Arthur Henrique Cruvinel Carneiro
Técnico em Agricultura e Zootecnia ” IFMG – campus BambuÃ, graduando em Agronomia na UFLA, membro do grupo PET Agronomia, coordenador de extensão do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD), e membro do Núcleo de Estudos em Cafeicultura (NECAF)
Dalyse Toledo Castanheira
Doutoranda em Fitotecnia ” UFLA, integrante do NECAF e do GHPD
Adenilson Henrique Gonçalves
Professor Adjunto do Depto. de Agricultura da UFLA e colaborador do GHPD
A ocorrência de plantas daninhas no cultivo agrícola causa, sem dúvida, sérios problemas aos agricultores, podendo trazer prejuízos que variam entre 30 e 40% de perdas nas lavouras.
Plantas daninhas concorrem com as culturas de interesse por luz, água, espaço, nutrientes, etc., comprometendo a qualidade e a produtividade das lavouras. Entretanto, nos últimos anos o uso intensivo de herbicidas que possuem o mesmo mecanismo de ação tem levado à seleção de plantas daninhas resistentes e, consequentemente, culminando em falhas no controle desses biótipos.
A Weed Science Society of America (WSSA) definiu resistência de plantas daninhas a herbicidas como “a habilidade de uma planta sobreviver e reproduzir após exposição a uma dose de herbicida normalmente letal para o biótipo selvagem da planta“.
Surgimento da resistência
A resistência de plantas daninhas pode ser explicada por duas teorias: mutação e seleção natural. A teoria da mutação se baseia em mudanças gênicas que ocorrem naturalmente, ao acaso, e em baixa frequência em uma população de plantas daninhas. Essas mudanças podem ocorrer independentemente da aplicação de herbicidas, ou seja, são resultantes de vários fatores ambientais.
Em qualquer população de plantas daninhas há uma vasta variabilidade genética, a qual permite a sobrevivência dessas plantas em uma ampla diversidade de condições ambientais.
O surgimento de uma população de plantas daninhas resistentes, de acordo com a teoria da seleção natural, é explicado pela pré-existência de biótipos resistentes, sendo que, quando um herbicida é aplicado, o mesmo atua como agente de pressão de seleção.
Quando um produtor usa o mesmo herbicida, com o mesmo mecanismo de ação, na mesma área, e em cultivos consecutivos, está selecionando plantas que futuramente serão resistentes a esse herbicida e não serão controladas.
Pesquisas
Estudos demonstram que provavelmente biótipos de plantas daninhas resistentes estejam presentes nas populações de campo antes de qualquer exposição aos herbicidas, porém, em frequências variáveis e bastante baixas.
Essas frequências variam de acordo com a espécie da planta daninha, localidade e tipo de resistência, de modo que é muito difícil prever a frequência inicial de um genótipo resistente em qualquer população de plantas daninhas.
Manejo da resistência
O conhecimento dos mecanismos e fatores que favorecem o aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes é fundamental para que técnicas de manejo sejam utilizadas no sentido de evitar ou retardar o aparecimento de plantas resistentes em uma área.
Normalmente, a resistência de biótipos de plantas daninhas aos herbicidas ocorre como consequência do uso constante do mesmo herbicida ou de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, sendo necessário modificar essas práticas, de modo a prevenir ou retardar o aparecimento da resistência.
Dentre as diversas práticas recomendadas, pode-se citar: o uso de herbicidas alternativos, podendo ser esta uma estratégia de sucesso, pelo menos a curto prazo; a utilização de dois ou mais herbicidas, com diferentes mecanismos de ação, o que ajuda na redução da pressão de seleção do genótipo resistente; o uso de herbicidas sem nenhuma ou com pouca atividade residual no solo também ajuda na redução da pressão de seleção; a otimização de doses e número de aplicações, sendo realizado o controle das plantas daninhas somente quando estas atingirem o nível de dano econômico.
Outras técnicas de controle de plantas daninhas, sem o uso de herbicidas, apresentam grande sucesso. O controle mecânico, o cultivo de culturas mais competitivas, o uso de espaçamentos mais adensados, controle biológico e o uso de cobertura morta são métodos não químicos de controle de daninhas que podem ser, em algumas situações, alternativas viáveis para o manejo da resistência de plantas daninhas para com os herbicidas.