24.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasEvento celebra projeto Cadeias Sustentáveis do babaçu

Evento celebra projeto Cadeias Sustentáveis do babaçu

No último dia 8, na Universidade Federal do Maranhão – UFMA, foi realizado evento de encerramento do projeto Cadeias Sustentáveis de Valor da soja e do babaçu no Maranhão

No último dia 8, na Universidade Federal do Maranhão – UFMA, foi realizado evento de encerramento do projeto “Cadeias Sustentáveis de Valor da Soja e do Babaçu no Maranhão”, viabilizado pela agência de cooperação alemã – GIZ  e executado em parceria pela Rede ILPF e Embrapa, com apoio do governo do Estado do Maranhão. A iniciativa tem a marca da inovação. Contou com a participação direta de comunidades extrativistas, quilombolas, assentados de reforma agrária e produtores de soja e ainda a parceria com agentes de ciência e tecnologia, como UFMA, Universidade Estadual do Maranhão- UEMA, Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Universidade Federal do Ceará – UFC, iniciativa privada, organizações não-governamentais e agentes das cadeias de valor. Durante um ano e meio, o projeto trabalhou pelo desenvolvimento sustentável da cadeia extrativista do babaçu e da cadeia produtiva da soja, mas também transformou vidas por meio do conhecimento, profissionalização, empreendedorismo e geração de renda.

A pesquisa promoveu sustentabilidade da biodiversidade e empreendedorismo no Maranhão
Photo: Eduardo Carvalho

Para Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais, esse é um exemplo de aliança pela inovação no Maranhão em que as pessoas representantes de várias instituições parceiras são o elemento crucial, conectadas de forma interdependente para o desenvolvimento econômico e social sustentável do Maranhão. “Hoje celebramos a união do conhecimento tradicional com o científico e tecnológico. O protagonismo é dessas mulheres, nós somos os facilitadores. Mais do que agregação de valor ao babaçu e aos produtos da palmeira e geração de renda e qualidade de vida, é a ressignificação do extrativismo praticado pelas quebradeiras por meio da inovação social, pioneirismo da Embrapa Cocais. Os frutos foram colhidos por todos. É dessa rede que vem a força transformadora da ciência, aliada ao poder público, setor produtivo – representado por produtores, agroindustriais, extrativistas – e sociedade civil para formar o ambiente propício para a inovação”.

Isabel Ferreira, diretora Executiva da Rede ILPF, destacou que “a agricultura sustentável com segurança alimentar e nutricional é o nosso DNA. Estamos reunidos para celebrar os resultados de um grande projeto feito com um conjunto de esforços, especialmente das cadeias produtivas da soja e do babaçu”. O reitor da UFMA, Natalino Salgado Filho, chamou a atenção para o poder da união das instituições em rede para produzir produtos com agregação de valor e preservação ambiental. Segundo André Machado, assessor técnico da GIZ, há muitas oportunidades para o Maranhão, grande fronteira agrícola com produção de soja em crescimento e uma riqueza de biodiversidade. A sustentabilidade e a inclusão social e o respeito às tradições históricas e culturais das comunidades é parte do processo de desenvolvimento.

Confira aqui o vídeo “Mulheres do babaçu” e do caso de sucesso da Fazenda Barbosa.

Resultados com babaçu

A pesquisadora Guilhermina Cayres, chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Cocais e líder o projeto, falou sobre os novos alimentos à base do coco babaçu, desenvolvidos e reformulados no decorrer da pesquisa a partir da união do conhecimento tradicional e o científico. Segundo ela, o objetivo foi agregar valor ao produto da palmeira e ao trabalho das comunidades quilombolas e das famílias agroextrativistas que trabalham e geram renda com o babaçu.

Foram desenvolvidas novas formulações para o biscoito e o gelado de babaçu e novos produtos alimentícios, como a bebida tipo leite, o análogo de queijo, o tipo hambúrguer e a farinha da amêndoa, além do pão vegano feito com a farinha da amêndoa. Os produtos atendem diferentes exigências do mercado de alimentos – nutrição, saúde, boas práticas de qualidade, segurança alimentar, padronização e valorização dos produtos da culinária e cultura regionais e comercialização – e passam por testes de análise sensorial.

“Com o projeto mostramos que é possível fazer tecnologia com as comunidades extrativistas e dissociar a relação do babaçu com pobreza, miséria e sofrimento e apresentar novas alternativas com produtos, processos e negócios de impacto social, que valorizam o trabalho das quebradeiras de coco e de suas famílias. Para multiplicar os conhecimentos gerados no processo de inovação social, as mulheres recebem capacitação e treinam outras comunidades quilombolas na produção dos novos alimentos do babaçu para promover o empreendedorismo e a autonomia transformadoras. Esse é um ganho, resultado, não mensurável, mas perceptível e fortalecido durante o processo”.

Os professores da UFMA envolvidos na pesquisa sobre os alimentos com babaçu também falaram sobre as soluções desenvolvidas a partir das demandas e desafios propostos. Maria da Glória Bandeira falou sobre a importância das boas práticas das agroindústrias familiares, das capacitações e análises microbiológica, sensorial e nutricional para os produtos desenvolvidos. Harvey Villa enfatizou o empreendimento e inovação dos alimentos à base de babaçu. “Fizemos o caminho inverso. Começou nas comunidades e veio para os laboratórios. Essa foi a grande diferença. Hoje temos três comunidades empreendedoras com produtos que são sucesso de venda, garantindo renda e desenvolvimento social”.

As protagonistas, as quebradeiras de coco emocionaram a todos com suas falas. Alana Mirela Lica, da Cooperativa Mista dos Agricultores do Vinagre – Coomavi, em Itapecuru-MA disse que sempre se questionou sobre o motivo de as quebradeiras de coco não serem valorizadas. “Hoje estamos ocupando nosso lugar que é de direito há muito tempo e estamos felizes por estarmos empreendendo e chegando onde queremos com o nosso trabalho, nos tornando autônomas, independentes, chefes de família, e exercendo nossa cidadania”.

Antonia Vieira, quebradeira de coco da comunidade Pedrinhas Clube de Mães, também em Itapecuru-MA, agradeceu às instituições pela parceria que permitiu chegar à vitória. “Todos aqui são doutores, nós também somos doutoras, doutoras em babaçu. Fomos ouvidas em nossas demandas, contribuímos com o nosso conhecimento para o desenvolvimento dos produtos e é dignificante esse reconhecimento do nosso papel histórico, cultural e social”.

Gracilene de Jesus Cardoso, quebradeira de coco do Assentamento Canto do Ferreira, em Chapadinha-MA, não conteve o choro. “O choro é de felicidade. Somos reconhecidas e valorizadas. Nós nos orgulhamos do que somos e da riqueza do babaçu. Antes nós só catávamos e quebrávamos coco, agora nós o transformamos em queijo, leite, sorvete, hambúrguer etc. Juntos podemos mais”.

Para finalizar a manhã, o pesquisador Joaquim Costa, chefe de pesquisa e desenvolvimento, falou do babaçu como componente florestal na Integracao Lavoura Pecuária Floresta – ILPF. Segundo ele, além dos ganhos ambientais e econômicos, já se sabe que a presença da palmeira nativa e a manutenção do extrativismo do babaçu em áreas de pastagem agrega valor a todo o sistema produtivo e aos coprodutos do babaçu. “É alto o impacto social e econômico na vida das comunidades de quebradeiras de coco ao gerar mais renda para as famílias. O produtor se beneficia com impactos agronômicos e zootécnicos positivos para a pecuária. As raízes do babaçu absorvem nutrientes das camadas mais profundas do solo e recicla tais nutrientes quando as folhas já caídas servem como palhada dos cultivos e se decompõem para nutrir a pastagem e o gado que se alimenta dela. A sombra das palmeiras favorece a produtividade de carne e leite. A floresta em pé, a mata de cocais, ainda pode gerar serviços ambientais em benefício de quebradeiras e produtores, como créditos de carbono e carne e leite carbono neutro com a captação de gases de efeito estufa pelas palmeiras.

Outro tema abordado pelo pesquisador foi a ração animal feita com a torta de babaçu. A Embrapa no Maranhão e parceiros vêm desenvolvendo rações balanceadas para caprinos e ovinos com o resíduo da extração do óleo – chamado de torta da amêndoa do coco babaçu –  em substituição parcial a ingredientes tradicionais, como milho e soja. Animais que foram alimentados com a dieta contendo a torta de babaçu apresentaram melhor desempenho produtivo, qualidade e perfil de ácidos graxos da carne.

“Os ácidos graxos dão sabor e suculência à carne, agregando valor ao produto. Além disso, são gorduras saudáveis e essenciais para o corpo humano que agem como reguladores da coagulação e saúde do sangue, da pressão arterial e da produção de hormônios e anticorpos e ainda como inibidores de inflamações, lesões e infecções”, explicou. Entre os impactos futuros da pesquisa, a melhoria de renda e qualidade de vida das quebradeiras de coco, fornecedoras da torta de babaçu; a redução do custo da ração feita com matéria-prima abundante na região e o incentivo à cadeia de consumo de carne de pequenos ruminantes no estado. Para os consumidores, mais saúde e variedade de alimentação.

O corpo técnico do projeto – professor José Cutrim, do IFMA; Marcílio Frota, da Embrapa Caprinos e Ovinos; Michelle Parente, da Universidade Federal do Piauí; e Valéria Apolinário, da UEMA –  também falaram sobre o papel de cada um nas pesquisas. Cutrim lembrou que a criação de uma identidade para o novo produto – o cabriçu – deverá fortalecer a cadeia produtiva dos ovinos e caprinos.

O produtor rural Nonato Coalhada falou sobre a importância do conhecimento para alavancar a bioeconomia e a produção da agricultura e pecuária. “É necessário nos manter juntos para que cada um possa se apoiar e cumprir nosso papel de produtores de alimentos”. Também apresentaram suas contribuições representantes da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar – SAF e outras secretarias estaduais. Além de bolsistas dos projetos, que também mostraram os resultados dos seus estudos.

Resultados da soja

No período da tarde, o foco foi a cadeia da soja. Estiveram presentes o analista Marcos Teixeira, da Embrapa Meio Norte, contando a história da soja no leste maranhense. Ele falou sobre a tropicalização da soja, o programa de melhoramento e desenvolvimento de novas cultivares adaptadas às condições locais e a mudança para o sistema de produção sustentável.

Também foi citado o papel da ILPF, tecnologia de produção que busca a diversidade, rotação, sucessão e consorciação de culturas, plantio direto, entre outras técnicas que têm revolucionado a produção com sustentabilidade. Segundo explicou, a transformação dos solos da região – naturalmente de baixa fertilidade natural – em solos aptos para a produção mecanizada de grãos foi resultado do investimento em ciência e tecnologia.

Também falaram o professor Gregori Ferrão, da UFMA, que abordou os impactos na sustentabilidade do agronegócio no leste maranhense e o produtor Luis Fernando Devicari, que contou sobre a experiência da Fazenda Barbosa, no municipio de Brejo-MA, com os sistemas integrados. Também relataram sua experiência representantes da iniciativa privada, como Aprosoja, e da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca – Sagrima e bolsistas dos projetos.

ARTIGOS RELACIONADOS

I Workshop sobre Manejo de Tomate e Folhosas – Novas tecnologias de nutrição e combate a estresses

A primeira edição do Workshop sobre Manejo de Tomate e Folhosas será realizada em Campinas, no anfiteatro da Engenharia da ESALQ, entre os dias...

Bioestimulação da cultura é tema de evento

Soluções introduzidas no mercado elevam potencial produtivo dos canaviais do plantio até a colheita, ressalta a empresa fabricante.

Carreta Agro pelo Brasil

A participação da estrutura na feira tem a parceria do Sistema Faesc/Senar e está à disposição dos produtores rurais e profissionais do agronegócio até esta quinta-feira (28).

I Workshop sobre Iluminação Artificial no Brasil

Nos dias 26 e 27 de outubro, no Anfiteatro da Engenharia, localizado na ESALQ/USP em Piracicaba (SP).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!