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Impactos do IPCA no cenário econômico e a turbulência no mercado cripto: o que esperar?

Antônio Carlos de Oliveira/Reprodução

Texto de Antônio Carlos Oliveira

Conjuntura Atual Contexto Econômico e Inflacionário no Brasil

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, divulgado pelo IBGE, apresentou uma alta de 0,38%, superando as expectativas de 0,35%. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 4,50%, exatamente no teto da meta estipulada para 2024. Este resultado, embora já esperado, reflete uma preocupação crescente no mercado quanto à possibilidade de que o “melhor momento” da inflação já tenha passado.

O aumento no IPCA foi impulsionado principalmente pelos setores de Transportes e Habitação, com destaque para as passagens aéreas, que subiram 19,39%, e a energia elétrica residencial, com alta de 1,93%. O setor de serviços, crucial para a economia devido à sua influência nos salários, também apresentou aceleração, evidenciando uma pressão inflacionária persistente.

Esse cenário coloca em dúvida a trajetória futura da taxa Selic. Embora a maioria das expectativas seja de manutenção dos 10,50% ao ano até dezembro de 2024, a recente alta no IPCA e as oscilações no câmbio podem pressionar o Banco Central a reconsiderar essa estratégia. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou que, se a inflação se descontrolar, um novo ciclo de alta nos juros pode ser necessário.

Mercado Cripto: Queda e Oportunidades

A semana iniciada em 05/08 foi marcada por uma significativa volatilidade no mercado de criptomoedas. O Bitcoin e o Ethereum registraram quedas consecutivas, influenciadas por um cenário macroeconômico global desfavorável, com a persistente ameaça de uma recessão global, alimentada por indicadores econômicos fracos dos EUA e o aumento das taxas de juros no Japão. Além disso, tensões geopolíticas no Oriente Médio aumentaram a aversão ao risco, resultando em liquidações massivas no mercado de futuros.

Os dados on-chain, no entanto, ainda mostram força, especialmente para o Ethereum, cujo preço pode se recuperar dependendo de avanços na escalabilidade e adoção da rede. A Solana, por outro lado, apresentou um desempenho relativamente melhor, com um aumento significativo no volume de transações, impulsionado pela popularidade de memecoins em sua blockchain. A recuperação de Solana, aliada ao recente anúncio de parceria com a startup Genezys, sinaliza um potencial de crescimento, apesar da turbulência geral do mercado.

Outro destaque foi a suspensão temporária das atividades da Ronin devido a uma transação suspeita, que, embora tenha causado preocupações, foi rapidamente resolvida, permitindo a retomada das operações.

Perspectivas Globais e Impactos no Brasil

Internacionalmente, a decisão do Banco do Japão de manter as taxas de juros inalteradas em meio à instabilidade trouxe algum alívio aos mercados. Nos Estados Unidos, a expectativa pela divulgação dos dados de inflação e outros indicadores econômicos chave da próxima semana, como o PIB da Zona do Euro e a produção industrial da China, deve manter os mercados globais em alta tensão.

Para o Brasil, a volatilidade internacional e o comportamento do dólar, que caiu 1,2% na semana, devem continuar influenciando o cenário econômico, aumentando a incerteza quanto à política monetária futura. A recente recuperação do Ibovespa, impulsionada pelo setor financeiro e pela possível alta da Selic, contrasta com o desempenho negativo da Petrobras, que registrou seu primeiro prejuízo desde 2020.

Conclusão e Recomendações

Diante desse cenário, é essencial que os investidores mantenham a calma e evitem tentar prever o futuro do mercado, especialmente no setor de criptomoedas. A estratégia de compras adicionais com uma abordagem de DCA (Dollar Cost Averaging) pode ser vantajosa, desde que o risco seja cuidadosamente avaliado. A volatilidade e as incertezas continuarão a desafiar os mercados, tornando fundamental a análise criteriosa dos dados e tendências.

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