Luis Borges Rocha
Mestre em Solos e Nutrição de Plantas e doutorando Fertilidade e Biologia do Solo – Universidade Federal do Piauí
luisborges.agro@hotmail.com
Thiago Feliph Silva Fernandes
Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal – Unesp
thiago.feliph@unesp.br
A batateira (Solanum tuberosum) é uma cultura vital para a segurança alimentar global, enfrentando uma variedade de desafios ambientais que podem comprometer sua produtividade e qualidade dos tubérculos.
As condições adversas, como temperaturas extremas, luminosidade excessiva, ventos intensos, radiação ultravioleta (UV) elevada e toxicidade por metais pesados, têm sido identificadas como principais fatores limitantes no cultivo dessa planta.
Estudos recentes apontam que até 65% das perdas produtivas nas batateiras são atribuídas a essas condições adversas.
Prejuízos
Temperaturas extremas, tanto elevadas quanto baixas, afetam a fisiologia das plantas, prejudicando a formação de tubérculos e a eficiência geral do crescimento. A exposição excessiva à luz solar pode reduzir a eficiência fotossintética e causar danos às folhas, resultando em menor crescimento e produtividade.
Ventos fortes não só causam danos físicos às plantas, mas também aumentam a evaporação da água, prejudicando a saúde e o crescimento das batateiras. A radiação UV elevada compromete a integridade celular e a capacidade fotossintética das plantas, reduzindo a produtividade.
Além disso, a presença de metais pesados no solo pode levar à toxicidade, afetando negativamente a absorção de nutrientes e o crescimento das plantas.
Ação imediata
Para enfrentar esses desafios, o uso de bioestimulantes tem surgido como uma abordagem promissora para melhorar a resistência das plantas a condições adversas e otimizar a produtividade.
Os bioestimulantes, ao estimular processos fisiológicos e promover a resiliência das plantas, podem desempenhar um papel crucial na mitigação dos efeitos negativos desses fatores ambientais.
Impacto dos fatores ambientais na produtividade
Temperaturas extremas são um dos principais fatores que afetam a produtividade das batateiras. Estudos mostram que temperaturas elevadas, acima de 30°C, podem induzir estresse térmico nas plantas, o que compromete a formação de tubérculos e reduz tanto a qualidade quanto a quantidade de tubérculos produzidos.
Morrison et al. (2019) demonstraram que a exposição prolongada a altas temperaturas causa uma redução significativa no rendimento das batateiras, devido ao impacto negativo na formação e desenvolvimento dos tubérculos.
Altas temperaturas promovem a aceleração do crescimento vegetativo em detrimento do desenvolvimento tuberoso, resultando em tubérculos menores e de menor qualidade.
Por outro lado, temperaturas baixas também afetam negativamente o crescimento das batateiras. Kumar et al. (2020) observaram que temperaturas abaixo de 10°C retardam o crescimento das plantas e prejudicam a formação dos tubérculos.
O estresse térmico em condições de baixa temperatura pode levar a um atraso na brotação e na maturação dos tubérculos, afetando a produtividade global. Além disso, temperaturas baixas podem aumentar a suscetibilidade das plantas a doenças e reduzir a eficiência do uso dos nutrientes disponíveis no solo.
Luminosidade excessiva
A exposição excessiva à luz solar pode ter efeitos adversos significativos sobre as batateiras. Jang et al. (2021) relataram que a alta intensidade de luz reduz a eficiência fotossintética das plantas, resultando em menor produção de energia e, consequentemente, em crescimento reduzido e produtividade comprometida.
O excesso de luminosidade pode causar queimaduras nas folhas, levando à perda de tecido vegetal e a uma menor capacidade fotossintética. A redução da área foliar funcional diminui a capacidade da planta de realizar a fotossíntese de maneira eficiente, o que impacta diretamente no crescimento dos tubérculos.
Ventos fortes
Ventos intensos representam um desafio significativo para o cultivo de batateiras, pois podem causar danos físicos às plantas e aumentar a taxa de evaporação da água. Ramaiah et al. (2022) mostraram que ventos fortes podem causar quebra e tombamento das plantas, além de aumentar o estresse hídrico.
A desidratação rápida das plantas devido à evaporação acelerada reduz a saúde geral da planta e prejudica o crescimento dos tubérculos. A perda de água pode levar a uma redução na eficiência da absorção de nutrientes e na qualidade dos tubérculos produzidos.
Radiação UV
A radiação ultravioleta (UV) elevada é outro fator ambiental que pode comprometer a produtividade das batateiras. Tian et al. (2019) demonstraram que a exposição excessiva à radiação UV pode danificar a integridade celular das plantas, afetando negativamente a capacidade fotossintética.
A radiação UV provoca a produção de espécies reativas de oxigênio, que causam estresse oxidativo e danos aos tecidos das plantas. Esses danos reduzem a eficiência da fotossíntese e afetam a formação e o desenvolvimento dos tubérculos, resultando em menor produtividade.
Toxicidade por metais pesados
A presença de metais pesados no solo é um problema significativo para o cultivo de batateiras. Chen et al. (2023) identificaram que a contaminação do solo com metais pesados, como chumbo, cádmio e arsênio, pode causar toxicidade nas plantas, afetando sua saúde e crescimento.
Metais pesados interferem na disponibilidade de nutrientes essenciais e prejudicam a capacidade das plantas de absorver nutrientes adequados do solo. A toxicidade por metais pesados leva a uma redução no crescimento das plantas e na formação dos tubérculos, resultando em uma diminuição geral da produtividade.
Papel dos bioestimulantes na batateira
Os bioestimulantes são compostos que estimulam processos fisiológicos e bioquímicos nas plantas, promovendo seu crescimento e aumentando a capacidade de tolerar condições adversas.
Na batateira (Solanum tuberosum), a brotação é uma fase crítica, pois influencia diretamente a formação e o desenvolvimento dos tubérculos. A brotação vigorosa é essencial para garantir uma alta produtividade e qualidade dos tubérculos.
A aplicação de bioestimulantes pode melhorar significativamente essa fase, resultando em aumentos na brotação e na produtividade final das batateiras.
Recentemente, foi conduzido um experimento para avaliar o impacto dos bioestimulantes na brotação de batateiras (Solanum tuberosum). O experimento revelou que a aplicação de bioestimulantes resultou em um aumento de 15% na taxa de brotação, comparado às plantas que não receberam tratamento.
Esse aumento é significativo, considerando que a brotação é uma etapa crítica para a formação de tubérculos e para o potencial produtivo da planta. A melhoria na brotação proporcionada pelos bioestimulantes contribui diretamente para a formação de uma maior quantidade de brotos, o que, por sua vez, favorece uma melhor formação e desenvolvimento dos tubérculos, resultando em uma produtividade final mais elevada.