark 2019-20, em fechamento, antecipa novo crescimento dos biológicos e, especificamente, dos nematicidas. Uma praga que incide principalmente no Cerrado brasileiro, o nematoide ataca à raiz da soja. A preocupação dos produtores com a praga elevou a adoção dos nematicidas de 2% da área tratada, na safra 2016-17, para 9% na 2018-19.
No Estado de Mato Grosso, por exemplo, os nematicidas foram aplicados em 16% da área cultivada no período 2018-19, contra 7% do ciclo 2016-17. O BIP Spark apurou que o crescimento das vendas de nematicidas decorreu do aumento da oferta de insumos do gênero, resultante de investimentos das empresas do setor na área de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, e também da concessão de registros a novos produtos pelos órgãos reguladores. Além dos bionematicidas, a Spark mediu que os biofungicidas registraram, igualmente, saltos significativos na adesão pelos produtores brasileiros. Esta categoria foi a segunda mais vendida no segmento de biológicos para a cultura da soja na safra 2018-19, chegando perto de US$ 40 milhões.
A adoção destes produtos cresceu de 1% (2016-17) para 7% (2028-19). Ainda a destacar do estudo da Spark sobre bioinsumos para soja é o crescimento da chamada inoculação. Trata-se de uma prática agronômica que visa à nutrição de plantas pela aplicação de produtos descritos como “inoculantes biológicos”. A adesão à ‘coinoculação’ foi registrada em 15% dos cultivos da oleaginosa no ciclo 2018-19. Os inoculantes, conforme especialistas, auxiliam na melhor fixação biológica do nitrogênio enquanto nutriente.
*Engenheiro agrônomo com passagem por grandes empresas, André Dias é sócio fundador e principal executivo da Spark Inteligência Estratégica.