O milho, espécie originária da América Central, é o principal grão produzido em Santa Catarina. Seu uso e suas qualidades destacam o cereal na economia do Estado. Em 2020, os produtores catarinenses cultivaram cerca de 560.000 hectares, entre milho grão de milho para fins de silagem. O valor econômico do cereal para a agropecuária catarinense é significativo, participa com 7,3% da produção agropecuária total, que representa um valor próximo de R$ 3 bilhões.
Neste cenário, comemoramos o dia internacional do milho em 24 de abril. Exaltar o grão numa época em que está altamente valorizado no mercado não seria necessário. Pode soar até como provocação em um momento de escassez para os consumidores e, sobretudo, para os suinocultores, avicultores, produtores de leite e todo complexo agroindustrial de produção de proteína animal no Estado. No mercado internacional, as cotações se mantêm elevadas e registram sucessivos recordes. No Brasil, as cotações ultrapassam a R$ 100 a saca, valores nunca antes vistos.
A demanda necessária para suprir as fábricas de rações e todo complexo agroindustrial catarinense ultrapassou a 7 milhões de toneladas em 2020. Em 2021, em função da quebra da safra catarinense, será necessário a aquisição de mais de 5 milhões de toneladas, vindas de outros estados e do exterior.
O ultimo censo agropecuário do IBGE levantou o número de 81 mil produtores de milho em Santa Catarina, o que denota, além da importância econômica, a questão social da atividade. Soma os milhares de produtores das unidades descentralizadas do sistema de integração, que é a base da cadeia produtiva do complexo agroindustrial catarinense de proteína animal.
Além do valor monetário apontado, grande número de produtores utilizam o cereal para autoconsumo, com uma enorme diversidade de variedades especiais, como os cultivares tradicionais, a pipoca, o milho verde e a canjica. Também é importante destacar os subprodutos, desde o etanol, que já consome mais de 6 milhões de toneladas no Brasil, até o amido, a farinha para a broa, o curau brasileiro e a polenta italiana.
Por tudo isto, o milho deve ser valorizado para muito além do mercado de commodities, lembrando inclusive a sua importância para a alimentação direta. Este sim, é o grão de ouro!
*Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa