Janaina Marek
Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Produção Vegetal – Universidade Estadual do Centro-Oeste
Dione de Azevedo
Engenheiro agrônomo e consultor em Manejo e Fertilidade de solo
Com o início da safra 2017/18, muitas dúvidas surgem na cabeça do produtor. Custos e negociações com as empresas estão a todo vapor. Porém, não podemos esquecer da maior poupança agrícola: o solo! Ele é nossa maior riqueza, por isso devemos, antes de tudo, perguntar: Como está essa poupança?
Diante disso, para auxiliar na melhoria e aumento da qualidade do solo, novas e modernas técnicas de manejo ganham destaque no mercado. Entre estas, o controle biológico de patógenos no solo vem assumindo importante papel no desenvolvimento e redução de custo, auxiliando assim o produtor no dia a dia.
O controle biológico foi introduzido no Brasil por volta do ano 1921, tendo como premissa central o manejo de doenças e pragas agrícolas a partir de inimigos naturais presentes nesse sistema.
A utilização desta técnica com agentes de biocontrole é uma ferramenta sustentável para o produtor, pois não causa risco de contaminação ao meio ambiente, ao aplicador e nem à saúde da população consumidora. Com avanços tecnológicos constantes e o desenvolvimento de novos produtos, o controle biológico vem ganhando cada vez mais espaço e adeptos a esse sistema, contrapondo um meio que ainda é dominado pelos produtos químicos.
Fungos presentes no solo
Devido ao desequilíbrio ocasionado no solo, em decorrência de sucessivos cultivos e seu manejo, em que há a aplicação de diferentes produtos, como fertilizantes, corretivos e outros defensivos agrícolas, de forma geral, esse manejo não é um fenômeno natural naquele ambiente.
Assim, em consequência do desequilíbrio gerado, surgem as mais diversas doenças de solo, muitas delas causadas por fungos que vivem ou sobrevivem sobre o solo, causando grandes prejuízos às culturas.
Os principais patógenos presentes no solo são: tombamento e podridão radicular causados por Pythiumspp, podridão radicular de fitóftora (Phytophthorasojae), Rhizoctoniasolani, que pode causar tombamento de plantas e morte em reboleira, Sclerotiumrolfsii, causando murcha de esclerotinia, e Sclerotiniasclerotiorium, causando o mofo branco, Fusarium spp. agente causal de podridões radiculares e o gênero Stenocarpella, que ataca a cultura do milho, antracnose (Colletotrichumtruncatum), entre outros.
Manejo
O controle deve ser preventivo, da seguinte forma:
üAntes do plantio;
ü Na semeadura, com o tratamento de sementes; ou
ü Até o fechamento da cultura, por meio de aplicação aérea.
Este manejo deve sempre visar o controle preventivo, evitando, desta forma, danos futuros à produtividade da cultura. É importante ressaltar que esta prevenção deve ser feita com base no histórico da área, pois a maioria destes patógenos encontra-se presente nos restos culturais de uma safra para outra, ou até mesmo sobrevivendo por alguns anos no solo (como por exemplo, S. sclerotiorum).
A identificação do inóculo primário na área possibilita o planejamento adequado do manejo a ser realizado, para diminuir ou eliminar a incidência dos mesmos nas próximas safras.
Os produtos biológicos
De acordo com a ABCBio (Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico), que possui cerca de 25 empresas associadas, incluindo multinacionais de renome no cenário agrícola nacional no segmento de produtos químicos, este mercado cresce cerca de cinco vezes mais que o de defensivos químicos.
Isto se deve a vários fatores, entre eles: nova mentalidade do setor produtivo; custo e oferta limitada de novas moléculas químicas convencionais; manejo mais sustentável; surgimento constante de doenças e pragas resistentes; avanços no segmento biológico (formulações compatÃveis com os produtos convencionais, de fácil aplicação etc.).
A grande vitória no biocontrole de doenças e pragas foi a quebra de um paradigma, o qual era motivo de competição entre produtos químicos e biológicos. Atualmente, o controle biológico possui tecnologia e conhecimento teórico e prático, para serem utilizados junto com o controle químico, ambos se complementando. E quem ganha com isso é o produtor,com mais uma ferramenta para reduzir os danos e custos de produção, e ao mesmo tempo tornar o ambiente mais equilibrado.
Exemplo disto, citamos aqui um produto disponível no mercado, formulado pelo ingrediente ativo: conÃdios do fungo Trichoderma harzianum:
- Formulação SC (suspensão concentrada);
- Alvos: Sclerotiniasclerotiorium, Sclerotiumrolfsii, Rhizoctoniasolani, Fusarium spp.,Phytium spp., Phytophthorainfestans, Macrophominaphaseolina, Thielaviopsissp e Pratylenchuszeae;