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Escassez de boro limita produtividade do tomate

A escassez de boro é um fator limitante que compromete a produtividade e qualidade dos tomates.

Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP
francielyponce@gmail.com

Claudia Ap. de Lima Toledo
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Proteção de Plantas – FCA/UNESP
claudia.lima.toledo@gmail.com

Carlos Luiz Vieira
Engenheiro agrônomo e mestre em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
carlos.luiz_12@hotmail.com

A nutrição mineral é um dos fatores produtivos essenciais para o desenvolvimento e produção plena das plantas cultivadas. Os nutrientes são classificados em macro e micronutrientes, conforme a quantidade requerida pelas culturas.

O boro é um micronutriente importante para o tomateiro, pois age no pegamento de flores e desenvolvimento dos frutos. Desta forma, sua deficiência pode afetar diretamente o rendimento da cultura.

Sintomas de deficiência de fósforo
Foto: Juscimar da Silva

O boro, assim como o cálcio, apresenta funções relacionadas à formação de paredes celulares, além de estar envolvido na divisão e alongamento celular. A deficiência de boro provoca paralisia do crescimento e apodrecimento apical, prejudicando o desenvolvimento do tecido meristemático e morte da gema terminal.

Deficiência

Devido à importância para a formação da parede celular, um dos principais sintomas de deficiência de boro é o aparecimento de frutos com o chamado lóculo aberto, em que há uma formação defeituosa do fruto e exposição da placenta.

Os distúrbios fisiológicos decorrentes da deficiência de boro tendem a se manifestar nos frutos devido ao rápido desenvolvimento desses órgãos, que necessitam de grande quantidade de fotoassimilados para o pleno desenvolvimento.

Nutrição da planta

Normalmente, os micronutrientes, em sua maioria, são fornecidos às plantas através da matéria orgânica presente no solo, no entanto, a quantidade presente no solo pode ser insuficiente para garantir a produtividade dos cultivos, uma vez que há uma contínua exportação dos nutrientes em forma de fruto.

Isso faz com que haja a necessidade de reposição, assim como ocorre com os macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio). Os micronutrientes são requeridos em pouca quantidade, no entanto, em sua ausência a produtividade é limitada, uma vez que cada um tem função específica na planta, não sendo substituído por outro.

Em sua maioria, a deficiência de micronutrientes irá se manifestar nos frutos do tomateiro (Figura 1).

Tabela 1. Distúrbios provocados por deficiência de boro e cálcio em frutos de tomate.

Consequências para as plantas

A deficiência nutricional promove a perda dos frutos, uma vez que apresentarão lóculo aberto e/ou podridão apical, fazendo com que haja perdas diretas à produção. Normalmente, a deficiência de micronutrientes pode ocorrer conjuntamente, devido à alta demanda da cultura por boro e cálcio.

Como aplicar o boro de maneira correta?

A suplementação de boro e outros micronutrientes pode ser realizada via foliar ou solo. No entanto, durante a floração e frutificação, pode-se realizar via foliar, para garantir a absorção correta pela planta.

Isso porque grande parte do boro e do cálcio é necessário para o pegamento de flores e frutos. A adubação foliar com boro deve começar no início do ciclo reprodutivo e pode ser realizada com outros micronutrientes, como cálcio, zinco e molibdênio (Figura 2), ou ser realizada via solo, no plantio da cultura.

Figura 1. Ciclo de desenvolvimento do tomateiro e período de adubação foliar com boro e outros micronutrientes.

Delimitações

O ciclo de desenvolvimento do tomateiro de hábito determinado difere do ciclo de cultivares de hábito indeterminado. No entanto, podemos delimitar que a suplementação de boro e outros micronutrientes deve se iniciar no estádio de florescimento, sendo o jato direcionado para as flores e folhas, realizado semanalmente ou a cada 10 dias.

A partir do início da frutificação, as adubações foliares devem ser direcionadas aos frutos também, garantindo a absorção de elementos pouco móveis na planta, como é o caso do cálcio.

A partir do início da maturação dos frutos, as adubações podem ser suspensas, no entanto, quando se cultiva tomateiro de hábito indeterminado, a floração é contínua, sendo necessária a suplementação de boro para garantir uma frutificação de qualidade dos frutos que estão em desenvolvimento.

Benefícios do boro na cultura do tomate

Os principais benefícios decorrentes da adubação foliar com boro advêm do desenvolvimento de frutos sem distúrbios fisiológicos. A ocorrência do lóculo aberto é um problema para os produtores de tomate, pois representa perda de qualidade do fruto, tornando-o não comercializável.

Por se tratar de uma planta com frutificação intensa e de rápido crescimento, há a necessidade de suplementação de micronutrientes ao longo do ciclo. A adubação com macronutrientes deve ser balanceada, pois alguns nutrientes interferem na absorção de outros pela planta.

Custo-benefício

Os benefícios da adubação de boro são aumento de produção e redução de distúrbios fisiológicos relacionados à podridão apical e lóculo aberto. No entanto, esses efeitos são percebidos quando a cultura está sendo cultivada em condições de deficiência do micronutriente.

No mercado existem diversas opções de fonte de boro, sendo necessário atentar-se com a dose recomendada, intervalo entre as adubações e via de aplicação.

O custo pode variar em função do produto utilizado, no entanto, por se tratar de um micronutriente, requerido em baixas quantidades, o custo é baixo, mediante os benefícios, uma vez que há a redução de perdas.

O custo médio da adubação foliar com boro e cálcio é em torno de R$ 13,40, sendo considerado um volume de calda de 100 litros, com utilização de foliar. Esse valor pode variar em função do acréscimo da mão de obra, método de aplicação e produto utilizado.

Devemos enfatizar a importância da diagnose correta quanto aos sintomas de deficiência, realização de análise de solo, correção e adubação correta, para obtenção de produtividade elevada, sendo indispensável a supervisão de um engenheiro agrônomo.

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