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Fungo Isaria fumosorosea é usado no controle biológico da mosca-branca

 

Celeste Paola D’Alessandro

Doutora em Ciências Naturais da UNLP da Argentina e pós-doutoranda do departamento de Entomologia e Acarologia da ESALQ/USP

celed1881@gmail.com

 

 Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

A mosca-branca é um inseto que preocupa cada vez mais os produtores, porque ataca vários cultivos de grande importância econômica, tais como feijão, soja, algodão, hortícolas e ornamentais. Esse inseto se alimenta da seiva do floema das plantas e excreta uma substância açucarada que favorece a formação de “fumagina“ (fungo de coloração preta) nas folhas e frutos e dificulta a captação dos raios solares, reduzindo a taxa fotossintética e o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas.

Além disso, a mosca-branca é transmissora de diversos vírus que podem levar à morte da planta.

O inseto

 

O ciclo de vida da mosca-branca começa quando uma fêmea coloca entre 100 a 300 ovos na face inferior das folhas jovens, e após cinco a sete dias ocorre a eclosão das ninfas. O primeiro instar das ninfas se locomove pela folha até localizar o sítio mais adequado para se fixar e iniciar a sucção de seiva.

Devido ao crescimento continuo das plantas hospedeiras, os últimos instares das ninfas se localizam na parte inferior das folhas, no terço médio ou inferior das plantas, onde emergem os adultos, que migram até novas plantas para copular e iniciar uma nova postura de ovos.

Dependendo das condições ambientais e da planta hospedeira, o ciclo de vida da mosca-branca pode variar de 15 a 28 dias. Sendo assim, quanto maior a temperatura, maior o número de gerações, podendo alcançar até 15 gerações por ano e ocasionar grandes perdas no mercado agrícola.

Controle

O controle da mosca-branca tem sido realizado quase exclusivamente por métodos químicos, entretanto, atualmente vários pesquisadores têm buscado implantar novas estratégias de controle com fungos entomopatogênicos, obtendo resultados promissores.

O fungo Isaria fumosorosea, antigamente chamado Paecilomyces fumosoroseus, se encontra em quase todo o mundo infectando naturalmente diversas espécies de insetos da ordem Diptera, Hemiptera e Hymenoptera.

Diversos estudos têm demonstrado que o fungo I. fumosorosea é patógeno da mosca-branca, observando que as ninfas são mais suscetíveis que os adultos, devido a serem imóveis e apresentam um corpo mais fino e delicado.

O processo de infecção do fungo I. fumosorosea começa quando as estruturas reprodutivas do fungo (conídios) entram em contato com a mosca-branca e os conídios germinam sobre o corpo do inseto, formando um tubo germinativo que, por pressão e produção de compostos químicos (enzimas), degrada a cutícula e penetra no interior do inseto.

Durante a colonização interna, o fungo produz toxinas que provocam a morte do inseto. Finalmente, se as condições ambientais são favoráveis (elevada umidade), o fungo cresce pelo exterior do corpo da praga, formando estruturas brancas (micélio) que originam grandes quantidades de conídios na superfície do inseto morto (fenômeno chamado de “esporulação“). Assim, os conídios produzidos podem ser disseminados entre outros insetos e iniciar novos ciclos de infecção.

Folha de feijão com ninfas e adultos de mosca-branca infectados com o fungo Isaria fumosorosea - Crédito Celeste D'Alessandro
Folha de feijão com ninfas e adultos de mosca-branca infectados com o fungo Isaria fumosorosea – Crédito Celeste D’Alessandro

Em campo e em laboratório

No campo é possível observar a infecção natural de mosca-branca com o fungo I. fumosorosea, onde as ninfas e adultos ficam aderidos à folha e apresentam estruturas brancas que cobrem o corpo do inseto com aspecto similar ao algodão.

Estudos em laboratório com a mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B demonstraram que a aplicação de conídios de I. fumosorosea causa a morte de 60 a 80% dos adultos, e mais de 70% das ninfas.

Manejo eficiente contra a praga

A eficiência de controle desde fungo em condições de campo depende principalmente da tecnologia de aplicação utilizada e do momento de aplicação. O aspecto mais importante é conhecer o estado de desenvolvimento da mosca-branca nas plantas e o nível da população na cultura para tomar a decisão de quando é necessário fazer a aplicação do fungo.

Para isso é necessário que os produtores inspecionem as lavouras semanalmente para o monitoramento da mosca-branca, lembrando que no estrato superior das plantas se encontram os adultos, e nos estratos do meio e inferior se encontram as ninfas.

Para melhorar o controle da mosca-branca é necessário começar com o monitoramento desde os primeiros estádios fenológicos da planta, e assim que for detectada a presença da mosca-branca na lavoura iniciar rapidamente as aplicações áreas do fungo I. fumosorosea.

As pulverizações do fungo não podem ser utilizadas de forma preventiva na lavoura porque o modo de ação do fungo é por contato direto no corpo da mosca-branca, e não terá efeito se o inseto permanecer nas folhas por longos períodos.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2015  da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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