28.3 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiEficiência do controle biológico no MIP

Eficiência do controle biológico no MIP

 

José Salazar Zanuncio Junior

Doutor em Entomologia e pesquisador do Incaper

jjzanuncio@yahoo.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Várias pragas podem atacar a cultura do repolho, sendo que a mais prejudicial é a traça-das-crucíferas Plutellaxylostella. Trata-se de uma mariposa de coloração parda e de tamanho reduzido que pode atacar várias culturas, como a couve, couve-flor e repolho.

As lagartas apresentam coloração esverdeada e consomem a epiderme da folha. A presença de lagartas e pupas no interior da cabeça do repolho reduz o valor comercial da mesma.

Controle biológico

O controle biológico deve fazer parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que consiste em utilizar mais de um método de controle da praga, iniciando-se pelo manejo adequado da cultura (plantio de variedades resistentes, inspeção das mudas, manejo nutricional adequado, etc.), baseado no monitoramento e nível de controle da praga.

Este monitoramento pode ser realizado com o uso de armadilhas específicas para a praga, como feromônios sexuais para a sua captura.

Manejo

Para fazer o monitoramento da praga utiliza-se a armadilha tipo Delta, que deve ser instalada em mourões a 01 m do nível do solo, distanciadas pelo menos 50 m, na proporção de uma armadilha por hectare. Dentro destas armadilhas colocam-se os septos contendo o feromônio e os insetos atraídos ficam aderidos no fundo adesivo da armadilha.

Deve-se fazer a inspeção da armadilha a cada três dias. Assim que for identificada a presença de adultos nas armadilhas, recomenda-se a utilização do controle biológico, por meio da liberação de adultos do parasitoide Trichogramma e a pulverização do bioinseticidaà base da bactéria B. thuringiensis.

A associação do Trichogramma e bioinseticidas é recomendada, uma vez que o Trichogramma irá atuar sobre os ovos da mariposa. A liberação do parasitoide deveser realizada imediatamente à constatação de adultos nas armadilhas.

A quantidade de Trichogramma a ser liberada depende do nível de infestação da praga, recomendando-se que o produtor procure um profissional da área para orientar sobre a quantidade de indivíduos a serem utilizados, com base no monitoramento.

A embalagem do produto comercial apresenta de 50 a 100 mil adultos do parasitoide. Em campo, as cartelas devem ser destacadas com cuidado e distribuídas de maneira uniforme pela cultura.

Já a aplicação do bioinseticida à base de B. thuringiensis deve ser direcionada ao controle das lagartas recém-emergidas e nos estádios iniciais do desenvolvimento. A recomendação é de 0,75 a 01kg do produto comercial por hectare, utilizando-se 500 L de calda por hectare.

A pulverização deve ser realizada nas folhas ainda abertas, antes que fiquem protegidas pelo fechamento da cabeça.

Adulto de Plutella xylostela - CréditoJosé Salazar Zanuncio Junior
Adulto de Plutella xylostela – CréditoJosé Salazar Zanuncio Junior

Eficácia

A utilização dos métodos de controle biológico de forma integrada promove um controle efetivo da praga, antes dela causar dano econômico e sem prejuízos ao meio ambiente.

Além disso, estes métodos de controle não deixam resíduos, ou seja, não há necessidade de se observar qualquer período de carência entre a última pulverização e a colheita. Também não apresentam restrição, podendo ser utilizado para a praga-alvo em qualquer cultura.

Investimento

O custo com o monitoramento gira em torno de R$20,00/ha/mês, considerando os custos com a armadilha e com o feromônio. O custo com o controle biológico é variável, dependendo do nível de reinfestação da praga, o que influenciará na quantidade de Trichogramma a ser liberado e no número de pulverizações com o bioinseticida.

Considerando-se o custo econômico, o controle biológico ainda é mais alto do que o controle químico. Isto se deve ao fato de haver muitas empresas com variados agrotóxicos, enquanto poucas empresas atuam na comercialização de produtos biológicos no Brasil.

Por outro lado, o custo do controle biológico tende a se diluir no tempo, uma vez que apresenta seletividade de ação e não tem casos de resistência de pragas a estes métodos de controle.

No entanto, é necessário que o manejo da cultura seja modificado, pois a aplicação indiscriminada de agrotóxicos e a utilização de agrotóxicos com amplo espectro de ação para o controle de outras pragas e doenças (prática comum entre os agricultores) pode inviabilizar a utilização de inimigos naturais no agroecossistema.

Não obstante, o maior benefício do controle biológico é a produção de alimentos isentos de resíduos, menor contaminação ambiental e redução da intoxicação dos trabalhadores, tornando a produção mais sustentável.

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

ARTIGOS RELACIONADOS

Berinjela Niobe: sabor redondo

  A berinjela é uma hortaliça muito versátil na culinária que conquista cada vez mais apreciadores no Brasil. A Isla está lançando uma novidade que...

Microquimica apresenta Check Folha Café® durante a Fenicafé

A Microquimica participou por vários anos da Fenicafé, até o ano de 2009, e neste ano voltou novamente, para apresentar uma novidade importante para...

Perspectivas e potencialidades do mercado de pimentas

Existe uma variedade de usos e formas de consumo da pimenta, além de uma grande variedade de produtos e subprodutos, o que favorece a...

Técnicas de manejo induz a floração

Maria Aparecida do C. Mouco Engenheira agrônoma, mestre e pesquisadora da Embrapa Semiárido João Antônio Silva de Albuquerque Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Semiárido   A possibilidade de...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!