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Gorgulho é um problema sério no eucalipto

O gorgulho é um desafio sério que ameaça o crescimento saudável do eucalipto.

Matheus Roussenq
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
matheusrous@gmail.com

Paulo Henrique Santarosa
Engenheiro agrônomo – ESALQ/USP
santarosa.pauloh@gmail.com

Camila Queiroz da Silva Sanfim de Sant Anna
Engenheira agrônoma – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
agro.camilaqs@gmail.com

O eucalipto é uma das espécies florestais mais plantadas no Brasil. Não há consenso quanto à sua entrada no País, mas é sabido que quase todas as espécies são nativas da Austrália, com mais de 700 espécies conhecidas, em que poucas delas são utilizadas para produção em escala.

Finalidades

A planta é cultivada para diversas finalidades, sendo as mais comuns: celulose/papel, lenha, carvão, extração de óleos para produção de fármacos, produção de mel, ornamentação e serraria.

Como madeira, seu uso é bastante versátil, devido aos seus fatores de resistência, durabilidade, densidade e forma.

Em função do seu rápido crescimento e capacidade de adaptação, somados à alta produtividade e avançadas tecnologias de cultivo e produção, o eucalipto passou a ter extrema importância comercial na economia brasileira, tornando o Brasil um dos maiores produtores desta cultura.

Mas, como todas as culturas, a eucaliptocultura também é assolada por diversas pragas, destacando-se os gorgulhos-do-eucalipto como uma das principais.

Crédito: Paulo. A. V. Borges

Danos

Existem, atualmente, no Brasil, duas espécies conhecidas: Gonipterus platensis e Gonipterus pulverulentus. A primeira é predominante e com maior importância no País.

O gorgulho-do-eucalipto é um inseto desfolhador e se alimenta de praticamente todas as espécies de eucaliptos. Tamanha é a sua importância que, em casos mais graves, pode destruir totalmente o cultivo e afetar drasticamente nos custos.

Tanto as larvas quanto os adultos causam injúrias nas plantas devido à sua alimentação. Os adultos alimentam-se desde folhas jovens até folhas de idade intermediária, deixando-as com aspecto serrado.

Porém, são as larvas que causam maior dano às plantas, uma vez que se alimentam exclusivamente das folhas mais jovens e de brotações no ápice da copa, devido à alta demanda energética do inseto nesse estágio.

Tendo a área foliar diminuída, a árvore tem sua fotossíntese comprometida e, consequentemente, há significativa redução na produção de celulose. Os gorgulhos também são capazes de causar danos estruturais nas árvores, perfurando os tecidos lenhosos e prejudicando o fluxo de seiva, enfraquecendo a árvore e tornando-a suscetível a vários outros problemas.

Tanto as larvas quanto os insetos adultos preferem as folhas tenras. Os indivíduos arbóreos mais visados são os que apresentam idade entre dois e quatro anos.

Controle

Devido a sua importância econômica, o controle do gorgulho é de extrema valia para a eucaliptocultura, uma vez que ele traz danos significativos às plantações de eucalipto. Além do monitoramento, há métodos relevantes de controle, essenciais para garantir o sucesso da plantação, sendo:

● Controle biológico;

● Controle cultural; e

● Controle químico.

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais de insetos, como por exemplo, parasitoides e predadores, com o objetivo de controlar a população. A vespa parasitoide é um dos exemplares mais usados no controle biológico, por ser economicamente viável, eficiente e com baixo impacto ambiental.

O manejo biológico do gorgulho é realizado com agentes de controle biológico, como os ovos de Anaphes nitens e com o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana.

Manejo biológico x cultural

Enquanto o controle biológico tem um viés remediador no combate do gorgulho, o controle cultural envolve práticas de manejo com o objetivo de reduzir a disponibilidade de hospedeiros e diminuir o impacto das infestações desse inseto. Logo, se mostra um conjunto de técnicas preventivas.

Assim, o controle cultural é uma técnica utilizada para combater pragas em plantações de eucalipto, como o Gonipterus platensis, de forma mais sustentável e ecologicamente correta, diferentemente do uso excessivo de agrotóxicos, que pode trazer impactos negativos para o meio ambiente e para a saúde humana.

Algumas das medidas que podem ser adotadas no controle cultural incluem o plantio em épocas que não coincidam com o período de maior atividade do inseto, o uso de técnicas de manejo integrado de pragas, como armadilhas para captura do Gonipterus platensis e a remoção de árvores infestadas para sua destruição por meio da queima ou enterramento.

Outra prática importante no controle cultural é a adubação equilibrada e adequada das plantas, pois isso pode ajudar a torná-las mais resistentes aos ataques do inseto. Dessa forma, é possível reduzir a necessidade de uso de agrotóxicos, consequentemente os custos, além de tornar a produção agrícola mais sustentável.

Manejo químico

O controle químico tem como objetivo a aplicação de substâncias químicas para eliminar ou diminuir a população de insetos a níveis aceitáveis. Existem dois inseticidas da família dos neonicotinoides que são eficazes no controle do gorgulho-do-eucalipto, sem prejudicar as abelhas ou a qualidade do mel.

No entanto, a aplicação desses inseticidas deve ser realizada por técnicos especializados e autorizados, com equipamentos adequados e de forma direcionada. As aplicações devem ser feitas quando surgem as primeiras larvas e devem respeitar as distâncias de segurança para os cursos de água, evitando, assim, sua contaminação.

Devido à complexidade e adaptabilidade do gorgulho-do-eucalipto, a abordagem deve ser, muitas vezes, integrada e combinando os diferentes métodos mencionados anteriormente.

Os métodos ou combinações mais adequadas dependem das condições específicas da plantação, não tendo uma regra ou uma receita certa de como devem ser utilizados.

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