O Plano Safra 2023/2024 tem pontos altamente positivos. A afirmação é do presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires. Ele cita o aumento no volume de recursos, em torno de 27% a mais que o financiamento anterior.
Pires ressalta, ainda, a questão da taxa de juros. O governo manteve as taxas de juros para custeio e comercialização em 8% ao ano para os produtores enquadrados no Pronamp e de 12% ao ano para os demais produtores. “O Brasil passa por essa transição de juros altos para conter a inflação e o Plano Safra não pode fugir muito disso”, observa.
O presidente da FecoAgro coloca também que o produtor necessita de um Plano Safra forte. “Esta é uma realidade principalmente para o Rio Grande do Sul que registrou duas frustrações de safra”, salienta. Pires destaca que outros anúncios importantes ainda podem vir pelo Plano Safra da Agricultura Familiar. “Acredito que ele possa ser mais robusto e que contemple as necessidades das cooperativas agropecuárias do Estado”, enfatiza.
O que diz o produtor rural
Júlio César Pereira Júnior, da Fazenda Pombo, em Uberlândia (MG), sempre trabalhou com capital de terceiros para custeio e investimentos. “Nosso crescimento e sustentação sempre estiveram muito alinhados com nossos créditos. Temos uma parceria de longo prazo com agentes financiadores, principalmente com o Banco do Brasil. Essa parceria é muito saudável para ambos os lados, nós como tomadores e o banco como fomentador do crédito”, considera.
Segundo ele, o crédito rural nesse momento é de extrema importância para os produtores. “Trabalhamos com capital de terceiros, então, é importante que os bancos tenham uma política de crédito que não prejudique a agricultura, ainda mais agora, com a baixa das commodities. Isso evitaria um desastre para os produtores em geral, o que não é o nosso caso. Felizmente, na nossa fazenda, nesse momento de crise, estamos bem respaldados e tranquilos, mas essa não é a realidade da maioria dos produtores. Muitos deles esperaram para vender sua produção e acabaram fazendo por um preço muito abaixo do esperado”, relata.
A situação a que Júlio se refere é sobre os agricultores precisarem de capital para suprir a lacuna de preço, por acreditarem que venderiam sua produção por valores entre R$ 160 e R$ 170, mas acabaram em R$ 120. Essa diferença se tornou um grande peso para os produtores que não estavam preparados para lidar com a crise.
Assim, ele destaca a importância do crédito rural nesse momento, especialmente para esses produtores que, em sua maioria, precisam suprir essas necessidades.