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Cuidados com a Brusone refletem status sanitário do arroz gaúcho

Manutenção da condição de livre de agroquímicos será debatida em palestra sobre cultivares do Irga resistentes à doença na Abertura da Colheita

 

Claudio Ogoshi - Crédito Sara Kirchhof Irga Divulgação
Claudio Ogoshi – Crédito Sara Kirchhof Irga Divulgação

A principal doença que atinge as lavouras de arroz no Rio Grande do Sul é a Brusone, que provoca perdas severas e pode comprometer em até 100% a produção nos anos de ataques epidêmicos. A maneira mais barata e sustentável de controlar essa enfermidade é a utilização de cultivares resistentes. O trabalho que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) vem desenvolvendo ao longo de 20 anos para disponibilizar ao produtor essas variedades, será tema de palestra durante a vigésima sétima Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que ocorrerá entre os dias 16 e 18 de fevereiro, na Estação Experimental do Arroz, do Irga, em Cachoeirinha (RS).

Com o título de “Problemática da doença, soluções do Irga, dificuldades, o papel das cultivares, de onde está vindo a resistência“, a palestra será proferida por Claudio Ogoshi, doutor em Fitopatologia e pesquisador do Irga na Seção de Melhoramento Genético, e ocorrerá no Painel Brusone, dentro do Fórum Técnico, dia 16 de fevereiro. Segundo Ogoshi, todos os anos o Instituto avalia, em média, sete mil genótipos visando resistência à doença. O trabalho é realizado em um viveiro no interior de Torres (RS), no Litoral Norte, que tem condições altamente favoráveis à Brusone. “Como órgão público, o Irga tem que buscar cultivares resistentes e a maioria das que lançamos ou estão prontas para serem lançadas, tem esta resistência, portanto, é o ponto forte do Instituto“, avalia.

O pesquisador destaca que uma das dificuldades em ter uma resistência mais duradoura é a existência de raças diferentes do fungo que provoca a Brusone. Reforça que sem conhecer essas raças, não tem como saber até quando a resistência vai durar. “É nesse momento que entra o trabalho do Irga em caracterizar as raças do fungo presentes no Estado e lançar uma cultivar com genes de resistência mais duráveis à Brusone“, afirma.

A palestra terá como painelistas Fernando Correa, doutor em Fitopatologia e líder do Programa de Arroz do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) na Colômbia, Marcelo Gravina, doutor em Fitopatologia e professor titular da Universidade federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e José Mathias Bins Martins, produtor em Mostardas (RS). Ogoshi salienta que Gravina está ajudando o Irga a caracterizar as raças do fungo causador da Brusone presentes no Estado, e Correa viabiliza a parceria com o CIAT que disponibiliza materiais resistentes para cruzamento, o que ajuda a ter sempre fontes diferentes de resistência à doença. Também destaca a abordagem do produtor Martins, que trará a realidade, o que realmente a Brusone causa e a importância do trabalho do Irga para a lavoura do arrozeiro.

De acordo com o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, a entidade, juntamente com o Irga, chama a atenção dos produtores para que trabalhem no sentido de manter o status de produtos livres de agroquímicos e que façam a criteriosa escolha e avaliação da necessidade de aplicação e a quantidade de fungicidas no arroz especialmente no que diz respeito à incidência da Brusone.

Em relação ao fungicida, especialmente com o princípio ativo Triciclazol, o dirigente adverte que os arrozeiros tenham atenção em respeito à carência de aplicação, que é de 30 dias antes da colheita, na medida que a União Europeia está reduzindo os limites máximos para este produto. “Já no que diz respeito à inseticidas pedimos que sejam respeitados os prazos de carência porque normalmente neste estágio final o resultado econômico de uma aplicação é negativo”, observa.

Dornelles reforça que, mesmo em uma lavoura que apresente condições severas de Brusone, não se faça as aplicações de agroquímicos, pois a doença já está instalada e uma aplicação será um gasto a mais e pode colocar em risco à saúde. “Somos responsáveis por produzir um alimento in natura e depende somente de nós a manutenção deste status importante e determinante para o sucesso da nossa lavoura”, enfatiza.

No ano passado, programas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura atestaram a qualidade e sanidade do grão produzido no Rio Grande do Sul. A Abertura Oficial da Colheita do Arroz é organizada pela Federarroz. Mais informações podem ser obtidas no site www.colheitadoarroz.com.br.

Foto: Sara Kirchhof/Irga/Divulgação

Texto: Rejane Costa/AgroEffective

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