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Fosfito + fungicida = defesa e proteção para o pêssego

Bruno Nicchio

Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU

bruno_nicchio@hotmail.com

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia

ernanelemes@yahoo.com.br

Crédito Paulo Lanzetta
Crédito Paulo Lanzetta

A procura por alimentos mais saudáveis tem gerado a necessidade de manejos alternativos para o controle de fitopatógenos de diversas espécies cultivadas, como na cultura do pêssego. Além disso, o uso de fungicidas repetidamente pode levar ao desenvolvimento de resistência do patógeno. Assim, a utilização de manejo alternativo pode promover resultados satisfatórios, como já observados em outras culturas (soja, feijoeiro, videira, macieira, mamoeiro, etc.) por diversos autores na literatura.

Manejo alternativo

Além do controle biológico, cultural e físico, o uso da nutrição de plantas via fertilização pode promover redução, controle e/ou maior resistência às doenças de plantas.

O fosfito, composto à base de fósforo, se origina do fungicida etil-fosfonato que, após a quebra da patente, tem sido formulado em associação a vários sais, como os de potássio, manganês, cobre ou zinco, e podem ser utilizados como importante fonte de nutrientes para as plantas.

Além disso, os fosfitos estimulam os mecanismos naturais de defesa contra doenças. Um deles é a indução de resistência sistêmica adquirida, que corresponde à ativação dos mecanismos naturais de defesa da planta pelo translocamento sistêmico (via xilema e floema) na planta e rápida absorção pelas folhas e raízes, resultado de um oxigênio a menos do que o fosfato, causando a absorção pelas folhas e raízes mais eficiente. Torna-se, por isso, um importante recurso na redução da severidade das doenças (Silva et al., 2014).

Demanda

Os fosfitos têm despertado um grande interesse na agricultura, principalmente para o controle de doenças em plantas, devido a atuarem como indutores de resistência em plantas, por terem efeitos únicos sobre o metabolismo da planta, sendo uma delas a ativação dos mecanismos de defesa da planta contra os fitopatógenos.

Mas, o uso de doses elevadas de fosfito pode ser tóxico para as plantas. Para algumas espécies, os fosfitos podem oferecer alguns benefícios exclusivos não observados nas aplicações de fosfato, além do efeito sobre o controle de doenças, como melhor floração, pegamento de frutos e aumento do tamanho destes (Ueno, 2015).

Mecanismo de ação

O fosfito apresenta dois mecanismos de ação (direta e indireta):

ðDireta: efeito sobre as doenças por apresentar ação fungicida em relação a alguns fungos invasores, causando morte ou inibição do crescimento do fungo, como controle de doenças do grupo dos oomicetos (ex. míldio).

ðIndireta: efeito sobre o estímulo na síntese de fitoalexinas (ativação dos sistemas de defesa das plantas), sendo capazes de contribuir efetivamente para o controle de patógenos.

Encontram-se mais estudos que relatam a ação direta do fosfito como fungicida, porque sua ação indireta como ativador de mecanismos de defesa (indução de resistência) das plantas ainda tem sido bastante questionada, existindo poucos relatos.

Os fosfitos estimulam os mecanismos naturais de defesa contra doenças - CréditoPixabay
Os fosfitos estimulam os mecanismos naturais de defesa contra doenças – CréditoPixabay

Aplicação do fosfito

A ação do fosfito como ativador do sistema de defesa das plantas deverá ser mais efetiva por meio de aplicações regulares do produto durante o ciclo da cultura ou no período de maior ocorrência de doenças, visando à manutenção do sistema de defesa ativo da planta e aos bons níveis de fitoalexinas.

De maneira geral, o fosfito é aplicado em conjunto com fungicidas usados regularmente na cultura ou mês a mês. No entanto, é necessário o acompanhamento técnico visando evitar o desequilíbrio nutricional de derivados do excesso de fósforo nas plantas tratadas com esse produto (Silva et al. 2014).

Estudos de caso

Segundo Moreira et al. (2014), o uso de fosfitos pode controlar a podridão parda do pessegueiro (Moniliniafructicola). Ao avaliar o uso de controle químico (fungicida), biológico (fungo patogênico via Tricoteciumroseum) e fertilização (fosfito), por dois anos experimentais, os autores verificaram que todos os tratamentos reduziram a incidência da doença.

Porém, após a primeira estação, quando houve pressão maior do inóculo, a associação do tratamento com fungicidas (alternando iprodiona, azoxistrobina, tebuconazol, mancozeb e captan), fosfitos (Ca e K) e biológico, foram mais eficientes em relação aos demais tratamentos.

Em outros estudos na literatura, o uso de fosfito não apresentou melhores resultados que o tratamento químico no controle de podridão parda, bacteriose, sarna e ferrugem do pessegueiro.

Contudo, isso se deve ao fato que faltam estudos demonstrando a eficiência de fungicidas e fosfitos sobre a ocorrência de doenças na fase de frutos em desenvolvimento e em pós-colheita e também informações sobre a interferência dos tratamentos realizados a campo nas características qualitativas do fruto.

Os estudos sobre manejo de doenças pela nutrição de plantas devem ser considerados, pois o manejo adequado pode favorecer a redução e associação no uso de fungicidas na cultura do pessegueiro.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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