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Desempenho de cultivares de soja sob estresse climático

Com mais de 1.500 parcelas experimentais, trabalho da Fundação MT será apresentado durante dias de campo em janeiro, com foco na sensibilidade dos materiais quanto a locais e épocas de semeadura e à ocorrência de pragas e doenças.

A escolha adequada da cultivar de soja é uma decisão estratégica para os produtores rurais e que pode impactar significativamente na rentabilidade e sustentabilidade da produção agrícola. É crucial que eles conheçam as características específicas de cada material e, além disso, que saibam como está o desempenho das variedades no campo com relação ao local e época de semeadura, à resistência às pragas e doenças, adaptação às condições climáticas e à qualidade dos grãos.

Plantas de soja acamadas
Fundação MT

Para munir os agricultores de informações técnicas e imparciais necessárias para essa tomada de decisão, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) vai realizar, durante o Fundação MT em Campo Safra 2024 que acontece em janeiro, o Circuito do Conhecimento de Cultivares nos municípios de Sorriso, Nova Mutum e Itiquira. A iniciativa será nas estações de Vitrines de Cultivares de Soja, que contemplam aproximadamente 60 variedades em cada local de pesquisa, totalizando cerca de 1.526 parcelas experimentais.

No Centro de Aprendizagem e Difusão (CAD) Norte, em Sorriso, o Circuito terá temas relacionados à fitopatologia, como a ocorrência de mancha alvo e podridão de grãos, além de debate sobre vigor de sementes. Já nos CADs de Nova Mutum e Itiquira, será abordado também a sensibilidade de cultivares à mosca branca e à ferrugem asiática, problemas comuns em semeaduras da oleaginosa no fechamento de janela como ocorreu na safra 2023/24. Em ambas as áreas de conhecimento, o público terá informações sobre a sensibilidade dos materiais avaliados, como se comportam em diferentes locais, principalmente no que diz respeito às condições climáticas adversas, com atraso das chuvas no estabelecimento das semeaduras.

Daniela Dalla Costa, engenheira agrônoma e pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, destaca que assim como nas lavouras comerciais de boa parte de Mato Grosso, as áreas de pesquisa também tiveram adiamento de plantio. “Com o atraso da ocorrência e estabilidade de chuvas, em Sorriso implantamos apenas uma semeadura em 27/10. Em Nova Mutum conseguimos estabelecer as duas épocas, em 13/10 e 01/11 e, em Itiquira, em 20/10 e 03/11”, descreve.

Constatações

Entender como a fisiologia das plantas está associada à densidade de semeadura junto às condições climáticas da safra 23/24 também é um dos objetivos dos ensaios de cultivares da Fundação MT. Todo o conhecimento adquirido será repassado aos participantes do Circuito do Conhecimento de Sorriso, Nova Mutum e Itiquira. A especialista da instituição adianta que já há informações interessantes a partir da percepção de sensibilidade de materiais que apresentaram redução de estande por questões como vigor de sementes, estresse hídrico e temperaturas elevadas.

“Nesta safra, as sementes obrigatoriamente passaram por uma situação de estresse. Na maior parte do Estado, tivemos temperaturas muito elevadas e falta de chuva na maioria das áreas cultivadas. É fundamental que nesse momento tenhamos sementes vigorosas para que elas consigam superar essas situações e estabelecer um estande adequado de plantas”, pontua. Contudo, ela salienta que em algumas parcelas experimentais, assim como em diversas lavouras do Estado, houve redução de vigor ou a resposta à emergência não foi tão uniforme porque a semente não tinha o vigor necessário para superar todo o estresse. “Isso acende um alerta ao produtor para que ele fique atento às sementes que está comprando”, cita Daniela.

Na temática densidade de semeadura, a equipe técnica da instituição tem avaliado que as densidades utilizadas, a partir da recomendação das obtentoras, estão elevadas. E isto já é um consenso entre os produtores também. Um dos exemplos foi a safra passada, nos ensaios de Sorriso, onde a fertilidade de solo é alta e as chuvas se mantiveram do início ao fim do ciclo da cultura. A pesquisadora lembra que as plantas com hábito de crescimento indeterminado cresceram muito e acabaram acamando. “De 64 materiais em avaliação, boa parte poderíamos ter reduzido a densidade de semeadura”, completa.

Para mostrar essa percepção nos dias de campo, foi implantado em Sorriso um ensaio com diferentes densidades e cultivares de soja com características de desenvolvimento diferentes, principalmente em hábitos de crescimento e ciclos. “Buscamos entender como esses materiais se comportaram nas condições ambientais, se é mais interessante aumentar a densidade de semeadura ou se é melhor reduzir, e como esses materiais vão se comportar com relação à produtividade, eficiência de aplicação, ocorrência de doenças”, explica a pesquisadora.

Doenças

Nas regiões de pesquisa da Fundação MT, as condições ambientais não estão favoráveis à ocorrência de doenças, como a mancha alvo que costuma ser um problema em Sorriso. Associado a esse cenário, realiza-se um manejo de fungicidas robusto buscando evitar a podridão de grãos e permitir que as cultivares expressem o seu máximo potencial produtivo. A especialista ressalta, no entanto, que há preocupação com relação à ferrugem da soja nos ensaios mais tardios (começo de novembro), especialmente na região Sul do Estado, o que será enfatizado nas rodadas.

Programação

O Fundação MT em Campo Safra 2024 terá início no dia 10 de janeiro em Sorriso, no CAD da instituição de pesquisa. Em seguida, no dia 17, o evento acontece em Nova Mutum e, por último, em Itiquira, nos dias 24 e 25. Além da Vitrine de Cultivares e Circuito de Conhecimento de Cultivares, a programação terá temas relacionados a solos, entomologia, fitopatologia, matologia e nematologia. Outras informações e inscrições estão disponíveis no www.fundacaomt.com.br.

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