A Encefalomielite Equina é uma doença caracterizada pela inflamação das estruturas do encéfalo e medula, ocasionando sintomatologia neurológica. A doença pode ser causada por três diferentes tipos de vírus pertencentes à família Arbovírus e ao gênero Alphavirus, que são transmitidos por mosquitos Culex spp. e Aedes spp.. Estes vírus podem acometer diferentes espécies de animais, inclusive os humanos, o que caracteriza a doença como uma zoonose.
Formas distintas da encefalomielite equina
Os Alphavirus são responsáveis por três formas distintas da doença: Encefalomielite Equina do Leste (EEE), Encefalomielite Equina do Oeste (WEE) e Encefalomielite Equina Venezuelana (VEE). A transmissão é indireta e ocorre pela picada do mosquito Culex spp. e/ou Aedes spp., e o período de incubação é de aproximadamente 7 dias.
Os vírus acometem o Sistema Nervoso Central (SNC), provocando reação inflamatória viral típica. Os animais acometidos apresentam quadro de depressão, flacidez labial, letargia, incoordenação motora, sonolência e andar a esmo, cambaleante e em círculos, cegueira, ranger de dentes, diminuição dos reflexos palpebrais, pressão da cabeça contra objetos. A progressão dos sintomas leva ao decúbito prolongado com movimentos de pedalada e tende a evoluir para o óbito em poucos dias. Em humanos, os sintomas mais recorrentes são febre, cefaleia, rigidez da nuca, letargia e conjuntivite. O diagnóstico é confirmado por meios laboratoriais.
O vírus causador da Encefalomielite Equina do Leste (EEE) é o mais recorrente no Brasil e de maior letalidade, vitimando entre 75% – 90% dos equinos acometidos e cerca de 30% – 65% dos humanos. Já os vírus responsáveis pela VEE e WEE apresentam letalidade baixa e podem ocorrer infecções sem manifestações clínicas.
A Encefalomielite Equina do Leste (EEE) é listada pela instrução normativa de nº 50/2013 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como doença de notificação obrigatória e imediata de qualquer caso suspeito.
Primeira ocorrência
A primeira detecção de anticorpos contra o vírus da Encefalomielite Equina do Leste ocorreu em 1943, no estado de Minas Gerais, e desencadeou uma série de estudos sorológicos que perduram até os dias atuais. No Brasil, as regiões amazônica e pantaneira apresentam condições ecológicas favoráveis para a manutenção dos vírus EEE, WEE e VEE e seus vetores. Alguns estudos demonstram a ocorrência de anticorpos nos equinos do Pará e Rondônia, pantanal sul-matogrossense, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em um inquérito sorológico realizado em 2012 avaliando três biomas brasileiros (amazônico, pantaneiro e cerrado) e englobando 361 equinos, 107 muares e 5 asininos não foram observadas reações sorológicas para o vírus da Encefalomielite Equina do Oeste (WEE). O mesmo estudo detectou que 35,5% dos animais apresentaram resultado positivo para Encefalomielite Equina do Leste (EEE), incluindo todos os animais pertencentes ao bioma amazônico. Já sobre o vírus da Encefalomielite Equina Venezuelana (VEE) 6,5% dos equídeos testados apresentaram resultados positivos, não havendo grandes distinções entre os biomas, o que sugere uma adaptação viral e livre circulação entre estes biomas.
O tratamento das encefalites é de suporte, na sua maioria das vezes baseado em fluidoterapia, anti-inflamatórios não esteroidais e corticosteróides. Não se conhece, até o momento, nenhum medicamento com atuação eficaz como antiviral para esta doença.
Por não existir um tratamento específico direcionado, a prevenção é a melhor estratégia para combater as encefalites equinas. A vacinação é o meio mais importante e eficaz de prevenção e deve ser incluída no protocolo profilático dos equinos elaborado por um médico veterinário responsável. Por isso, a Ceva Saúde Animal, líder nacional no segmento de saúde de equinos, tem em seu portfólio a vacina tríplice Tri-Equi, que protege os animais contra a encefalomielite viral equina, o tétano e a influenza equina (tipos I e II).
Além disso, o controle dos mosquitos com uso de inseticidas e repelentes, mosqueteiros e higiene constante dos estábulos pode ajudar a reduzir a propagação dos vetores e vírus da encefalomielite equina. A associação dos métodos de prevenção ajudam a diminuir drasticamente as infecções e probabilidade de epidemias entre animais e também nos humanos.
Referências:
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MELO, R.M. et al. Ocorrência de equídeos soropositivos para os vírus das encefalomielites e anemia infecciosa no Estado de Mato Grosso. Arq. Inst. Biol., São Paulo, V.79, n.2, p.169-175, Junho 2012.
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