Mestra em Zootecnia pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), doutoranda em Nutrição e Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e doutorado-sanduíche em Zootecnia pela University of Florida em curso, a pesquisadora Priscila Júnia Rodrigues da Cruz, em conjunto com uma equipe de especialistas, comprovou em experimento que certas espécies de forrageiras demonstram grande adaptação ao sombreamento em campo. O que tem impulsionado o investimento de produtores rurais na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), por proporcionar bem-estar animal, aumento da produtividade e mais sustentabilidade na cadeia de produção.
Testes com diferentes cultivares de gramíneas foram realizados no setor de Forragicultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Diamantina, Minas Gerais. As parcelas foram divididas em quatro níveis de sombreamento: 0% (pleno sol), 45%, 60% e 75%. A utilização de sombrites nas unidades experimentais propiciou percentuais de sombra de 30%, 60% e 90%, respectivamente.
No experimento, levou-se em consideração os três níveis de medida de clorofila, substância responsável por captar luz e realizar fotossíntese: a, b e total (a+b). A medição desses teores foi realizada no período da manhã, por volta das 10h, após 80 e 120 dias de semeadura. As leituras ocorreram no terço médio da primeira folha completamente expandida, utilizando-se um clorofilômetro. Houve aumento nos índices de clorofila a, b e total no capim-mavuno à medida que o sombreamento se intensificou, em relação às várias forrageiras avaliadas, que não foram afetadas pela sombra.
“O maior acúmulo de clorofila total na brachiaria híbrida mavuno – com acréscimo do tamanho e número de cloroplastos, melhor desenvolvimento do grana e elevação no teor de clorofila por cloroplasto – demonstrou sua adaptabilidade ao sombreamento, o que favorece o plantio do capim consorciado (ILPF)”, relata a pesquisadora Priscila Júnia Rodrigues da Cruz sobre a conclusão do experimento em campo. “Para se ter uma ideia, a taxa de lotação média no Brasil é de 1UA/ha. Com um bom planejamento das soluções empregadas e a prática da intensificação sustentável, é possível dobrar este número nos próximos anos”, ressalta.
Mestre em Ciência do Solo, o engenheiro agrônomo, gestor ambiental e Coordenador Técnico da Wolf Sementes, Edson de Castro Júnior, lembra que a escolha correta da braquiária na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) traz como vantagens competitivas a tolerância ao estresse hídrico; a incorporação de matéria orgânica com melhoria da condição do solo; a ótima adaptação ao sombreamento; um número mais elevado de animais na mesma área; e uma engorda mais rápida, pois com conforto térmico, teor de proteína adequado e palatabilidade, o gado a pasto que se alimenta com capim-mavuno traz mais rentabilidade ao produtor. “A versatilidade é o grande passo para alavancar o potencial exponencial da agropecuária brasileira, tornando-a cada vez mais produtiva, rentável e sustentável”, afirma.