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Algas prolongam longevidade da batata

Apesar do uso extensivo de agroquímicos, a batata ainda é uma cultura muito afetada por pragas e doenças, acarretando grandes perdas econômicas.

Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e PhD em Produção Vegetal – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
robertacamargoss@gmail.com

Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia – UFU
fernando.bacilieri@fisioplant.com.br

A batata (Solanum tuberosum) tem destaque no cenário global de cultivos, pelo potencial de produção por área extremamente alto, sendo valiosa fonte de energia e proteína, o que confere lucratividade e geração de empregos.

Foto:  Shutterstock

O rendimento da batata depende da genética dos materiais plantados, das condições climáticas e das práticas de manejo utilizadas durante o cultivo. No entanto, ainda nos dias atuais, o estado de sanidade dos tubérculos deixa muito a desejar. Não raro, pode-se observar a presença de patógenos em grande parte das áreas de produção (74%).

Danos

Os tubérculos com presença de patógenos geram degeneração gradual, com efeitos negativos na qualidade, além da redução do rendimento nos ciclos subsequentes de reprodução.

Para lidar com as adversidades, as plantas desenvolveram, ao longo do seu processo evolutivo, um sofisticado sistema imunológico para combater patógenos e outros agressores.

No entanto, a ativação do sistema imunológico geralmente ocorre às custas do crescimento, por meio de processos fortemente interligados e altamente dinâmicos.

Como as algas podem ajudar

A utilização de algas na agricultura é praticada há milênios, inicialmente diretamente ou após a compostagem como corretivo de pH do solo, para aumentar a disponibilidade de nutrientes do solo e promover maiores produtividade das culturas.

Na década de 1950, com a evolução de processos industriais para extração de extratos de algas líquidos, surgiu uma série de produtos comerciais formulados a partir de diversas espécies de algas para uso na agricultura.

A maioria dos produtos formulados com extratos de algas marinhas comerciais é feita de algas marrons, incluindo Ascophyllum nodosum, Fucus, Laminaria, Sargassum e Turbinaria spp.

Como são feitos

Os processos de fabricação dos bioestimulantes à base de algas é geralmente patenteado pelas empresas, mas podem incluir o uso de água, soluções ácidas ou alcalinas como extratores, tratamento térmico, ruptura física de algas usando moagem temperatura ou alta pressão.

Estes extratos são descritos por agirem como agentes quelantes, melhorar a utilização de nutrientes minerais pelas plantas, a estrutura e aeração do solo e estimular o crescimento da raiz.

Efeito bioestimulante

Extratos de algas também atuam como bioestimulantes, aumentando a germinação e o estabelecimento inicial das plantas, melhorando o crescimento, rendimento, produção de flores e frutos, aumentando a resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos, além de melhorar a vida útil pós-colheita.

Os efeitos bioestimulantes têm sido, muitas vezes, atribuídos à presença de hormônios de crescimento de plantas e compostos de baixo peso molecular presentes nos extratos. Mas, outros estudos sugerem que as moléculas, incluindo polissacarídeos e polifenóis, podem também ser importantes como bioestimulantes, como aleloquímico, e para melhorar a resistência ao estresse.

Os extratos de algas são uma mistura complexa de componentes que podem variar de acordo com a fonte, época da colheita e o processo de extração utilizado. Eles contêm uma vasta gama de componentes orgânicos e minerais, incluindo polissacarídeos exclusivos e complexos que não estão presentes nas plantas terrestres, tais como laminarina, fucoidano e alginatos.

Ação das algas

Os extratos de algas têm sido utilizados para amenizar uma variedade de estresses abióticos, incluindo seca, salinidade e temperaturas extremas. O modo de ação dos extratos de algas para aumentar a tolerância ao estresse nas plantas não foi totalmente elucidado, mas sabe-se que a presença de moléculas bioativas nos extratos, tais como betaínas e citocininas, podem desempenhar a função de estimular a síntese endógena de substâncias capazes neutralizar radicais livres e promover um balanço hormonal positivo nas plantas.

Recomendações para a batata

Na cultura da batata, os produtos formulados à base de extratos de algas podem ser utilizados via sulco de plantio na semeadura, em jato dirigido no momento da amontoa ou em aplicações foliares, de acordo com as recomendações de cada fabricante.

Apesar do uso extensivo de agroquímicos, a batata ainda é uma cultura muito afetada por pragas e doenças, acarretando grandes perdas econômicas. Uma importante alternativa ao uso dos defensivos agrícolas químicos tradicionais para a melhor sanidade das plantas é o fortalecimento das suas defesas naturais pela promoção de mecanismos de defesa.

O tempo de prateleira dos tubérculos, ou seja, o período em que esse alimento armazenado sob condições apropriadas estará ainda adequado ao consumo, depende diretamente da sanidade das lavouras e das práticas de manejo, como a utilização de bioestimulantes à base de extratos de algas, que podem contribuir diretamente para a maior qualidade das colheitas.

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