Atualmente, conforme o International Transport Forum (ITF), o setor de transportes, seja rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo, é responsável por mais de 20% das emissões anuais de dióxido de carbono (CO2). Isso acontece devido à alta utilização dos modais para o translado das mercadorias, principalmente o rodoviário, representado atualmente por 65% dessa movimentação no país.
Para a mudança desse cenário, lideranças governamentais e transportadoras vêm se reestruturando diariamente devido às frequentes mudanças legislativas acerca do comprometimento ambiental, que exigem uma mudança de comportamento por parte das empresas e indústrias com o objetivo de diminuir esse impacto na sustentabilidade do planeta.
Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística, destaca algumas medidas que o transporte rodoviário de cargas (TRC) brasileiro vem tomando para auxiliar ao combate à poluição: “Podemos observar algumas transportadoras buscando investir em veículos novos — menos poluidores, como os modelos Euro 6, movidos a biogás ou elétricos –, além de buscarem boas práticas dentro de suas estruturas, que vão desde a separação e descarte apropriado de resíduos até a captação de água da chuva e energia solar. No entanto, entendo serem necessárias ainda mais políticas para termos impactos mais expressivos”.
A sustentabilidade, que sempre foi um tema amplamente debatido em diversas esferas profissionais, está ganhando cada vez mais relevância e se tornando fundamental no âmbito do transporte. Com a chegada das novas tecnologias que revolucionaram as operações e possibilitaram a coleta de dados das diversas funções que integram o segmento, surge uma responsabilidade ainda maior para as empresas unirem esforços com o mesmo propósito: a diminuição da poluição.
De acordo com dados da pesquisa da Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), estima-se que o impacto das medidas para aumentar a melhoria da eficiência energética do transporte rodoviário e o uso dos multimodais (ferrovias, hidrovias e navios) podem reduzir os custos em até 28% e as emissões de CO2 em 32% até 2050.
Internamente na TKE são realizadas algumas iniciativas que vêm contribuindo para os números citados acima. Segundo Franco, “além da manutenção constante dos nossos veículos e a busca por parceiros que forneçam combustíveis de qualidade, temos a verificação periódica de nossos veículos através do programa Despoluir, que verifica a emissão de gases dos nossos veículos. Também temos investido na renovação dos caminhões, adquirindo veículos que atendam à legislação PRONCOVE P8 e estudando a viabilidade de implantação de alternativos mais sustentáveis em nossas operações”, relata o gerente administrativo.
Mudanças climáticas
Além do seu impacto na poluição, as emissões de CO2 têm um efeito direto nas mudanças climáticas, uma das grandes preocupações para as transportadoras e motoristas autônomos que atuam nas estradas. Recentemente, presenciamos, por exemplo, fortes chuvas na região Sul do país, acarretando deslizamentos de terras e alagamentos.
Com isso, as empresas também precisam estudar as melhores estratégias para que esse impacto não seja ainda maior nas operações e, principalmente, na vida dos colaboradores que estão à frente das atividades.
Franco descreve que tais eventos têm acontecido no mundo todo, desafios esses que podem ser amenizados com um trabalho conjunto. “Nos últimos anos observamos os mais variados fenômenos naturais fazendo estragos como nunca visto em toda parte do mundo. Queimadas sem precedentes e rodovias rachando nos Estados Unidos, canos subterrâneos derretendo na Itália, dentre outros. Falando daqui, sofremos com fortes chuvas, resultando na obstrução de rodovias importantes que ligam o Sul ao resto do Brasil, gerando muitos gargalos logísticos – desde atrasos na entrega até alimentos que estragaram, além do encarecimento das operações”.
Um dos grandes pontos econômicos brasileiros concentra-se na região Sul, visto que ampla parte do agronegócio está por lá. De acordo com alguns especialistas, as ondas de frios no meio do ano que causaram geada em diversos pontos do país trouxeram alguns resultados negativos para as safras e àqueles que exercem o trabalho no transporte de cargas pela região.
Desta forma, Franco destaca os principais impactos que podem existir e as atitudes tomadas internamente pela sua empresa e o preparo para este cenário: “As temperaturas baixas podem afetar especialmente a safra de grãos, diminuindo a produção e, consequentemente, seu transporte. Exclusivamente no caso do transporte, esse frio ocasiona um desgaste maior nos veículos, então, como transportadora, precisamos estar atentos a todas essas arestas para não sermos afetados diretamente. Por isso, estamos sempre em constante diálogo, os motoristas e parceiros, para entender e oferecer melhores condições para a operação”, finaliza o executivo.